sexta-feira, 15 de março de 2019

GRETA THUNBERG: adolescente sueca mobiliza jovens contra mudanças climáticas e é indicada para o Nobel



Greta Thunberg ao lado do secretário geral da ONU, o português, Antônio Guterres: cobrança.


Uma adolescente sueca, chamada Greta Thunberg, aprendeu com um professor sobre os riscos e ameaças das mudanças climáticas quando tinha 8 anos, preocupou-se e mudou coisas do comportamento da família para ajudar o planeta. Sabia que não era suficiente. Aos 11 anos, entrou em depressão e descobriu que sofria de Síndrome de Asperger, um tipo de autismo. Resolveu partir para a ação, mesmo que tivesse que agir sozinha. Passou a fazer "greve na escola" toda sexta-feira e acampar solitariamente diante do parlamento sueco, com um cartaz pedindo compromisso e ação do seu país com relação às mudanças climáticas.




Sua determinada atitude rendeu críticas, por estar fora da escola mas interesse da imprensa e, posteriormente, chamou a atenção de jovens em todo o mundo. Virou um fenômeno de mídia e conquistou a atenção dos jovens. Uma onda de mobilização inspirada em Greta está tomando conta das ruas de mais de 100 cidades no mundo, com milhares de jovens que saem em passeata cobrando ação de seus próprios países e das suas próprias cidades.

Ganhou notoriedade internacional e passou comparecer em conferências da ONU, da Comunidade Europeia e até em Davos. Ganhou a palavra e, com personalidade e desenvoltura, se fez ser ouvida!

Greta, sempre com fisionomia séria e desafiadora, tem discurso firme, bem elaborado, contundente e é dura na crítica contra tomadores de decisão que não se dedicam suficientemente pela causa. Quando levantaram suspeitas sobre o que haveria por trás de um discurso tão bem elaborado de uma menina de 16 anos, bem ao seu estilo respondeu:

"Eu consulto e ouço especialistas em clima, energias sustentáveis e outros temas. Vocês deveriam fazer o mesmo".

A jovem e carismática ativista, com a força marcante da sua expressão facial, dos seus argumentos e da legitimidade do discurso, ganhou status de heroína climática devido à capacidade que adquiriu de romper os cerimoniais das instâncias mais altas da diplomacia mundial. Uma garota de tranças leva a voz de protesto da nova geração ao vetusto mundo dos adultos.


Mobilização da Fridays for Future em Viena, Áustria (15/03/2019). Saiba mais aqui.


Com essa atitude, Greta tem motivado milhares de jovens para seguir o seu exemplo. Lançou o movimento Fridays for Future e milhares de jovens vem ganhando as ruas de mais de 100 cidades em todo o mundo.  

NA COP 24

No vídeo abaixo, diante de líderes mundiais, ela chama jovens para acompanha-la e cobra ação dos dirigentes na COP 24, evento da ONU realizado em Katowice, Polônia, em 2018:




No evento da ONU, sentou-se à mesa ao lado do secretário-geral da ONU, o português António Guterres, onde a foto no início da postagem foi feita. Apesar do simbolismo da famosa foto - em que parece desafiar o dirigente com o seu olhar que mistura desafio e respeito, enquanto o líder mundial parece um tanto constrangido - António Guterres tem sido um insistente defensor das mesmas causas. Após mais uma sexta-feira de protestos mundo afora, Guterres expressou o seu apoio ao movimento dos jovens contra as mudanças climáticas. O chefe da ONU publicou artigo no jornal britânico The Guardian e segundo publicado no site Público, de Portugal, afirmou:

“Estes estudantes compreenderam algo que os que têm mais idade andam a evitar: estamos na corrida das nossas vidas, e estamos a perder”


COMUNIDADE EUROPEIA

Foi recebida como celebridade, em 21/12/2019, durante o evento "Civil Society for rEUnaissance", promovido pelo Comitê Econômico e Social Europeu - CESE, instância da Comunidade Europeia que é considerada a Voz da Sociedade Civil. Na ocasião afirmou:
"Políticos não querem falar conosco. Isso não importa. Nós também não queremos falar com eles. Queremos que eles falem e ouçam a voz dos cientistas e partam para a ação...". (...) Algumas pessoas dizem que estamos desperdiçando precioso tempo de escola. Pode ser... Mas, vocês perderam décadas sem fazer nada. Quem sabe vocês não trocam conosco, fazem greve nos seus trabalhos, vão para as ruas e mobilizam as pessoas. Ou, juntos, trabalhamos para acelerar o processo?" 


