Mapa da Hidrovia Tietê-Paraná. Fonte: http://www.oceanica.ufrj.br/ |
Eclusa na Hidrovia Paraná-Tietê. |
Hidrovia Tietê – Paraná. Não vê quem não quer.
31/5/2011 12:03:51
Em 2003 quando empossado Secretário da Juventude, Esporte e Lazer do Estado de São Paulo, fomos instigados a conhecer a Hidrovia Tietê – Paraná, tão pouco conhecida e tão subutilizada hidrovia. Colosso de obra de outrora e retrato de um Brasil que teima não diversificar seu modelo de transporte de cargas.
O pivô da viagem, era o empreendedor e dinâmico Almirante Pierantoni, Comandante do 8º Distrito Naval com sede na capital paulista.
Para a viagem, ele ainda convidou o lendário navegador Amyr Klink e autoridades das Secretarias Estaduais de Transporte; Energia e Recursos Hídricos; Meio Ambiente; Casa Civil; Agricultura. Ainda em nossa comitiva á bordo do confortável “Ana C” do empresário Renan Ferro, a presença do Prefeito “Nenê” de Barra Bonita e imprensa.
Pela artéria que desbravou os sertões paulistas, o Rio Tietê é um rio intrigante. Nasce cristalino há poucos quilômetros do Mar no alto da Serra do Mar no município de Salesópolis. Teima em correr para o interior! Para chegar ao mar, passará pela região metropolitana de São Paulo aonde torna-se num dos rios mais poluídos e asquerosos do planeta. Após a capital paulista, o Tietê milagrosamente vai se despoluindo em função de oxigenação (quedas d’água e usinas hidrelétricas); filtração (mata ciliar); decantação (reservatórios formados pelas barragens das Usinas Hidroelétricas) e diluição (contribuição de afluentes).
Começamos nossa viagem pela Hidrovia no município de Dois Córregos aonde o Rio Piracicaba encontra o Tietê e logo fizemos á primeira eclusa na UHE Barra Bonita. Fizemos várias “eclusagens” (transposição de nível na barragem), e, paramos para debater o potencial da Hidrovia com o poder público e empresarial; debate na Câmara Municipal de Penápolis;encontramos o Governador Geraldo Alckmin em seu governo itinerante em Araçatuba; entramos no Canal de Pereira Barreto e chegamos ao Rio Paraná na altura do Município de Itapura. Pasmem! o Rio Tietê do meio até o final do seu curso, torna-se límpido e com cor de esmeralda.
Já no barrento e pujante Rio Paraná, nossa aventura Bandeirante contemporânea, segue rumo ao Sul aonde após cerca de 1.200 Km percorridos, chegamos ao destino no município de Presidente Epitácio. Lá Amyr, proferiu uma bela palestra deixou a comitiva convencida das potencialidades de um modelo de transporte que o Brasil ainda ignora. Poderíamos ter seguido até Foz do Iguaçu, mas, era momento de retornar.
O transporte aquaviário existe e a Marinha mantém a cartografia e o balizamento impecavelmente em dia. As barcaças transportam basicamente a cana de açúcar para as usinas e o terminal intermodal de Pederneiras faz a conexão da hidrovia para a ferrovia e para as rodovias. É o sertão do Brasil que pode vir desde São Simão/GO até o Porto de Santos, mas, nossa visão míope prefere ainda priorizar as rodovias, mais caras, mais poluentes e mais perigosas. É parte do chamado custo Brasil.
Parte desta miopia é cultural. Ao falar em transporte, logo pensamos em rodas. Um comboio deste, pode representar mais de 40 carretas rodoviárias. Ainda assim, nossa política de transportes insiste nas rodovias. Outra parte, é proposital e dominada pelo cartel do transporte rodoviário.
O Brasil do futuro saberá desenvolver as hidrovias com sustentabilidade, e, saberá escoar a produção mineral e agrícola através de hidrovias, ferrovias e rodovias, da forma economicamente e ambientalmente mais racional.
O Brasil que produz grãos no norte do Mato Grosso e escoa a produção por caminhões até o porto de Paranaguá, não tem futuro. Não será competitivo.
Que nossos estrategistas do momento, lembrem-se dos Bandeirantes.
Lars Grael
Fonte: http://www.larsgrael.com.br/
É mesmo um absurdo aproveitarmos tão mal as potencialidades de navegação do interior e de cabotagem, em um pais com tantos rios e tanto litoral.
ResponderExcluirJorge Carvalho
Excelente! Pelo menos uma pessoa inteligente sabe e defende a hidrovia no Brasil. Esta que liga o Tietê ao Paraná e este ao Plata e finalmente ao Atlântico é uma dela. O que dizer da Amazônia. Só os militares da Marinha sabe a importância econômica (e militar, claro) dos rios brasileiros. Parabéns Larz, parabéns Axel por postar!
ResponderExcluirManuel Sanches