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Paulo Roberto Araújo NITERÓI — Não há mais espaços para carros em Niterói. Diretor executivo da Câmara Metropolitana de Integração Governamental, Vicente Loureiro afirma que as condições geográficas e o uso excessivo de carros exigem uma mudança urgente nos hábitos e nos projetos de mobilidade para a cidade. Essa orientação vai nortear os trabalhos dos técnicos que se dedicarão ao lado Leste do Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano Integrado da Região Metropolitana do Rio, que inclui Niterói. O consórcio que cuidará da elaboração do projeto, vencedor de licitação, é formado pelas empresas Jaime Lerner Associados, Quanta Consultoria e Barcelona Regional, responsável pelo planejamento estratégico da Região Metropolitana de Barcelona.
— Cotidianamente, é muito forte a dependência do morador de Niterói ao automóvel. A taxa de motorização da cidade é uma das mais elevadas do Brasil e isso precisa mudar, não há outro caminho. As condições geográficas da cidade não suportam tantos carros, mesmo com as ações que o governo municipal vem fazendo para melhorar a mobilidade. O transporte público tem que prevalecer sobre o individual — defende Loureiro.
Criada por decreto pelo governador Luiz Fernando Pezão, a Câmara Metropolitana tem entre as suas funções ordenar a mobilidade urbana nos 21 municípios da Região Metropolitana do Rio. O Banco Mundial vai financiar os US$ 3 milhões que serão usados no Plano Estratégico. A Câmara vai desaparecer quando for criada a Agência Metropolitana, que será formada pelo governador e pelos 21 prefeitos do Grande Rio. A questão da mobilidade em Niterói está entre as prioridades.
— Obras são necessárias, mas é preciso haver uma mudança de hábito em Niterói. Não é uma utopia. Não há espaço físico para tantos automóveis na cidade. A Linha 3 é uma obra urgente porque vai tirar ônibus e carros da cidade, mas somente isso não basta se o niteroiense não deixar seu carro na garagem. A mobilidade na região Leste é mais precária do que na região Oeste do Grande Rio. Nesta, existe a opção do transporte ferroviário. A solução está na conscientização e em mais investimentos no transporte público, na qual se incluem as barcas — acrescenta Loureiro.
Segundo dados do IBGE, Niterói tinha 238 mil veículos em 2013. Morador de Camboinhas, o engenheiro de produção Leony Matos usa o carro para trabalhar no Centro de Niterói. Ele conta que já tentou trocar o automóvel pelo ônibus, mas desistiu porque perdia o mesmo tempo no percurso entre a sua casa e o trabalho, no Gragoatá:
— Já que o tempo gasto é o mesmo, acabei optando pelo conforto do carro. Se o ônibus circulasse por uma via exclusiva e com uma boa fluidez, o tempo de viagem seria bem menor, e essa seria a minha opção
LERNER, UM ANTIGO CONHECIDO DA CIDADEVerena Andreatta, secretária de Urbanismo e Mobilidade Urbana de Niterói, diz que estudo recente feito para o Plano Diretor revelou que 79% dos veículos que circulam por Niterói são carros de passeio; 19% ônibus; e 1% bicicletas. O mesmo estudo revela que os automóveis transportam apenas 20% da população, mas ocupam um espaço físico muito maior do que os ocupados pelos ônibus.
— Não dá para continuar com essa equação. O município vem se esforçando para melhorar o transporte público de qualidade com a abertura de faixas exclusivas para ônibus, como as das avenidas Roberto Silveira e Feliciano Sodré e da Rua Gavião Peixoto, além de ampliar a frota de coletivos com ar-condicionado. A intenção também é melhorar as ciclovias e as calçadas para estimular as pessoas a andarem a pé e de bicicleta — explica a secretária.
Superintendente do Sindicato das Empresas de Transporte Rodoviário do Estado do Rio (Setrerj), Márcio Barbosa defende maior respeito para as faixas exclusivas:
— A criação das vias segredadas para coletivos foi um avanço, mas é preciso que estas vias sejam de fato exclusivas para eles. Na Alameda São Boaventura, por exemplo, os próprios agentes de trânsito autorizam a circulação de carros particulares na pista dos ônibus — lamenta.
O escritório do urbanista Jaime Lerner, que compõe o consórcio que vai elaborar o plano para o Leste Metropolitano, chegou a ser contratado pela prefeitura de Niterói, no início dos anos 2000, para elaborar um estudo de mobilidade, que custou pelo menos R$ 600 mil. A Transoceânica, que começou a ser feita este ano, incluindo o túnel Charitas-Cafubá, já era prevista no projeto, assim como o mergulhão da Avenida Marquês do Paraná.
Fonte:
O Globo Niterói
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