domingo, 18 de agosto de 2013

NITERÓI NA RIO 2016: chegam primeiras delegações estrangeiras para treinar em Niterói


Sam Meech preparando seu barco no Rio Yacht Club para mais um dia de treinos na Baía. Foto: Daniel Alves

Sotaque na enseada

Visando climatização para as Olimpíadas do Rio em 2016, velejadores estrangeiros “invadem” os clubes náuticos de Niterói

Daniel Alves

As Olimpíadas do Rio acontecem em 2016, contudo atletas de ponta da vela internacional já desfilam suas habilidade pela Baía de Guanabara, local da disputa nos Jogos. Se por um lado os brasileiros em campanha olímpica como Isabel Swan, Renata Decnop, Martine Grael e outros, conhecem bem os “atalhos” da Baía, os estrangeiros pretendem realizar ao menos dois períodos de treinos por ano para captar o máximo de informações.  Com essa realidade, a cidade de Niterói, conhecida internacionalmente pelas conquistas de seus “filhos” no esporte, que possui seis clubes náuticos (Clube Naval Charitas, Jurujuba Iate Clube, Praia Clube São Francisco, Iate Clube Icaraí, Rio Yacht Club - conhecido como Sailing e o Iate Clube Brasileiro), receberá a nata do esporte durante os próximos anos.

Mais do que conhecer a raia olímpica, as delegações estão em constante contato com os clubes da cidade, afim de firmar contrato até 2016. A delegação austríaca que esteve em Niterói no mês de julho, já acertou vínculo com o Praia Clube São Francisco, onde guarda todo o material em um contêiner, locado na instituição. Já o Rio Yacht Club (Sailing), recebeu iatistas da Nova Zelândia e Irlanda durante o mês de agosto. Alemães e ingleses também estiveram pela cidade e Niterói ainda pode receber velejadores americanos no segundo semestre de 2013.

Uma das primeira delegações a chegarem na cidade, a Áustria com cerca de 20 participantes, pretende treinar na cidade em torno de três vezes ao ano, como explica o chefe da delegação, Georg Fundak.

“O plano são três vezes no ano, com um total de quarenta a cinqüenta dias por ano. Vamos ficar aqui até o final de julho em 2016 e depois vamos para a Marina da Glória”, comentou o dirigente que não deixou de explicar o motivo pela escolha de Niterói. “Primeiro que Niterói é muito bonita e é muito perto da raia de competição e aqui no clube todos são muito amáveis e nos ajudam muito”, comentou o dirigente que se hospedou junto com toda a delegação no Solar do Amanhecer.

Sobre a evolução dos treinos em águas brasileiras, Fundak cravou que não há lugar melhor para se preparar do que na própria raia olímpica e disse que a Áustria precisa trabalhar a questão da correnteza e ventos fracos.

“Vemos de um país com muitos lagos com condições completamente diferentes, aqui temos de novo a correnteza e os ventos fracos são coisas que temos que treinar, acho que só podemos fazer uma boa preparação para o Brasil, no Brasil e no lugar certo”, finalizou Georg.

Não muito longe dali, no Rio Yacht Club Sailing, localizado na Estrada Fróes, onde também treinam Isabel Swan e Renata Decnop pela classe 470; Martine Grael e Kahena Kunze pela classe 49erFX, as delegações da Irlanda e Nova Zelândia, se preparavam para também iniciar mais um dia de treinamento da classe laser. Os neozeolandezes Andy Maloney (23) e Sam Meech (22) e a irlandesa Annalise Murphy de 23 anos encontraram no Rio Yacht Club, o lugar ideal para sua preparação no Brasil.

“Gosto do Rio Yacht, pois ele se assemelha ao meu clube de origem e as pessoas são muito amigáveis! Acredito que a federação vai fazer um contrato para treinar aqui, pois outros países vão estar fazendo a mesma coisa”, comentou a iatista que ficou na quarta colocação na classe laser nos Jogos de Londres.

Essa presença de várias nacionalidades pelos clubes da cidade, é algo que o Secretário Municipal de Esportes, Marcelo Ferreira, que ajudou nesta transição classifica como algo fantástico.

