Elisângela se prepara para iniciar uma nova fase no negócio, com identidade visual nova e vendas online (Fotos: César Galeão) |
Paula Guatimosim
Quando uma medida de punição vem acompanhada de uma alternativa de integração social, o resultado pode ser uma mudança radical na vida de indivíduos e suas famílias. Foi o que aconteceu cinco anos atrás no município de Rio Bonito, próximo a Itaboraí, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Nos fundos de sua casa, Jocenir Brantes do Amor Divino sempre viveu da produção de carvão vegetal, a partir da derrubada de árvores. Embora ilegal, a atividade era bastante comum na região, ocupada por muitos posseiros. No entanto, Braçanã de Cima, bairro onde Jocenir e sua família residem, está localizado na Área de Proteção Ambiental (APA) Municipal Serra do Sambê, com cerca de 30 milhões de metros quadrados e cinco unidades de conservação.
Importante reserva de Mata Atlântica e refúgio ecológico, a região sempre foi alvo de blitz ambiental para coibir a derrubada da mata para a fabricação de carvão. Foi numa dessas operações de fiscalização da Secretaria Estadual do Ambiente e Sustentabilidade, dirigida pela Coordenadoria Integrada de Combate aos Crimes Ambientais (Cicca), em parceria com o Batalhão de Polícia Florestal, que Jocenir Brantes foi detido. Além de crime ambiental, a produção de carvão vegetal é profundamente nociva à saúde e, não raro, utiliza mão-de-obra infantil. A queima parcial da madeira libera substâncias potencialmente tóxicas, como monóxido de carbono, amônia e metano; além disso, o material fino (ou fuligem) é o poluente de maior toxicidade, pois atinge as porções mais profundas do sistema respiratório.
A fábrica Dona Dina produz chips, mariola, bala, bombom, farinha e banana-passa |
Além de pagar cesta básica a uma instituição filantrópica, o casal teve a opção de trocar o passado obscurecido pela fuligem do carvão pelo negócio sustentável de beneficiamento de bananas. Em ação coordenada pela Secretaria de Meio Ambiente de Rio Bonito, com apoio da Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural) e recursos da FAPERJ, por meio do programa de Apoio ao Desenvolvimento de Modelos de Inovação Tecnológica Social, foram feitas melhorias no galpão antes usado para o estoque de carvão, adquiridas máquinas e equipamentos como tanques de inox, desidratadora, moinho, fogão industrial, fritadeira, balança digital e computador. A família também recebeu assessoria do Mestre em Sistemas de Gestão pela Qualidade Total pelo Departamento de Engenharia de Produção da Escola de Engenharia da Universidade Federal Fluminense (UFF), Marcello Silveira e capacitação da Emater em noções sobre agroindústria, os tipos de derivados possíveis a partir da banana, as práticas de higiene e manejo dos produtos, as opções de embalagem e prazos de validade.
Silveira capacitará a família em marketing e vendas na web |
Finalizando o projeto, a família será capacitada, por meio de treinamento especializado para lidar com as vendas online e para prospectar novos clientes. Pós-graduado em Logística Empresarial, Silveira também colaborou no desenvolvimento das embalagens, na implantação do código de barras junto a GS1 (Associação Brasileira de Automação), entidade que desenvolve padrões de identificação de produtos, e ajudará nos trâmites para o envio dos produtos via canais de distribuição.
Fonte: FAPERJ
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