Trump exige que OTAN destine 5% de seu PIB para defesa, enquanto os governos do grupo alegam falta de recursos para transição energética.
A decisão dos 32 países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) de elevar os gastos militares ameaça desviar recursos essenciais para o combate às mudanças climáticas na Europa. Analistas alertam que o aumento proposto – incluindo 3,5% do PIB para armamentos pesados e 1,5% para segurança cibernética – criará um déficit ainda maior no financiamento de políticas ambientais e sociais, já historicamente subfinanciadas.
Como noticiou o NY Times, o debate se intensificou às vésperas do encontro anual da OTAN nesta semana em Haia (Holanda), onde a aliança de segurança estabelecerá novas metas de gastos. O presidente dos EUA, Donald Trump, exigiu que os outros 31 membros da OTAN destinem 5% de seu PIB para defesa, acima da meta atual de 2%. Ele também deixou claro que os EUA reduzirão seus compromissos financeiros e de tropas, embora não esteja claro em que proporção.
Segundo cálculos do New Economics Foundation, apenas os membros europeus da OTAN precisariam de €613 bilhões adicionais por ano para atingir a nova meta militar. Esse valor supera em até €238 bilhões o déficit anual estimado (€375-526 bilhões) para cumprir as metas ambientais e sociais da União Europeia. O Reino Unido, por exemplo, gastaria £32 bilhões extras anualmente com defesa – recursos que poderiam financiar 88% da energia eólica necessária até 2050, destacou o Guardian.
Além do custo de oportunidade, a expansão militar trará impactos climáticos diretos. Dados revelam que os planos de rearmamento da OTAN (excluindo os EUA) podem aumentar as emissões europeias em 200 milhões de toneladas de CO₂ anuais – equivalente às emissões anuais de um país como a Holanda. Tanques, navios e aeronaves, todos dependentes de combustíveis fósseis, serão os principais responsáveis por este aumento.
Especialistas argumentam que a priorização do militarismo ignora ameaças existenciais como eventos climáticos extremos, que exigiriam investimentos maciços em adaptação e mitigação. “Enquanto se mobilizam somas extraordinárias para defesa, os mesmos governos alegam falta de recursos para transição energética”, criticou Sebastian Mang, do New Economics Foundation.
Segundo o site POLITICO, a medida reflete a pressão dos EUA e o temor europeu com a Rússia – aliás, esta é a razão citada pela Alemanha, por exemplo, para ampliar seus gastos com defesa -, mas enfrenta resistência de economistas e ambientalistas. Eles alertam que a escolha por mais armamentos em detrimento de políticas verdes pode agravar a crise climática e as desigualdades sociais, minando a segurança real dos cidadãos europeus no longo prazo.
Em protesto, o coletivo Stop Wapenhandel, formado por pesquisadores e ativistas independentes sobre comércio e indústria de armas, lançou um manifesto criticando a prioridade às agendas militares em detrimento da ação climática urgente. “Enquanto o planeta arde, a resposta das potências mundiais continua sendo mais armamentos, mais combustíveis fósseis e mais do mesmo que nos trouxe até este ponto crítico”, sentencia o documento. A Euronews também repercutiu o contexto de investimentos militares de membros da OTAN.
Fonte: ClimaInfo
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