“Na realidade já esperávamos uma procura grande para nossa cidade, uma vez que Niterói é um celeiro da vela nacional e é claro que nossas competições mundo afora durante décadas com muitos conhecidos e amigos ajudou nessa procura, o que considero fantástico não só como visibilidade para Niterói, mas muito importante no fomento da economia, turismo e outras áreas”, comentou Marcelo Ferreira.

Com essa grande procura, espaço disponível para acomodar todas as delegações, surge como um dos problemas que precisa ser solucionado. Sobre essa questão, Marcelo Ferreira, afirma estar em constante estudo e aguarda uma posição da Marina da Glória para saber o espaço necessário para cada delegação.

“O fato é que os pátios dos clubes ficaram pequeno para atender seus sócios, estamos estudando algumas possibilidades para atender bem os estrangeiros mas estou aguardando a decisão em relação a Marina da Glória para podermos dimensionar a área necessária para as delegações”, comentou o Secretário de Esportes, que quando questionado sobre o espaço ao lado do Clube Naval, que poderia ser utilizado para guardar os contêineres das delegações, Ferreira concordou, mas, lembrou que Niterói, pela importância que tem no esporte merece uma Marina a altura.

“Acho que seria um bom espaço Charitas mas volto a repetir que devo aguardar a decisão da Marina da Glória, temos a Marina 1 em frente ao canal em São Francisco que tem uma área maravilhosa e atende bem como medida, a realidade é que a cidade que mais títulos e medalhas olímpicas conquistou merece uma  Marina a altura dos seus feitos”, comentou o campeão olímpico.

Apesar dessa realidade, alguns atletas como a irlandesa Annalise Murphy, optaram por outra alternativa, muito comum no mundo da vela.

“Para mim não há problema pois o meu barco é um laser que é um barco pequeno e eu posso alugar no período que estiver realizando os treinos aqui, não precisando ocupar mais o espaço do clube com o meu barco”, comentou a atleta.

Brasileiros – Se em 2016, eles serão rivais nas águas da Baía, nos anos que antecedem tal disputa o clima entre os locais e estrangeiros não poderia ser melhor. Para Isabel Swan, medalha de bronze em Pequim 2008 e que busca vaga para os Jogos do Rio na classe 470, avalia como positivo essa troca de experiências com atletas do Velho Continente.

“Houve treinamento, basicamente regatas curtas. Avalio que como importante para os dois lados, pois ajuda a elevar o nível do treinamento e rendimento”, comentou Swan.

Já Martine Grael, que busca uma vaga na classe 49erFX, lembra que essa movimentação ajuda na disseminação do esporte.

“A vinda de atletas estrangeiros para Niterói é ótima para a cidade. Reparo pelo nosso clube como vira um burburinho com os atletas, vem gente querendo ver, e a garotada se anima para velejar também e é muito bom dividir a raia da Baía de Guanabara com esses craques”, comentou.

Baía de Guanabara

Se de longe a Baía de Guanabara é um verdadeiro cartão postal, ao chegar perto do espelho d’água, vemos que a realidade está longe da beleza e plasticidade que se imagina em um Olimpíada. Com muitas promessas, poucas ações e uma pitada de esperança, a raia de 2016 pode ser a mais suja da história. Para o chefe da delegação Austríaca de Vela, Georg Fundak de 58 anos, que já participou de nove Olimpíadas e revelou nunca ter visto um lugar tão belo com uma água tão ruim.

“Somos hospedes aqui e não temos direito de criticar, mas a qualidade da água é muito ruim, é uma pena pois é uma região tão bonita, mas para o esporte é muito difícil com todas essas coisas na água, nunca tivemos uma raia com a qualidade tão ruim. Participei de nove olimpíadas e nunca vi um lugar tão bonito com uma água tão suja e na verdade chega a ser perigoso para os esportistas”, ressaltou.
Marcelo Ferreira enquanto um defensor da modalidade, comenta que a qualidade da água está longe do ideal, mas acredita em uma melhora até 2016.

“Existem varias ações no sentido de despoluir, mas o tempo é muito curto para essa tal despoluição. Espero que as condições melhorem até os Jogos”, comentou.

Fonte: O Fluminense

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