Objetivo é integrar rotas cicláveis já existentes e transformar veículo em opção de transporte diário
Márcio Menasce
Cláudio Santos, presidente da federação de ciclismo do Rio, e Argus Caruso, coordenador do programa Niterói de Bicicleta encaram o trânsito na Praia de Icaraí - Márcio Alves / Agência O Globo |
NITERÓI - Elas são conhecidas como magrelas. São leves, ágeis e podem até ser rápidas. Mas até agora, nenhuma bicicleta é capaz de voar. Por isso, precisam de lugares adequados para circular. Esta é a principal reivindicação de quem tenta usá-las como meio de transporte, e do agente público que pretende transformar o seu uso, de recreativo, para substitutivo aos carros, ou complementar ao transporte coletivo. Segundo o vice-prefeito Axel Grael, foi para ajudar a vencer a briga que a prefeitura assinou este mês a contratação da TC Urbes, empresa paulista que venceu licitação, de R$ 120 mil, para elaborar um plano cicloviário para a cidade.
— Temos uma malha cicloviária per capita comparável com a do Rio, mas o plano é ambicioso, com ligações intermodais e ações educativas. A ideia é integrar as bicicletas aos projetos urbanísticos já existentes, como a Operação Urbana Consorciada (OUC) e o plano da Região Oceânica Sustentável — afirma Grael.
Atualmente, Niterói tem 30 quilômetros de ciclovias e ciclofaixas (vias com pintura diferenciada, porém sem segregadores físicos). Segundo Argus Caruso, coordenador do programa Niterói de Bicicleta, mais dez quilômetros estão em implantação. O objetivo é, com a OUC, a construção do Túnel Charitas-Cafubá e o plano para a Região Oceânica, fazer a malha saltar para 113km. Amsterdam, referência mundial no uso diário de bicicletas, tem cerca de 400 quilômetros de vias cicláveis. Segundo Axel Grael, áreas como a Zona Norte, que atualmente não tem ciclovia, e Piratininga também serão contempladas.
Para ver, sobre duas rodas, os desafios que os ciclistas enfrentam, a equipe do GLOBO-Niterói percorreu, de bicicleta, parte da rede cicloviária da cidade, acompanhada de Caruso e do presidente da Federação de Ciclismo do Rio, Cláudio Santos. O percurso começou na Barão de Amazonas, no Centro, e seguiu até São Francisco, chegando ao bairro pela Estrada Fróes e retornando pelo túnel.
Logo na saída ficou evidente o que Caruso aponta como o maior desafio da TC Urbes: integrar as vias cicláveis da cidade. Recém-reformada, com instalação de segregadores de pista, a ciclovia da Avenida Amaral Peixoto oferece tranquilidade ao ciclista. No seu fim, no entanto, é preciso encarar os veículos motorizados e se espremer no canto da Visconde do Rio Branco, que tem trecho especial para bicicletas apenas sobre a Praça Juscelino Kubitschek. A ciclofaixa volta a aparecer na chegada ao Gragoatá e segue até o início da Praia de Icaraí, onde novamente é preciso se aventurar entre veículos até a Estrada Fróes. Na volta, pela Avenida Roberto Silveira, o desafio é desviar dos ônibus e dos usuários do transporte, já que os pontos de parada estão sobre a ciclofaixa. No caminho, Caruso explica que a área para bicicletas será marcada do outro lado da via, para evitar o conflito com os ônibus. O ponto mais crítico do trajeto é a Avenida Marquês de Paraná, que não conta com via especial.
— É a parte mais complicada. Ainda não fizemos nada porque o movimento de carros é grande e seria complicado tirar espaço dos motoristas, mas algo precisa ser feito — afirma Caruso.
CICLISTAS PEDEM MAIS EDUCAÇÃO E RESPEITO ÀS REGRAS DE TRÂNSITO
Quem já trocou o carro ou o transporte público pela bicicleta em Niterói garante que não se arrepende, mas afirma que ainda há muito o que melhorar. A consultora Ana Luiza Carboni, fundadora do Grupo Mobilidade Niterói, que organiza eventos de conscientização e incentivo ao uso da bicicleta na cidade, acredita que, mais do que ciclovias e ciclofaixas, Niterói precisa é de educação no trânsito.
— Morei em Londres durante 14 anos. Lá não há tantas vias para bicicletas, mas há muito respeito com o ciclista. Quem está sobre duas rodas também deve respeitar as regras. É importante que o ciclista pare nos sinais de trânsito e, principalmente, nunca trafegue na contramão nem sobre as calçadas. Também é preciso educar os pedestres para não caminharem nas ciclovias, e os motoristas, para que respeitem a distância de 1,5 metros do ciclista, estabelecida no Código de Trânsito — afirma ela.
Os casos de falta de educação são comuns, principalmente na Região Oceânica. No local, O GLOBO-Niterói flagrou diversos carros estacionados sobre as vias para bicicletas. Mas a falta de respeito não é exclusiva dos motoristas. Na Avenida Conselheiro Paulo de Melo Kale, a própria prefeitura pintou parte da ciclofaixa exatamente onde há uma árvore no caminho.
Em outra região da cidade, a Zona Norte, o problema é a ausência de vias para ciclistas. Para o analista de TI e morador do Barreto, Anderson dos Santos, a Zona Norte até agora foi esquecida no plano cicloviário da cidade.
— As ciclovias de Niterói foram feitas apenas para quem mora na Zona Sul. Quem sai do Barreto, por exemplo, vai até a Rua São João, no Centro, sem passar por nenhuma ciclovia. Sequer há ciclofaixas na Zona Norte inteira. Também não vejo incentivo para integração da bicicleta com o transporte público. Ciclista que pega metrô ou barca poderia ganhar desconto — afirma.
Para o coordenador do Niterói de Bicicleta, Argus Caruso, além da implantação de vias cicláveis em todas as áreas da cidade, e da instalação de bicicletários, a mudança de cultura também precisa ser trabalhada.
— Estamos criando as vias para bicicletas e já compramos 350 bicicletários duplos, além de 260 que a prefeitura incluiu no contrato de mobiliário urbano recém-assinado. Mas a mudança de cultura é algo que se conquista aos poucos. Para isso, acredito muito na participação da sociedade civil. Temos dado apoio a diversos passeios ciclísticos organizados na cidade. Só assim, vendo cada vez mais bicicletas nas ruas, o motorista vai respeitar mais — acredita.
Fonte: O Globo
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