Veja o discurso completo:



DAVOS

Também no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, "puxou a orelha" dos líderes mundiais e cobrou ação:




Greta tem razão: não é justo, ético, nem prudente legar a solução das mudanças climáticas para a geração dela, até porque poderemos perder a oportunidade de reverter o problema.

Mas, como mudar se líderes mundiais como Trump, Bolsonaro e muitos outros trabalham contra e sabotam os avanços nas negociações?

O caminho pode estar no que a inspiradora jovem Greta está conseguindo fazer: mobilizar as pessoas. É nisso que eu acredito. As mudanças não virão de cima para baixo, mas de um processo de tomada de consciência e mobilização que acontecerá como Greta já sabe fazer: olhando cara a cara os tomadores de decisão, usando as mídias tradicionais e as novas mídias sociais e, acima de tudo, mostrando coragem e usando os argumentos corretos. É isso que nos levará a uma nova economia, ao reequilíbrio climático e à sustentabilidade!

Não é por falta de tecnologia ou de soluções. O que falta é construir a vontade política para promover a mudança.

Torço para que Greta Thunberg ganhe o Nobel. Seria justo pelo o que ela tem conseguido fazer e pelo o que ela já significa e será um impulso enorme para o resgate do futuro da geração dela e das que virão.

Axel Grael



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Veja outra iniciativa dos estudantes pelo clima: Sing for the Climate





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Greta Thunberg, a adolescente com Asperger que começou um movimento global de greve escolar contra as mudanças climáticas — Foto: Reprodução/Instagram


'Poucos adultos estão escutando', diz adolescente indicada ao Nobel que criou uma greve global pelo clima

Indicada ao Nobel da Paz, Greta Thunberg, de 16 anos, falou ao G1 sobre como começou uma greve em agosto que, nesta sexta-feira, será replicada em mais de 100 países.

Por Ana Carolina Moreno, G1


Nesta sexta-feira (15), a adolescente Greta Thunberg vai repetir a mesma atividade que tem feito todas as sextas desde agosto do ano passado: faltar propositalmente às aulas em sua escola, em Estocolmo, e sentar em uma praça em frente ao Parlamento da Suécia para protestar por medidas concretas dos políticos contra as mudanças climáticas. Dessa vez, porém, a garota de 16 anos estará acompanhada de outros estudantes do mundo inteiro: sua greve escolar semanal deve ser repetida em mais de 2 mil eventos de 123 países – no Brasil, 20 cidades têm protestos agendados (veja vídeo abaixo).

O movimento iniciado por Greta a fez alcançar fama mundial e, desde o ano passado, a adolescente sueca já discursou em eventos internacionais como a COP24, a Conferência do Clima da ONU, em dezembro, e no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, em janeiro. Nesta quinta (14), ela foi indicada ao Prêmio Nobel da Paz por três políticos noruegueses. 


Assista à matéria da Globo aqui


Ao G1, porém, ela afirma que a greve global não deve ter adesão de muitos adultos porque, segundo a jovem, poucos deles estão escutando as demandas dos jovens. "Eles estão ocupados fazendo outras coisas para serem reeleitos", disse ela.

Em entrevistas, ela já afirmou que foi diagnosticada com síndrome de Asperger, uma forma de autismo. À jornalista Christiane Amanpour, da CNN, ela diz que a síndrome pode ter contribuído para que ela dedique todo o seu foco à proteção do clima.

"Tenho síndrome de Asperger e isso significa que meu cérebro funciona de um jeito um pouco diferente. Eu vejo as coisas em preto e branco, com lógica. Se eu não fosse tão estranha, então eu teria me distraído com o jogo social que as pessoas jogam", explicou ela. "Eu sou o tipo de pessoa que não gosta quando alguém fala uma coisa e faz outra. E esse é o caso com as mudanças climáticas."

