domingo, 27 de dezembro de 2009

Na COP 15 vimos um Brasil diferente: será essa a nova postura do governo brasileiro?

Discurso de Lula em Copenhague surpreende. Foto nachhaltiger.net


Copenhague foi um fracasso, mas comprovou que o Brasil atingiu um outro peso geopolítico no cenário mundial. O presidente Lula teve um reconhecido papel de liderança e, embora em vão, foi um dos que mais articulou com as lideranças mundiais o avanço na agenda climática. Em Copenhague, o Brasil saiu do papel de vilão climático para um importante protagonista na procura de soluções.

No momento mais crítico da COP 15, o presidente desautorizou a postura inicial da ministra Dilma Rousseff, chefe da Delegação brasileira, e afirmou que o Brasil estava disposto a assumir compromissos financeiros para ajudar os países pobres a enfrentar os problemas das mudanças climáticas. Dias antes, a ministra havia desqualificado uma proposta da senadora Marina Silva, dizendo que a contribuição brasileira “não faria nem cosquinha”, ou seja, seria irrisório perto das necessidades. Estava contaminada com o discurso velho que ainda norteia setores do governo brasileiro, segundo o qual a culpa dos problemas climáticos é dos países ricos. Que agora é a nossa vez de poluir e esse seria o preço do desenvolvimento. É o que defendíamos na Conferência de Estocolmo, em 1972! O argumento sempre foi um equívoco e hoje mostra-se ainda mais absurdo, diante das evidências de que estamos tratando da nossa sobrevivência como espécie.

Em Copenhague, o presidente Lula surpreendeu pela clareza de sua visão e deu o tom do novo Brasil. Foi uma surpresa, poucas semanas antes, Lula parecia resistente ao tema, ao atacar a ação dos órgãos ambientais, dos ambientalistas e propondo o desmonte da legislação ambiental. Que se reconheça o importante papel desempenhado pelo ministro Carlos Minc na operação dessa mudança de rumo e à pré-candidatura de Marina Silva, que lançou o tema ambiental no coração do debate eleitoral.

Que seja o prenúncio de um novo Brasil, mais ambientalmente responsável e sustentável. 2010 promete!

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Da Coluna Rumo Náutico, de Axel Grael. Jornal O Fluminense, 26/12/09.

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