Após décadas de espera e milhões de dólares investidos, os resultados dos programas de despoluição da Baía de Guanabara têm se mostrado aquém do esperado. Tal fato leva ao questionamento sobre as onerosas e intermináveis obras de saneamento e a eficácia das políticas tradicionais de controle ambiental praticadas pelo poder público.
A Lei 6938, de 1981, que instituiu a Política Nacional do Meio Ambiente e é a base atual da legislação ambiental brasileira, estabeleceu que entre os princípios (Art.2) e objetivos (ART 3) desta política estão a aplicação de conceitos de comando e controle, assim como de estímulos à boa prática ambiental.
Ocorre que o Brasil, talvez por nossa tradição em políticas públicas, desenvolveu-se muito mais os mecanismos na vertente do comando e controle (fiscalização, aplicação de multas, enquadramento na Lei de Crimes Ambientais) do que a promoção de boas práticas. Ou seja, fortaleceu-se o "tacape" (ações repressivas e coercitivas), deixando-se para trás a "cenoura" (estímulo e prêmio às boas práticas).
Quais as outras formas de se praticar políticas ambientais? O que há de novo no mundo? Vários instrumentos econômicos de estímulos à boa prática tem sido adotados em outros países, como os sistemas de pagamento por serviços ambientais, etc.
Há uma crescente reflexão sobre a aplicação desses mecanismos no Brasil e a adoção de uma base legal para a sua prática.
Nesse sentido, acaba de ser publicado o estudo "SISTEMAS DE COTAS NEGOCIÁVEIS E O CONTROLE DE EFLUENTES INDUSTRIAIS NA BAÍA DE GUANABARA - ESTUDO DE VIABILIDADE", que apresenta soluções inovadoras para políticas de controle da poluição da Baía de Guanabara, baseados em instrumentos econômicos que fazem dos investimentos em despoluição um ativo e não ônus.
O estudo foi coordenado por:
BVRio - Bolsa Verde do Rio de Janeiro e
FUNBIO - Fundo Brasileiro para a Biodiversidade
Em parceria com:
Haas School of Business, da Universidade da California Berkeley
Ecometrika - Estudos Econômicos em Sustentabilidade
GRAEL AMBIENTAL Assessoria e Consultoria Ltda., empresa fundada por Axel Grael
Saiba mais em: http://www.bvrio.org/site/
-------------------------------------------------
Do site do FUNBIO
Publicado estudo sobre viabilidade de cotas de efluentes industriais na Baía de Guanabara
Dado o interesse do Governo do Estado do Rio de Janeiro em adotar mecanismos de mercado capazes de contribuir para a despoluição da Baía de Guanabara, a bolsa de valores ambientais BVRio e Funbio lançam um estudo sobre a viabilidade de um mercado de cotas negociáveis de lançamentos de efluentes líquidos na Baía, que poderia ser uma nova abordagem para um antigo problema.O estudo inclui uma análise das condições necessárias para a adoção de um sistema de cotas negociáveis na Baía de Guanabara e seus rios contribuintes. Foram considerados aspectos relacionados ao sistema físico, biológico, jurídico, econômico e institucional da região hidrográfica da Baía da Guanabara e ainda questões como a disponibilidade de dados, custos de tratamento de efluentes e fungibilidade das cotas. O estudo contou com dados fornecidos pelo Instituto Estadual do Ambiente (INEA) e dados indiretos de outros estudos, além de entrevistas com atores dos governos estadual e municipal, sociedade civil e setor privado.
Atualmente, as autoridades públicas estão priorizando medidas de redução de descargas orgânicas de esgoto urbano e lixo. A implementação destas medidas é um pré-requisito essencial para a adoção de um mecanismo de cotas. O estudo também recomenda a adoção imediata de um processo sistemático de coleta de dados e monitoramento de descargas de efluentes baseado em carga total ao invés de concentração de poluentes, como é feito hoje), além de estudos que indiquem a capacidade de carga dos corpos hídricos.
A adoção de um sistema de cotas negociáveis para a redução de efluentes industriais dependerá, em última instância, de um processo de médio em longo prazo a ser conduzido sob a liderança das agências ambientais locais e com o envolvimento da indústria. E conclui que as mesmas medidas devem ser consideradas para evitar que esta trajetória de impactos socioambientais negativos se manifeste em outras bacias hidrográficas tais como a Baía de Sepetiba, no município do Rio de Janeiro.
Além da BVRio, o estudo foi desenvolvido em parceria com a Grael Ambiental, Ecometrika Consultoria Empresarial e a Universidade da Califórnia Berkeley (Haas MBA) e financiado pela Swiss Development Corporation através de um projeto coordenado pela Forest Trends EcoSystems Market Place), da RED-LAC e da E2 SocioAmbiental.
Clique aqui para ler o estudo, ou acesse o site da BVRio: www.bvrio.org
Fonte: FUNBIO
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Contribua. Deixe aqui a sua crítica, comentário ou complementação ao conteúdo da mensagem postada no Blog do Axel Grael. Obrigado.