Torben Grael em entrevista coletiva em Ilhabela (SP). Divulgação. |
Não há pessoa com mais autoridade para falar sobre vela no Brasil do que Torben Grael. Maior medalhista olímpico do país, com cinco láureas, o atleta tornou a falar nesta quarta-feira da má situação na qual a modalidade se encontra.
Com a falta de novos talentos emergentes, o multicampeão vê apenas Robert Scheidt e Bruno Prada, da classe Star, como prováveis medalhistas em Londres-2012. Para o Rio-2016, o cenário pode ser ainda pior, já que a Star não constará no programa olímpico carioca.
- Para o futuro, acho que não há uma melhora. Sediaremos os Jogos no Brasil, mas não vejo uma melhora significativa. Nem no esporte em geral nem na vela - afirmou Torben em entrevista coletiva em Ilhabela (SP), onde participa do Rolex Ilhabela Sailing Week.
Um fator é decisivo para a situação, de acordo com Torben. Desde o começo de 2007, a entidade gestora da vela brasileira está sob intervenção do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) por conta de problemas financeiros.
Com a interferência do COB, nenhuma decisão pode ser tomada pela Confederação de Vela e Motor (CBVM) sem passar pelo crivo do órgão máximo do esporte olímpico no país.
- Essa é uma questão que precisa ser resolvida. O que não pode é a confederação continuar no estado que está, sob intervenção há anos. Existe uma dívida impagável e a confederação não pode celebrar contratos. Não há vontade política para que isso seja resolvido - disse Torben.
O imbróglio na confederação reflete diretamente na formação de novos talentos para a vela nacional. Presidente da CBVM na década de 1980 e porta-bandeira do Brasil nos Jogos de Los Angeles-1984, Eduardo Souza Ramos corrobora a tese de Torben:
- A vela é um esporte que não tem uma confederação operando há não sei quantos anos e até hoje não se organizou. Por isso, a vela anda na vontade de alguns atletas, no esforço de alguns clubes.
O repórter viaja a convite da organização da Rolex Ilhabela Sailing Week
Fonte: O Povo
Em um país com imenso litoral e enorme quantidade de rios, lagoas e principalmente represas, o esporte náutico ainda é visto e tratado como esporte de elite, inacessível à grande maioria da população. Essa situação somente será modificada com a inclusão náutica no Brasil. Há necessidade de criação de marinas públicas, rampas de acesso às águas e principalmente acesso às margens. Há também que se desonerar a produção de embarcações e materiais náuticos. Ou seja, basta vontade política...
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