terça-feira, 25 de setembro de 2018

Sobre a ocorrência de algas na Lagoa de Piratininga



OPINIÃO DE AXEL GRAEL:

Nos últimos dias, verificamos a ocorrência de uma grande quantidade de algas do gênero Ulva, também conhecida popularmente como "alface do mar", na Lagoa de Piratininga, próximo à localidade do Tibau, onde existe um túnel construído pelo governo estadual há alguns anos, com o objetivo de promover uma maior troca de águas entre a lagoa e o mar.

A bióloga Camile Alves Duque, que faz parte da equipe do Programa Região Oceânica Sustentável (PRO-SUSTENTÁVEL), coordenado pela Secretaria Executiva, esteve no local, analisou as algas e fez alguns testes visando verificar a possibilidade de retirada das algas.

Segundo a informação da bióloga, a Ulva é uma alga muito comum nos costões rochosos da orla marinha e é adaptada ao ambiente salino do oceano.

Nossa equipe ainda está analisando as causas para a ocorrência atípica da Ulva. A minha opinião é que a alga pode ter sido transportada do mar para a lagoa através do túnel, provavelmente devido à ocorrência de mares agitados por ressaca, conforme aconteceu recentemente.

Com a maior entrada de água do mar na lagoa, a salinidade aumentou e, com isso, a alga manteve-se viva, fato que não deve ocorrer por muito tempo. Este é o problema. A presença de algas pode ajudar a aumentar a disponibilidade de oxigênio dissolvido na água, o que é favorável ao ecossistema. O problema acontece quando os vegetais morrem e a biomassa é decomposta na água, consumindo o oxigênio disponível, que pode causar a mortandade de peixes.

Por isso, o esforço da Prefeitura de retirar a biomassa das algas.

Como temos repetido aqui no Blog, os principais problemas do sistema lagunar de Piratininga e Itaipu são:
  • Eutrofização das lagoas causada pelo grande aporte de nutrientes trazidos por rios e drenagens urbanas ao longo das muitas décadas de crescimento urbano na bacia hidrográfica (Região Oceânica). A Prefeitura de Niterói vem fazendo investimentos vultuosos em saneamento, com a ampliação dos serviços de coleta/tratamento de esgoto, através da Concessionária Águas de Niterói, e drenagem através de ações diretas da Prefeitura. O grande esforço atual tem sido na condução do programa "Se Liga", para promover a iniciativa de conexão dos imóveis à rede de esgoto por parte de seus proprietários. A eutrofização causa o assoreamento pela deposição de matéria orgânica no fundo, causando a camada de lodo.
  • Assoreamento causado também pelo carreamento de sedimentos originados principalmente da grande quantidade de ruas sem pavimentação. Para corrigir o problema e atender às expectativas da população, a Prefeitura tem promovido o mais amplo programa de pavimentação de ruas já realizado na região. Saiba mais sobre o tema do assoreamento das lagoas aqui.
  • Circulação de águas prejudicada pela baixa profundidade média da lagoa, que também tem outras consequências ecológicas, como o aumento da oscilação da temperatura da água, problemas de oferta de oxigênio e outros problemas.
Para planejar a recuperação ambiental do sistema lagunar, a Prefeitura contratou um serviço de monitoramento do sistema lagunar (conheça o escopo dos estudos aqui) com o objetivo de subsidiar a definição das medidas de despoluição e recuperação ambiental das lagoas.

Além disso, estão em fase de projetos a implantação do Parque Orla de Piratininga (POP) e o projeto de Renaturalização do Rio Jacaré, principal afluente da Lagoa de Piratininga.

Enfim, não se faz a recuperação de danos ambientais causados ao longo de muitas décadas de descaso de uma hora para outra, sequer se faz sem estudos e planejamento. O importante é que, enfim, a Prefeitura assumiu a gestão do sistema lagunar, captou recursos para promover ações de recuperação e está em fase de preparação destas ações, que terão início no próximo ano.

