Barcos da Volvo Ocean Race largam em Itajaí (SC) para mais uma perna da regata de volta ao mundo. |
A cidade catarinense organiza o maior evento de sua história e recebe elogios dos velejadores e equipes estrangeiras da maior regata de volta ao mundo.
Itajaí (SC) - Itajaí encerrou, com chave de ouro, o maior evento de sua história. Depois de ser, durante 19 dias, a capital da vela mundial, com a parada da Volvo Ocean Race, cuja flotilha partiu neste domingo em direção a Miami, Itajaí contabiliza o sucesso do evento, com números impressionantes e elogios de turistas e estrangeiros que estiveram na cidade. Além disso, uma certeza: a parada resgatou a tradição náutica da região, mostrou uma cidade totalmente envolvida com o evento, que recebeu a todos de forma calorosa, e deixou um importante legado para o município.
Os sensores eletrônicos da Vila da Regata contabilizaram o total de 281.420 visitantes nos 19 dias, quase o dobro das 150 mil pessoas previstas pelos organizadores. De sexta a domingo (20 a 22), estiveram na Vila 84 mil pessoas, sendo que o sábado foi o dia de maior visitação : quase 34 mil. Toda a rede hoteleira da região teve ocupação quase total nestes três dias. Some-se a estes números mais 50 mil pessoas que assistiram dos molhes e das praias a chegada dos barcos, a Regata do Porto e a partida neste domingo, segundo estimativa da Polícia Militar de Itajaí. Dessa forma, o público total da Parada foi de 331.420 pessoas.
Quando perguntado sobre o legado deixado pela Volvo Ocean Race para a cidade de Itajaí, o Prefeito Jandir Bellini é categórico: "Mostramos ao mundo a nossa capacidade". Há dois anos, a ideia de se sediar uma parada da Volvo Ocean Race na cidade era um sonho grandioso, um desafio, uma vez que nunca a cidade havia comportado um evento dessa grandiosidade. Houve quem duvidasse, mas Itajaí conseguiu realizar seu grande sonho. "Estou muito orgulhoso por que Itajaí se mostrou um município hospitaleiro, com cidadãos disciplinados e bem educados nas várias atividades que ocorreram vinculadas à Parada. As pessoas trouxeram suas famílias com tranquilidade porque tudo aconteceu na mais perfeita ordem", avalia Bellini.
Para o presidente do Comitê Central Organizador da Etapa Itajaí da Volvo Ocean Race, Amílcar Gazaniga, o maior presente deixado foi a mudança de mentalidade da cidade. "Quebramos paradigmas e Itajaí agora está aberta para novos desafios. Saímos da nossa zona de conforto e provamos que podemos alcançar novos e promissores objetivos", diz Gazaniga. Ele divide o êxito com todos os colaboradores e também com os itajaienses que entenderam o momento e prestigiaram a regata. "Nossos visitantes internacionais ficaram extasiados", comemora, lembrando que a cidade ganhou uma área multieventos, onde foi instalada a Vila da Regata.
O comandante do Telefónica, Iker Martinez, confirma esse espírito garante que foi embora com a sensação de que ficou pouco tempo. "Itajaí fez uma grande parada. Fiquei pouco tempo aqui e sinto ter que ir embora. Deixamos amigos na cidade e voltaremos. Vocês mostraram como se faz uma parada uma regata deste nível". Ian Walker, comandando do Abu Dhabi, concorda com Iker. "Fiquei impressionado com o entusiasmo das pessoas e adorei a recepção que tivemos aqui. Esta foi uma das melhoras paradas que eu participei".
Na opinião do presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), José Dada, o evento foi um marco para a cidade. "A partir da realização da Etapa Itajaí da VOR, a cidade vai crescer ainda mais em todos os aspectos. Andei pela cidade e vi a movimentação, perguntei, falei com as pessoas e posso dizer que foi um grande sucesso", informa o dirigente.
Para o reitor da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), Mário César dos Santos, a regata abriu Itajaí para o mundo. "Tivemos a oportunidade de discutir questões ambientais importantes nas palestras e nas atividades correlatas à regata, ações foram feitas para mostrar que a sustentabilidade é o futuro, nossos alunos conviveram com pessoas das mais diversas nacionalidades, foi uma experiência enriquecedora em todos os aspectos e como instituição de ensino e pesquisa pudemos dar a nossa colaboração."
A Parada de Itajaí criou algumas ações que encantaram tanto os organizadores da Volvo Ocean Race, que prometeram levar as ideias para as próximas paradas. É o caso do projeto VIP Solidário, que conclamou as pessoas a ajudarem entidades sociais da cidade em troca de uma credencial que dava alguns benefícios durante a visita à Vila da Regata. Os mutirões de limpeza do rio Itajaí-açu e das praias da região, que retiraram 8 toneladas de detritos, também deverão ser replicados.
