Aldo Rebelo durante a primeira coletiva como minstro. Foto: ABr |
O Deputado Federal do PCdoB por São Paulo, Aldo Rebelo foi confirmado, nesta quinta-feira (27/10), pela Presidência da República como o novo ministro do Esporte. “Como ministro não pretendo fazer convênios com ONGs”, disse Rebelo em sua primeira entrevista coletiva no cargo.
Ele assume a vaga de Orlando Silva que deixou o Ministério do Esporte depois de o STF instaurar inquérito para apurar denúncias de desvio de dinheiro em ações da pasta. Há duas semanas, o policial militar João Dias acusou o ex-ministro de participar de um esquema de desvio de recursos públicos do programa Segundo Tempo em que o ministério firma parceria com ONGs para a realização de ativiades esportivas para crianças e adolescentes de famílias de baixa renda. A denúncia foi publicada pela revista Veja. Desde então, Orlando Silva vem negando participação no esquema, tendo prestado informações ao Congresso Nacional. Ele também pediu ao Ministério Público que o investigasse para garantir sua inocência.
De acordo com o decreto publicado nesta quinta-feira, a exoneração de Orlando Silva foi “a pedido”. O ministro anunciou seu afastamento do governo após encontro com a presidenta Dilma Rousseff, no início da noite anterior.
O ex-ocupante da pasta e atual governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, também é acusado de desviar dinheiro do programa. A ministra Cármen Lúcia determinou que o inquérito que já investiga Agnelo Queiroz no Superior Tribunal de Justiça (STJ) fosse levado ao STF para que ela avaliasse se o processo deve correr em conjunto com o de Orlando Silva. De acordo com o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, há uma “relação intensa” entre os casos. Com a saída de Orlando Silva do ministério, o inquérito passa a ser conduzido pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Nascido em Alagoas, Aldo está no quinto mandato de deputado federal. Ele foi eleito pelo PCdoB de São Paulo. Jornalista e escritor, Aldo iniciou a atuação política como líder do movimento estudantil e, assim como Orlando Silva, chegou a presidir a União Nacional dos Estudantes (UNE. Ele também é um dos fundadores da União da Juventude Socialista (UJS). Durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (2008-2010), Aldo foi presidente da Câmara dos Deputados, ministro de Relações Institucionais e líder do governo na Câmara.
Rebelo foi o presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara (CPI) que investigou a relação entre a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e a empresa de material esportivo Nike. Segundo as investigações parlamentar o contrato era mais benéfico para a Nike do que para a CBF, além de garantir a empresa direito a decisões que deveriam ser internas à CBF, como a possibilidade de escalar jogadores da seleção brasileira. Ricardo Teixeira , que na época já era presidente da CBF, defendia que o contrato com a Nike foi vantajoso para a entidade, já que ela passou a depender menos de recursos públicos.
Em 2001, Rebelo e o ex-deputado federal Silvio Torres, relator da CPI, publicaram o resultado da comissão em livro. Ricardo Teixeira conseguiu que o Supremo Tribunal Federal proibisse a distribuição do relatório final e do livro com as denúncias. Hoje as relações entre Teixeira e Rebelo são mais amistosas.
Na última eleição, segundo apuração do jornal Estado de S.Paulo, dois dos patrocinadores da CBF também contribuíram para a campanha de Aldo a reeleição na câmara: Itaú e Ambev. O ministro rebateu as denúncias. Ele disse não se lembrar de todas as doações que recebeu, mas garantiu que isso não afetará o seu trabalho no Esporte.
No primeiro semestre deste ano, Aldo Rebelo foi relator do projeto do novo Código Florestal, matéria que dividiu a base governista e chegou a ser aprovada na Câmara dos Deputados. A proposta agora é discutida no Senado.
Para o coordenador nacional de mobilização do projeto Jogos Limpos, Felipe Saboya, “por enquanto não é possível avaliar o que vai mudar em relação à organização dos grandes eventos”. Ele ainda afirma: “Podemos perceber no governo atual uma vontade de combater a corrupção. Mas precisamos dar passos além. É preciso, por exemplo, aprimorar o marco regulatório em relação ao combate à corrupção”.
Fonte: Instituto Ethos - Jogos Limpos
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