quinta-feira, 23 de outubro de 2025

ONU: aquecimento global de 1,5°C é inevitável, reconhece Guterres


Segundo o secretário-geral da ONU, reduções substanciais nas emissões de carbono nas próximas décadas ainda podem reverter o cenário.

Em mais um apelo à comunidade internacional, o secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou que o aumento da temperatura média do planeta nos próximos anos deve superar o limite de 1,5oC em relação aos níveis pré-industriais, definido pelo Acordo de Paris. Mas ressaltou que o quadro pode ser revertido de modo a conter as mudanças climáticas neste século.

“Uma coisa já está clara: não conseguiremos conter o aquecimento global abaixo de 1,5°C nos próximos anos. A ultrapassagem agora é inevitável, o que significa que teremos um período, maior ou menor, com maior ou menor intensidade, acima de 1,5°C nos próximos anos”, disse Guterres no congresso da Organização Meteorológica Mundial (OMM) nesta 4ª feira (22/10) em Genebra, na Suíça.

Para o secretário-geral da ONU, essa situação reforça a necessidade de sistemas de alerta precoce de desastres naturais, considerando os impactos que o aquecimento atual já garante. Por outro lado, ele ressaltou que o quadro não é irreversível: ainda há tempo e condições para os países conseguirem conter o aumento da temperatura média global dentro do limite mais rígido do Acordo de Paris até o final deste século.

“Se houver uma mudança de paradigma e as pessoas assumirem seriamente que precisamos lidar com o problema, é possível antecipar o máximo possível para chegar ao zero líquido [de emissões] e, em seguida, ficar consistentemente com líquido negativo no futuro para que as temperaturas caiam novamente e o 1,5°C ainda permaneça possível antes do final do século”, destacou Guterres.

De fato, o panorama não é otimista. Como a AFP observou, a pouco mais de duas semanas até a COP30, nem metade dos quase 200 países signatários do Acordo de Paris entregaram suas novas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC). Considerando os poucos que entregaram seus novos compromissos climáticos – que, segundo Guterres, equivalem a 70% das emissões globais -, a perspectiva é de uma redução coletiva de 10% das emissões de gases de efeito estufa (GEE) até 2035, um número muito abaixo dos 60% de redução que os cientistas indicam como necessário para se conter o aquecimento global em menos de 1,5oC.

O caminho para a reversão deste cenário é um só: precisamos reduzir as emissões de GEE de forma substancial e sustentada o quanto antes possível, sob o risco de mudanças climáticas ainda mais imprevisíveis e devastadoras no futuro. “A ciência nos diz que é necessário ter muito mais ambição”, alertou o chefe da ONU.

Sobre a COP30, Guterres afirmou que espera o fim do impasse sobre financiamento climático, que ainda divide países ricos e pobres. “No Brasil, os líderes precisam concordar com um plano confiável para mobilizar US$ 1,3 trilhão anuais em financiamento climático até 2035 para os países em desenvolvimento. As nações desenvolvidas devem honrar [também] seu compromisso de dobrar o financiamento para adaptação para pelo menos US$ 40 bilhões neste ano e implementar rapidamente ferramentas comprovadas para desbloquear bilhões e mais em financiamento concessional”, disse.

A fala de Guterres no congresso da OMM também foi repercutida pela Reuters, Estadão, Folha e UOL, entre outros.

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Em tempo: Uma análise do Climate Central divulgada ontem mostrou o tamanho do prejuízo causado pelos eventos climáticos extremos que ocorreram no 1º semestre de 2025 nos EUA. Segundo o levantamento, a primeira metade deste ano foi a mais custosa já registrada, puxada em parte pelos megaincêndios que devastaram Los Angeles em janeiro. Nesse período, foram observados 14 desastres climáticos com danos de pelo menos US$ 1 bilhão cada. No total, esses eventos provocaram danos de US$ 101 bilhões, considerando perda de casas, empresas, rodovias e outras infraestruturas. Só os incêndios na Califórnia custaram US$ 61 bilhões. A notícia é do Guardian.

Fonte: ClimaInfo


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