sexta-feira, 11 de setembro de 2015

"Não há mais espaço para carros na cidade".


Trânsito na Rua Gavião Peixoto: carros de passeio representam 79% dos veículos que circulam nas ruas de Niterói - Agência O Globo / Márcio Alves/02-05-2012

Uso excessivo de carros é entrave para solucionar o trânsito. Orientação vai nortear planejamento de mobilidade

por

NITERÓI — Não há mais espaços para carros em Niterói. Diretor executivo da Câmara Metropolitana de Integração Governamental, Vicente Loureiro afirma que as condições geográficas e o uso excessivo de carros exigem uma mudança urgente nos hábitos e nos projetos de mobilidade para a cidade. Essa orientação vai nortear os trabalhos dos técnicos que se dedicarão ao lado Leste do Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano Integrado da Região Metropolitana do Rio, que inclui Niterói. O consórcio que cuidará da elaboração do projeto, vencedor de licitação, é formado pelas empresas Jaime Lerner Associados, Quanta Consultoria e Barcelona Regional, responsável pelo planejamento estratégico da Região Metropolitana de Barcelona.

— Cotidianamente, é muito forte a dependência do morador de Niterói ao automóvel. A taxa de motorização da cidade é uma das mais elevadas do Brasil e isso precisa mudar, não há outro caminho. As condições geográficas da cidade não suportam tantos carros, mesmo com as ações que o governo municipal vem fazendo para melhorar a mobilidade. O transporte público tem que prevalecer sobre o individual — defende Loureiro.

Criada por decreto pelo governador Luiz Fernando Pezão, a Câmara Metropolitana tem entre as suas funções ordenar a mobilidade urbana nos 21 municípios da Região Metropolitana do Rio. O Banco Mundial vai financiar os US$ 3 milhões que serão usados no Plano Estratégico. A Câmara vai desaparecer quando for criada a Agência Metropolitana, que será formada pelo governador e pelos 21 prefeitos do Grande Rio. A questão da mobilidade em Niterói está entre as prioridades.

— Obras são necessárias, mas é preciso haver uma mudança de hábito em Niterói. Não é uma utopia. Não há espaço físico para tantos automóveis na cidade. A Linha 3 é uma obra urgente porque vai tirar ônibus e carros da cidade, mas somente isso não basta se o niteroiense não deixar seu carro na garagem. A mobilidade na região Leste é mais precária do que na região Oeste do Grande Rio. Nesta, existe a opção do transporte ferroviário. A solução está na conscientização e em mais investimentos no transporte público, na qual se incluem as barcas — acrescenta Loureiro.

Segundo dados do IBGE, Niterói tinha 238 mil veículos em 2013. Morador de Camboinhas, o engenheiro de produção Leony Matos usa o carro para trabalhar no Centro de Niterói. Ele conta que já tentou trocar o automóvel pelo ônibus, mas desistiu porque perdia o mesmo tempo no percurso entre a sua casa e o trabalho, no Gragoatá:

— Já que o tempo gasto é o mesmo, acabei optando pelo conforto do carro. Se o ônibus circulasse por uma via exclusiva e com uma boa fluidez, o tempo de viagem seria bem menor, e essa seria a minha opção

LERNER, UM ANTIGO CONHECIDO DA CIDADE

Verena Andreatta, secretária de Urbanismo e Mobilidade Urbana de Niterói, diz que estudo recente feito para o Plano Diretor revelou que 79% dos veículos que circulam por Niterói são carros de passeio; 19% ônibus; e 1% bicicletas. O mesmo estudo revela que os automóveis transportam apenas 20% da população, mas ocupam um espaço físico muito maior do que os ocupados pelos ônibus.

— Não dá para continuar com essa equação. O município vem se esforçando para melhorar o transporte público de qualidade com a abertura de faixas exclusivas para ônibus, como as das avenidas Roberto Silveira e Feliciano Sodré e da Rua Gavião Peixoto, além de ampliar a frota de coletivos com ar-condicionado. A intenção também é melhorar as ciclovias e as calçadas para estimular as pessoas a andarem a pé e de bicicleta — explica a secretária.

Superintendente do Sindicato das Empresas de Transporte Rodoviário do Estado do Rio (Setrerj), Márcio Barbosa defende maior respeito para as faixas exclusivas:

— A criação das vias segredadas para coletivos foi um avanço, mas é preciso que estas vias sejam de fato exclusivas para eles. Na Alameda São Boaventura, por exemplo, os próprios agentes de trânsito autorizam a circulação de carros particulares na pista dos ônibus — lamenta.

O escritório do urbanista Jaime Lerner, que compõe o consórcio que vai elaborar o plano para o Leste Metropolitano, chegou a ser contratado pela prefeitura de Niterói, no início dos anos 2000, para elaborar um estudo de mobilidade, que custou pelo menos R$ 600 mil. A Transoceânica, que começou a ser feita este ano, incluindo o túnel Charitas-Cafubá, já era prevista no projeto, assim como o mergulhão da Avenida Marquês do Paraná.

Fonte: O Globo Niterói
 
 
-------------------------------------------------


LEIA TAMBÉM:

Prefeitura de Niterói e Secretaria Estadual de Transportes debatem projetos em parceria para melhorar a mobilidade no município
Niterói participa de Cúpula dos Prefeitos
Estado anuncia vencedor da licitação para o Plano Estratégico da Região Metropolitana
TRANSOCEÂNICA: Previsão de começo da escavação do túnel do lado de Charitas ainda este mês
NITERÓI DE BICICLETA - Entra em operação ciclofaixa da Marquês do Paraná
TRANSPORTE DE PASSAGEIROS NA BAÍA DE GUANABARA - Ligações hidroviárias tirariam das ruas do Rio cem mil carros, diz Firjan
Prefeitura de Niterói conclui diagnóstico do novo Plano Diretor
Programa Niterói da Bicicleta realiza ação educativa na Avenida Amaral Peixoto



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Contribua. Deixe aqui a sua crítica, comentário ou complementação ao conteúdo da mensagem postada no Blog do Axel Grael. Obrigado.