Estive em Brasília na semana passada (dia 8 de setembro) e vi uma das cenas mais lamentáveis. A forte seca em Brasília facilitou a propagação de vários incêndios (dezenas de focos) nas proximidades de Brasília. O fogo estava por toda a parte e consumiu gramados, áreas de cerrado e unidades de conservação como a Estação Ecológica do Jardim Botânico e a Floresta Nacional de Brasília.
No entorno do aeroporto da capital, densas cortinas de fumaça se via para todos os lados e chegaram a anunciar que os pousos e decolagens poderiam ser interrompidos. O ar ficou difícil de se respirar. Funcionários das companhias aéreas chegaram a trabalhar com máscaras.
A cena era assustadora. Parecia que toda a cidade ardia e se perdia na fumaça. Os Bombeiros anunciaram que tinham cerca de 300 homens mobilizados. Voei de volta para o Rio de Janeiro no fim da tarde e ao decolar pude ter uma noção melhor da dimensão do problema. O fogo se alastrava em extensas frentes de fogo que chegavam a mais de um quilômetro. Vi alguns veículos do aeroporto e dos Bombeiros que pareciam observar e avaliar a proporção do fogo, mas não foi possível ver as equipes de combate atuando.
O pior é que pude ver pela janela do avião que não era só Brasília que ardia em chamas, mas o interior de Minas Gerais também. Muitos focos de incêndio e grandes queimadas.
O Brasil não está preparado para prevenir e controlar queimadas
O que é triste constatar é a nossa total incapacidade de reagir a estas contingências. Para nós, fogo no mato ainda não é um fato para se alarmar. É só fogo no mato!!! Sequer estamos equipados e preparados para agir. Li pela imprensa no dia seguinte que somente no dia seguinte um avião Hércules C-130 da FAB foi improvisado para lançar água sobre as chamas.
O governo brasileiro tem anunciado nos foruns climáticos internacionais que adotou metas voluntárias para o combate ao desmatamento e de emissões de carbono. E os estudos do próprio governo mostram que as queimadas são a principal fonte de emissões de carbono no Brasil. E elas estão por todos os lados.
Mas, o que a cena que eu presenciei chama a atenção é que se não somos capazes de combater incêndios dentro de Brasília, como vamos combatê-los na Amazônia e no resto do país?
Axel Grael
Explanada dos Ministérios, com o Congresso Nacional ao fundo, encoberto pela fumaça. Setembro de 2011. Foto de Antônio Cruz, Agência Brasil. |
Prédios dos ministérios e o Congresso Nacional somem na fumaça das queimadas no entorno de Brasília. Setembro e 2011. Foto de Antônio Cruz, Agência Brasil. |
A riqueza da vegetação do Cerrado se perde para as chamas. Set 2011. Foto de Fábio Rodrigues Pozzebom. Agência Brasil. |
As longas frentes de fogo na APA Gama Cabeça de Veado. Set 2011. Foto de Marcelo Casal. Agência Brasil. |
-----------------------------------
Outras postagens sobre o problema das queimadas:
- Queimadas: mitos e verdades
- Combate a incêndios florestais no RJ não funciona
- Animais silvestres fogem para a cidade por causa das queimadas em MT
- O carvão e a banana: o Efeito Estufa explicado por cientista da NASA
- Ranking dos países responsáveis pelo Efeito Estufa
- Cientistas estudam as consequências da estiagem de 2010 na Amazônia
- Diretor do IBAMA: "Queimadas vão fazer do Brasil um inferno".
- Queimadas: governo decreta emergência ambiental em 14 estados e no DF
- Verdes ou mimetismo eleitoral?
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Contribua. Deixe aqui a sua crítica, comentário ou complementação ao conteúdo da mensagem postada no Blog do Axel Grael. Obrigado.