Apesar de ser criticada por faltar às aulas uma vez por semana para protestar, Greta defende que seu movimento também faz parte de sua formação. "Meus professores na escola me contaram que existiam as mudanças climáticas e o aquecimento global, e que ele é causado pelos humanos e o nosso comportamento. Achei que era muito estranho, porque se fosse algo tão grande que ameaçasse nossa existência, então seria nossa primeira prioridade, não estaríamos falando sobre qualquer outra coisa."

A garota de trancinhas e palavras duras

Aos eventos, a adolescente leva sempre consigo as tranças laterais que costuma usar como penteado e as palavras duras contra o que ela considera uma inação por parte dos adultos, que pode ser devastadora para as próximas gerações. 

"Os adultos ficam dizendo: 'devemos dar esperança aos jovens'. Mas eu não quero a sua esperança. Eu não quero que vocês estejam esperançosos. Eu quero que vocês estejam em pânico. Quero que vocês sintam o medo que eu sinto todos os dias. E eu quero que vocês ajam. Quero que ajam como agiriam em uma crise. Quero que vocês ajam como se a casa estivesse pegando fogo, porque está", afirmou Greta Thunberg em Davos.

Ela diz que escreve seus próprios discursos, mas que consulta especialistas em clima e ouve a opinião de outras pessoas antes de apresentá-los publicamente. Assista ao trecho do discurso no vídeo abaixo:


Acesse o vídeo aqui

Movimento mundial

Por meio de uma assessora que ajuda a família Thumberg a conversar com jornalistas de todo o mundo, Greta explicou ao G1 que começou a se dedicar à crise climática anos atrás depois de aprender sobre as mudanças no clima com seus professores na escola. 

"O fato de ninguém parecer se importar ou fazer qualquer coisa sobre isso parecia absurdo pra mim. Então eu decidi agir eu mesma."

Ela afirmou que começou dentro de casa a promover mudanças que beneficiam o meio ambiente. Greta diz que convenceu sua mãe a nunca mais viajar de avião, por exemplo, para não contribuir com a emissão de gases. 


Após a adesão de Greta ao movimento climático, a família Thunberg parou de viajar de avião, e faz seus trajetos pela Europa apenas de trem, para não contribuir com a emissão de gases — Foto: Reprodução/Instagram


Quando ela decidiu agir publicamente em prol da causa, ela diz que sua greve escolar ganhou apoio e projeção desde o início. "No começo, era só eu e meu cartaz. Depois eu publiquei no Twitter e no Instagram e mais pessoas começaram a aparecer", disse ela.

"O plano era sentar lá [no Parlamento] durante três semanas, mas no fim dessas três semanas eu decidi continuar, e foi assim que comecei o 'Fridays For Future'", explicou ela sobre a ideia de manter a greve uma vez por semana para chamar a atenção dos políticos.

Greta diz que a escola em que estuda não é favorável a ela faltar às aulas todas as sextas-feiras, mas que a comunidade escolar colabora com seu movimento ajudando com que ela recupere as lições perdidas nos outros dias da semana. 


A greve escolar semanal de Greta aconteceu mesmo durante o inverno sueco — Foto: Reprodução/Instagram

"Acho que percebi que estava crescendo mesmo quando os estudantes na Austrália aderiram de forma massiva no fim de novembro. Depois veio a Bélgica. E a Alemanha, a Suíça, o Canadá."

Nesta sexta-feira, pelo menos 54 cidades australianas terão estudantes em greve escolar para pressionar os políticos locais no movimento climático global. Em fevereiro e janeiro, outros protestos chegaram a reunir mais de 30 mil estudantes na Bélgica.

No Brasil, 20 cidades de 12 estados e o DF anunciaram a intenção de aderir ao protesto desta sexta: Bahia, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo.

'Poucos adultos estão escutando'

Greta diz que não espera a adesão de políticos, sindicalistas ou "qualquer outro grupo grande de adultos" na greve desta sexta-feira.

"Sinto que poucos deles estão escutando. Mas também acho que a maioria deles ainda não têm o conhecimento básico sobre a crise climática. Isso é porque eles estão ocupados fazendo outras coisas para serem reeleitos."

Segundo ela, "para mudar isso as pessoas precisam se educar, para que possam entender as consequências da nossa inação e pressionar os políticos, a sociedade e a imprensa".


Fonte: G1













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