terça-feira, 15 de julho de 2014

Texto de Lars Grael analisa o resultado da Copa do Brasil: "JUSTA E MERECIDA VITÓRIA".




JUSTA E MERECIDA VITÓRIA

Não me cabe tripudiar sobre a derrota brasileira. Sei que é fácil criticar após a derrota, mas lições precisam ser aprendidas pelo futebol brasileiro. 4º lugar é um bom resultado, mas ruim foi a forma que tudo aconteceu...

Sim, o Brasil ainda é o único Penta Campeão, mas não podemos viver apenas do passado.

A Alemanha esbanjou planejamento, preparação, espírito coletivo e disciplina.

Impressionou-me ainda a estratégia de marketing dos germânicos.

Ficaram hospedados na Bahia, estado aonde os espanhóis ficaram em 2013 e culparam a derrota na final na Copa das Confederações. Acharam a Bahia quente e cansativa.

Alemães vestiram o rubro negro que são 2 das 3 cores da bandeira do seu país. Mais que sugerir semelhança com o uniforme do Bayern de Munique, time base da seleção agora Tetra campeã, o gesto ganhou a simpatia de rubro negros Cariocas (Flamengo); Pernambucanos (Sport Recife); Baianos (Vitória) e Curitibanos (Atlético Paranaense). Quando jogaram em Porto Alegre, declararam que estariam jogando em casa, em alusão a colonização germânica do Sul do país.

Ainda na Bahia, ganharam os nativos, índios Pataxós, financiaram ações sociais e deixaram um campo de futebol novíssimo de legado para municipalidade de Santa Cruz de Cabrália. Tudo isto, sem estrelismo, sem oba-oba, sem penteados, adornos e tatuagens.

Cabe lembrar ainda que na fase que antecedeu a estreia na Copa, a seleção alemã contratou uma palestra motivacional de um famoso velejador Sul-Africano. Após a palestra, saíram todos os jogadores para velejar o grande veleiro alugado para esta tarefa. Experiência de motivação, espírito de equipe (Team Building) e liderança. Sabe o que a imprensa brasileira leiga de Vela noticiou? "A seleção alemã tirou o dia de folga e saiu para passear de Escuna na Bahia". Pobre ignorância de quem faz jornalismo esportivo, e só sabe mesmo de futebol...

Ao Brasil, coube a soberba, a cobrança e pressão por jogar em casa. Pouco tempo com a equipe junta na fase reunida na Granja Comary. Quem sou eu para opinar sobre convocação ou escalação, mas, provocou-me surpresa o pouco tempo dedicado ao treinamento e aos coletivos. Treinar sem Bernard para "confundir os alemães", foi o máximo.

Matérias que mostravam a atenção gasta pelos jogadores com a estética pessoal ,lamentável. Penteados, tatuagens, adornos pessoais e muito oba oba, mas, pouco futebol...

Após a flagrante derrota de 7 X 1 frente aos alemães na 3ª Feira, os brasileiros só voltaram a treinar com Bola na 6ª feira de tarde. Os holandeses eliminados sem serem derrotados na 4ª feira, já estavam dedicados aos treinos, no dia seguinte. Taí um dos fatores que permitiu que a Holanda terminasse a Copa no Pódio e o Brasil não.

A preparação psicológica pode ter pecado ao aguçar a sensibilidade dos atletas. Homem chorar não é feio, é claro, mas, entrar numa competição chorando demonstra uma fragilidade perante o adversário. Imaginem um Djokovic entrar na final em Wimbledon e emocionar-se em choro antes de enfrentar um Roger Federer? Usain Bolt chorar antes da partida dos 100 Metros Rasos? Robert Scheidt antes da largada final das Olimpíadas? Cesar Cielo chora após competir, antes está 100% focado na prova. Prefiro a concentração dos alemães ou a expressão de "sangue nos olhos" da competente seleção argentina que vendeu caro a derrota na final.

Tudo na vida é uma questão de parâmetros, o prognóstico da Copa no Brasil indicava o caos. Não tivemos o caos, longe disto, mas celebrar a vitória da organização, vai longe da análise racional do evento. O que a FIFA diz não é parâmetro. O que o Governo vocifera, propaganda eleitoral.

Estádios ficaram prontos. Aeroportos atenderam a demanda. Transporte das delegações fluiu de forma adequada. Ponto mais importante, a segurança foi competente e o Brasil contrariou quem praguejou uma Copa de assaltos e latrocínios.

Não podemos perder de vista, as obras superfaturadas, os estádios que custaram mais que em qualquer outra Copa. Dos 12 aeroportos que prometeram entregar prontos e modernizados, o único a concluir foi o de Brasília. Acabamento sofrível e na primeira chuva, alagamento dramático. Obras de mobilidade urbana? A maior parte ficou no papel...

Na Arena das Dunas em Natal, dizem "uma beleza". Nos arredores do estádio, o caos na primeira chuva torrencial. Hoje os potiguares voltaram as aulas e escolas públicas não abriram por falta de merenda? Falta de reforma? Que país é este?

Que o Futebol é ,e, continuará sendo a paixão nacional, isto ninguém pode questionar. Por outro lado, chega de monocultura esportiva.

Vamos valorizar o Futebol Feminino!!! Vamos enaltecer o Artur Zanetti da Ginástica e tantos outros heróis olímpicos e paraolímpicos que temos que reverenciar.

Falar em Olimpíada e já programar a Medalha de Ouro inédita do Futebol? francamente... Que tal dar atenção a Medalha de Ouro inédita do Handebol, da Esgrima e do Remo?

Faltam 2 anos para as Olimpíadas. Poucas obras adiantadas. Muitas sequer saíram do papel.

O que será feito na Marina Olímpica da Vela? Algum compromisso com a despoluição da Baía de Guanabara? Metas? Diziam que iam despoluir 80% a Baía de Guanabara. Fantasia que já foi desfeita e agora substituída por paliativos como UTR`s; Ecobarreiras e barcos catadores de lixo. O que falta é compromisso e metas com o saneamento.

Não podemos viver da ilusão e da propaganda oficial.

Hora de trabalhar. Hora de atuar na base do Esporte.

Que tal fazer a maior e mais ampla Olimpíada Escolar da história ainda em 2015?

Quanto ao Futebol... Momento de reflexão, humildade e preparar as mudanças na filosofia de trabalho. Reter jogadores no Brasil (do jovem de 15 anos até os craques de seleção). Investir na base. Investir no Futebol feminino. Investir na gestão desde os clubes até a CBF. Quem eu gostaria de ver no comando da seleção? ZICO.

Bons Ventos,

Lars Grael

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Fonte: Site do Lars Grael



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