Transporte de passageiros feito por barcas e catamarãs será afetado, com acréscimos no tempo de travessia entre Rio e Niterói
por Antônio Werneck
A Baía de Guanabara, onde acontecerão competições de vela nas Olimpíadas de 2016: Marinha estabelecerá zonas de exclusão durante a realização das provas - Antonio Scorza / Agência O Globo |
RIO — Assim no mar como no céu: depois de anunciarem esta semana que haverá restrição no espaço aéreo do Rio durante os Jogos Olímpicos do ano que vem, com impacto nos horários de voos do Aeroporto Santos Dumont, os responsáveis pela segurança do evento revelaram que zonas de exclusão serão ativadas também no mar durante as competições náuticas. Na Baía de Guanabara, o transporte de passageiros feito por barcas e catamarãs será afetado, assim como a navegação de cargueiros, de embarcações pesqueiras e de esporte e lazer. Haverá alterações em rotas e horários. O tempo de travessia entre Rio e Niterói poderá sofrer acréscimos, já que há previsão de redução na velocidade das lanchas.
O capitão de mar e guerra Paulo César Colmenero Lopes, subchefe do Estado-Maior e chefe de operações do 1º Distrito Naval, explicou ao GLOBO que as áreas marítimas onde serão realizadas as competições ficarão interditadas à navegação durante o período em que estiverem sendo utilizadas. Na baía, o período de bloqueio deve ocorrer diariamente, das 11h às 17h30m, durante a realização das competições de vela, entre os dias 8 e 18 de agosto do ano que vem.
— Todas as medidas necessárias a mitigar qualquer interferência com as atividades marítimas serão adotadas, assim como já ocorreu durante os eventos-teste este ano e no ano passado. No caso específico da Baía de Guanabara, as barcas continuarão a operar normalmente, seguindo novas rotas marítimas e horários que estão sendo estabelecidos — disse o capitão.
A CCR Barcas, concessionária que explora o serviço de passageiros na Baía de Guanabara, revelou que diariamente transporta 110 mil pessoas em 24 embarcações. Nos horários de rush da travessia entre Rio e Niterói, as barcas circulam com intervalos de dez minutos. A concessionária garantiu que os impactos serão mínimos para os usuários. Em nota enviada ao GLOBO, a empresa lembrou ainda que durante o evento-teste de vela que aconteceu na baía entre os dias 13 e 22 de agosto deste ano, “as embarcações operaram com velocidade reduzida quando preciso, em determinados trechos das viagens, no período entre 11h e 18h”.
USUÁRIOS SERÃO INFORMADOS
Ainda segundo a CCR, “sempre que era necessário reduzir a velocidade da embarcação, os usuários a bordo eram informados pelo comandante”. Além disso, explicou a concessionária, “os passageiros eram informados nos terminais, pelo sistema de som e, até mesmo, antes de acessar as estações, através de cartazes afixados em totens informativos”.
O capitão Colmenero Lopes contou ainda que na Lagoa Rodrigo de Freitas, onde haverá disputas de remo e canoagem durante os Jogos, a interrupção da navegação acontecerá do nascer ao pôr do sol. Esportes náuticos de clubes e a atividade pesqueira no local serão afetados. No mar de Copacabana, que sediará competições de maratona aquática e triatlo, também haverá restrição nos horários das disputas.
— A Marinha, como autoridade marítima, efetuará o controle do tráfego aquaviário, garantindo a segurança da navegação, a salvaguarda da vida humana no mar e o ordenamento do espaço aquaviário, em especial nos locais de interesse para a segurança dos Jogos Olímpicos: na baía, no litoral do Rio e de Niterói e na Lagoa Rodrigo de Freitas — afirmou o oficial.
A Companhia Docas do Rio de Janeiro revelou que só vai se manifestar sobre os impactos da implantação das zonas de exclusão na baía após uma reunião que acontecerá ainda este mês. O encontro servirá para avaliar os resultados dos eventos-teste. Diariamente, entram na Baía de Guanabara cerca de 35 navios cargueiros e são realizadas aproximadamente cem manobras diárias, como são chamados os deslocamentos no interior da baía. Em julho, segundo Docas, a movimentação de cargas no Porto do Rio cresceu 29% em comparação com junho deste ano. Foram mais de 712 mil toneladas, principalmente de café, granito, peças de automóveis e produtos siderúrgicos.
Durante os eventos náuticos, nenhuma embarcação poderá entrar na baía ou sair de lá. Com exceção das barcas, a navegação estará proibida entre a Ponte Rio-Niterói e a boca da barra.
— Depois da Ponte, no fundo da Baía, a navegação estará liberada — afirmou o capitão Colmenero.
CONTINGENTE RECORDE
As competições de vela serão realizadas em três raias: uma nas imediações da Ponte; uma segunda na altura da Escola Naval e uma terceira na Enseada da Glória, próximo ao Pão de Açúcar. Outras três raias serão montadas perto da entrada da baía, na altura de Copacabana, de Niterói e das ilhas Pai, Mãe e Filha.
— No que tange à segurança dos Jogos Olímpicos, a Marinha atuará, junto com o Exército e a Aeronáutica, como força de contingência dos demais órgãos de segurança pública, contribuindo, assim, para a realização dos Jogos num ambiente seguro para a população local e para os visitantes — afirmou o capitão.
Durante todos os dias dos Jogos, a Marinha vai mobilizar um contingente total de quatro mil homens, o maior da história em grandes eventos. Serão 1.700 no mar e 2.300 em terra. Além disso, serão usados dez navios de guerra e 30 embarcações menores, como lanchas de patrulha. O apoio aéreo será feito por nove helicópteros. Toda a costa do estado será patrulhada, com especial atenção à orla da Zona Sul, como Copacabana. Em terra, será de responsabilidade da Marinha o patrulhamento do Centro (voltado para a baía) e da Lagoa Rodrigo de Freitas.
Somando todos os militares da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, além do efetivo de segurança pública da cidade e da Polícia Federal, o Rio terá o maior esquema de segurança de sua história. Os Jogos irão mobilizar 85 mil homens, incluindo policiais, bombeiros e integrantes das Forças Armadas. Assim como na baía, o espaço aéreo do Rio terá algumas restrições durante as competições e as cerimônias de abertura e encerramento. O tráfego de aviões no Santos Dumont, por exemplo, será afetado, pois o aeroporto fica junto à Baía de Guanabara, onde haverá provas de vela. As restrições vão ocorrer em horários determinados, nos mesmos moldes do que aconteceu durante a Copa do Mundo, no ano passado.
Fonte: O Globo
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