Axel Grael
Secretário Executivo
Prefeitura de Niterói



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Ação tenta remover algas que tomaram a Lagoa de Piratininga


O morador de Piratininga Paulo Oberlander ajuda uma agente da Prefeitura de Niterói na retirada das algas de dentro da Lagoa de Piratininga. Evelen Gouvêa



Carolina Ribeiro

Segundo especialista, vegetação deve ter se soltado de um costão da praia, chegando à lagoa por uma comporta

Há cerca de duas semanas, algas tipicamente salinas do tipo ulva (alfaces do mar) começaram a aparecer na Lagoa de Piratininga, na Região Oceânica, assustando moradores e protetores do ecossistema. Após análises, a Prefeitura de Niterói trabalha na remoção da vegetação, que pode prejudicar o sistema lagunar da cidade. Nesta segunda-feira (24), equipes visitaram o lugar, mas não havia o material necessário para a remoção. Uma nova data será marcada.

Um mutirão, entre moradores e gestores da Prefeitura de Niterói, havia sido marcado na tentativa de remover as algas na manhã desta segunda. Apenas um morador compareceu, porém, não havia materiais suficientes para a remoção, apesar da Clin ter emprestado uma rede e o morador ter cedido um barco de pesca. A expectativa é que, em outra oportunidade, haja mais ajuda, uma rede apropriada e mais barcos.

De acordo com a especialista em meio ambiente e gerenciadora do programa Pró Sustentável, Camille Alves, a hipótese levantada para a aparição das algas é de que elas teriam se soltado de um costão rochoso do mar de Piratininga e chegado à lagoa através da comporta que liga os dois ambientes, já que a vegetação é tipicamente salina. Além disso, a área da lagoa em que a vegetação se concentra - próximo à ponte do Tibau -, é salobra, justamente por conta da abertura.

“Precisamos remover esta vegetação. Tentamos hoje (Segunda-feira), mas não foi possível, vamos nos organizar internamente para que ocorra o mais rápido. As algas não são da lagoa, além de prejudicar visualmente, elas ficam ‘fotossintetizando’ e, quando morrerem, vão dar mau cheiro e diminuir o oxigênio dissolvido da água, prejudicando o ecossistema”, explicou.

Morador de Piratininga desde que nasceu, o autônomo Paulo Oberlander, de 45 anos, percebeu a aparição das algas e mobilizou a gestão lagunar. Ele relembra que de início eram poucas unidades, mas a vegetação foi se aglomerando e formando grandes placas verdes no espelho d’água.

“Antigamente a lagoa possuía algas, limo, mas, desde que abriu a comporta, não havia mais, por isso é preocupante. Acredito que o trabalho de tirar a alga é enxugar gelo, precisa de um estudo da água. Quando vi, fiz vídeo e foto para ver se mobilizava as autoridades, pois tem vida aqui e sozinho não consigo fazer nada. São poucas as pessoas que têm essa preocupação”, acredita.

Monitoramento - Em julho, a Prefeitura de Niterói anunciou o início dos Estudos de Monitoramento do Sistema Lagunar de Piratininga e Itaipu com previsão de entrega para 16 meses. O trabalho analisa aspectos de qualidade das águas, sedimentos, flora e fauna e questões físicas em relação à circulação dentro dos sistemas lagunares, com objetivo de traçar procedimentos e reger as prioridades de intervenção para a despoluição e recuperação ambiental das duas lagoas.

Ainda de acordo com a técnica do programa Pró Sustentável, Camille Alves, o estudo está sendo realizado, com monitoramento quinzenal da qualidade da água e outros parâmetros. Procurado, o Executivo Municipal informou que a retirada das algas será realizada nos próximos dias, em conjunto com os pescadores locais, usando redes de pesca, e que a aparição das algas, provavelmente ocorrida durante recentes períodos de ressaca marítima, está sendo acompanhada pela equipe de monitoramento.

Fonte: O Fluminense




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