domingo, 30 de junho de 2013

Despoluição feita em Sydney virou marco dos Jogos Olímpicos



Claudia Sarmento, correspondente/Tóquio
Área usada em evento estava destruída por acúmulo de lixo tóxico

RIO - As Olimpíadas de Sydney, em 2000, são consideradas um marco na história dos Jogos Olímpicos. A cidade australiana prometeu um evento ecológico e cumpriu a promessa. Desde então, o Comitê Olímpico Internacional (COI) passou a considerar a preocupação com o meio ambiente como um dos fatores determinantes para a realização de uma Olimpíada. A despoluição da Baía de Homebush, onde foi erguido o parque que reuniu milhares de atletas do mundo inteiro, foi uma das principais chaves do sucesso de Sydney. A princípio, descontaminar a região conhecida como o maior esgoto da Austrália parecia uma missão impossível, mas os australianos provaram o contrário. No início da década de 90, o lugar escolhido para abrigar o parque olímpico, a 16km do centro financeiro da cidade, estava totalmente destruído por décadas de acúmulo de lixo tóxico. Era um solo maldito, onde indústrias — entre elas a Union Carbide, gigante dos produtos químicos — despejaram durante os anos 60 e 70 uma grande quantidade de materiais pesados.

A prioridade foi recuperar as terras ao sul e a oeste da baía para a realização dos Jogos. O governo do estado de New South Wales investiu US$ 137 milhões na limpeza. O projeto continuou após as Olimpíadas, com ajuda da iniciativa privada, revertendo, pelo menos em parte, o destino trágico da região. Treze anos após os Jogos, a preservação de Homebush é frequentemente apontada por Sydney como seu principal legado olímpico.

— Uma terra que antes estava degradada e inutilizada se transformou em espaço público e habitat de novos ecossistemas. O vazamento de chorume foi interrompido e parou de contaminar águas e ecossistemas — diz Kerry Darkovich, gerente de Meio Ambiente do parque olímpico.

Acompanhado de perto por ambientalistas, o processo de descontaminação envolveu números gigantes: nove milhões de metros cúbicos de solo contaminado removidos e recuperados e 400 toneladas de resíduos químicos altamente nocivos tratadas. A degradação, que atingia pelo menos 160 hectares de área do parque, também era resultado de desmatamento, construção de canais e poluição da água.

Os resíduos foram retirados do solo e aterrados. Essas áreas passaram, então, por um reflorestamento e se transformaram em parques naturais. Foram instalados sistemas de drenagem para enviar os poluentes a estações de tratamento, impedindo novos vazamentos. Dez novos aterros foram construídos, cobrindo cerca de 105 hectares. Depois da remediação, eles foram analisados e considerados propícios para a construção de parques e outros espaços de lazer a céu aberto.

— Hoje, esses aterros são usados de diversas maneiras. Viraram habitat de espécies ameaçadas de extinção, área de recreação, parquinhos ou estacionamentos pavimentados — diz Darkovich.

Os resíduos químicos, ainda mais perigosos, exigiram tratamento especial em unidades de dessorção térmica, tecnologia que reduz a concentração de poluentes como hidrocarbonetos. Já a costa leste da Baía de Homebush começou a ser recuperada bem depois dos Jogos Olímpicos, a partir de 2008, para a remoção de dioxina — uma substância cancerígena, herança da fábrica de pesticidas da Union Carbide.

Espécies de aves, peixes e anfíbios voltaram, e a qualidade da água melhorou. Mas, apesar da limpeza, décadas de abuso industrial deixam marcas resistentes. A pesca na baía continua proibida, devido aos altos níveis de dioxina.


Fonte: O Globo

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