Leucobruym martianum: uma das espécies de briófitas do projeto de catalogação da flora fluminense do IPJBRJ. Foto Maria Alice de Resende / IPJBRJ |
Elena Mandarim
"Estima-se que o Rio de Janeiro abrigue mais de 8.000 mil espécies de plantas, muitas delas endêmicas, ou seja, que se desenvolvem restritamente no estado. Nesse sentido, conhecer a biodiversidade da flora fluminense é necessário para traçar a biodiversidade da cobertura vegetal tanto do país quanto do mundo." A afirmativa de José Fernando Baumgratz resume o objetivo do levantamento, quali e quantitativo, da flora do estado fluminense, particularmente de espécies de plantas vasculares (com tecidos especializados para o transporte de água e seiva) e briófitas, como os musgos, que está sendo feito por pesquisadores do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro (IPJBRJ). Coordenado por Baumgratz, o projeto agrupará os resultados levantados em um catálogo impresso, que também será disponibilizado na página eletrônica do instituto.
O livro, que reunirá dados que registram a ocorrência das espécies nos municípios e Unidades de Conservação, os tipos de formações vegetais, o endemismo, o estado de conservação e traz ainda imagens digitalizadas, certamente se tornará uma nova e importante base para futuras pesquisas na área da botânica e do uso sustentável da diversidade. "Apesar da intensa perda da cobertura vegetal original, o Rio de Janeiro ainda é um dos três estados com maior biodiversidade do Brasil. Portanto, esse estudo se apresenta como uma relevante iniciativa para se ampliar o conhecimento sobre as formações botânicas do estado", aposta Baumgratz. O projeto, contemplado no edital da FAPERJ de Apoio à Biodiversidade do Estado do Rio de Janeiro (Biota-RJ), é um estudo interinstitucional e multidisciplinar, que conta com a participação de vários especialistas entre pesquisadores, pós-graduandos e técnicos.
Segundo Baumgratz, o projeto atende às ações globais defendidas na Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), assinada durante a Eco-92 por 175 países, entre eles o Brasil, que, entre várias propostas, destaca a necessidade de se ampliar o conhecimento sobre as espécies vegetais no mundo. Embora a cobertura original do Rio de Janeiro venha sofrendo diversas interferências e esteja atualmente reduzida a 17%, Baumgratz afirma que ainda importantes áreas remanescentes se encontram protegidas em Unidades de Conservação. "Significativos trechos de floresta com diferentes características, principalmente em áreas de escarpas, de altitudes elevadas e de planícies quaternárias, abrigam, todas elas, uma relevante diversidade", relata o pesquisador, ressaltando que os manguezais e as restingas também estão bem representados no estado.
Orientar monografias e dissertações de mestrado e doutorado nessa área, elaborar um histórico dos estudos botânicos já realizados sobre a flora do Rio de Janeiro e fazer um diagnóstico atual e uma previsão sobre a condição da cobertura vegetal do estado são outros objetivos do projeto. "Estamos avançando rapidamente na pesquisa, que conta com a participação dos pesquisadores Marcus Nadruz (coordenação), Ariane Peixoto, Claudine Mynssen, Denise Costa, Elsie Guimarães, Gustavo Martinelli, Lana Sylvestre, Maria de Fátima Freitas, Marli Morim, Rafaela C. Forzza, Begonha Bediaga, e Eduardo C. Dalcin", diz.
Consolidação do Instituto de Pesquisa Jardim Botânico
O Jardim Botânico do Rio de Janeiro é um importante centro de pesquisas científicas de referência para o país e o mundo. É uma história construída ao longo de mais de dois séculos de existência, desde sua inauguração, em 13 de junho de 1808. Inicialmente, tinha o nome de Jardim de Aclimatação, porque servia para aclimatar as especiarias vindas das Índias Orientais.
Criada em 23 de junho de 1890, a Biblioteca Barbosa Rodrigues também faz parte dessa história. Originou-se da coleção doada pela família imperial a João Barbosa Rodrigues, quando este era diretor da instituição, e vem ao longo dos anos acumulando um inestimável acervo científico, histórico e cultural. Atualmente, representa uma importante ferramenta para o desenvolvimento de pesquisas e para a atuação de profissionais qualificados nas atividades de docência e na formação de recursos humanos.
Em 2009, com uma proposta contemplada no edital de Apoio a Bibliotecas, da FAPERJ, foi possível enriquecer o acervo. "Com o projeto, foram adquiridos 235 títulos, para apoiar estudos em várias linhas de pesquisas, especialmente Taxonomia, Sistemática, Morfologia e Anatomia Vegetal, Ecologia, Conservação, Biologia Molecular, Filogeografia, Biogeografia, Etnobotânica e História da Ciência, bem como obras específicas sobre Pteridófitas, Briófitas e Fungos, de cunho em paisagismo e redação científica", diz Baumgratz.
Segundo o pesquisador, atualizar constantemente o acervo bibliográfico é meta prioritária e constante do IPJBRJ. "Nosso principal objetivo, tanto no projeto para elaborar o catálogo de plantas quanto no que modernizou o acervo da biblioteca, é atender a demanda de instituições e consolidar ações de pesquisa e ensino voltadas para a busca de novos conhecimentos em botânica e para conservação do meio ambiente do país, em particular do estado do Rio de Janeiro", conclui Baumgratz.
Fonte: FAPERJ
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Contribua. Deixe aqui a sua crítica, comentário ou complementação ao conteúdo da mensagem postada no Blog do Axel Grael. Obrigado.