Para o Capitão de Fragata Fernando Anselmo Sampaio Mattos, comandante da Delegacia da Capitania dos Portos de Itajaí, a Volvo Ocean Rage reforçou a vocação náutica da cidade. "A vela é um esporte que respeita o meio ambiente e faz com que as pessoas respeitem o mar. Tudo é feito absolutamente dentro das normas de segurança e isso é uma lição a ser seguida", acrescenta.
Já o Coordenador do curso de Engenharia Naval da Univali, Roberto Bardall, lembra que o evento foi essencial para um maior desenvolvimento da indústria naval na região: "Tivemos um aumento de 26% no número de alunos matriculados no curso e também a procura pelos estaleiros da área devem crescer significativamente".
Nova sede da ANI - A Associação Náutica de Itajaí (ANI), organização sem fins lucrativos ligada à navegação, também recebeu grande legado com a realização da etapa Itajaí da Volvo Ocean Race. Além de ter ganho uma nova sede e veleiros para treino da categoria optmist, a experiência adquirida no período de realização da parada teve grande importância para os alunos e dirigentes.
Atualmente, a ONG recebe crianças de escolas municipais de dez a 15 anos de idade e ensina a eles, tanto na teoria como na prática, modalidades como remo e vela ao longo de um ano. A pouca infraestrutura até então existente não permitia aulas em condições climáticas adversas. Realidade que muda com a nova sede.
"A inauguração da nossa nova sede, mais os veleiros que ganhamos, é um passo à frente. Já trabalhamos com 5 mil crianças e perderam-se muitos talentos. Elas voltavam para casa e até abandonavam o esporte, porque é difícil se manter na vela", explica o presidente da ANI, Cláudio Copello. O foco da instituição é dar uma "educação diferenciada" a jovens de 18 escolas da rede municipal da cidade.
"Já ensinamos matemática, geografia, regras de vela e questões ambientais aos jovens, e agora vamos treiná-los especificamente para as competições. Nosso sonho é manter a tradição de Itajaí e ter um velejador saindo daqui para competir, quem sabe, na Olimpíada do Rio, em 2016. ", complementa Copello.
Nautica Show supera expectativas - Como tudo que está ligado à Parada de Itajaí , os resultados da Nautica Show superaram todas as expectativas. A feira foi montada no pavilhão do Centreventos, com 68 estandes e movimentou cerca de R$ 22 milhões, considerando as pré-reservas feitas pelos oito espaços reservados a projetos imobiliários.
"A Nautica Show foi uma grata surpresa para todos, movimentando vários segmentos como a área de imóveis, náutica, pequenas empresas da região e de serviços. Se Itajaí sediar novamente a Volvo Ocean Race a feira duplica de tamanho", informa o organizador Jean Gern, da Pathros.
Em função do sucesso da Nautica Show, a promotora já lançou a Itajaí Náutica Show, para junho de 2013, no mesmo Centreventos, com previsão de 100 estandes. Além disso, o evento terá área de exposição onde está montada hoje a Vila da Regata e vagas molhadas no Rio Itajaí-Açu, no mesmo formato de feiras náuticas já consolidadas no Brasil, como a Rio Boat Show. "A Nautica Show da Parada de Itajaí ajudou a consolidar nossa posição de promotores de feiras no Sul do Brasil", acrescenta Gern, que é da cidade e organiza oito feiras anuais, cinco em Itajaí e três em São Paulo.
Ciclo de Palestras debate desenvolvimento e sustentabilidade - Duas mil pessoas participaram do Ciclo de Palestras Stopover Univali. O evento ocorreu em paralelo à Parada de Itajaí da Volvo Ocean Race, no auditório do Centreventos e reuniu, entre os dias 9 e 20 de abril, e debateu o desenvolvimento humano, sustentabilidade e o Brasil da Rio+20.
Entre os destaques do evento, a palestra com o velejador Amyr Klink, que ocorreu no dia 17, contou com lotação acima do esperado. Na ocasião o velejador falou sobre a sustentabilidade como elemento de competitividade.
A palestra com outro velejador, Vilfredo Schürmann, também trouxe público em massa para o auditório do evento, no dia 18. Na ocasião o palestrante relatou aspectos vivenciais e fez uma análise dos diversos sistemas ambientais dos 54 países que visitou mostrando, com exemplos, como contribuir para a preservação do planeta. Ele contou como suas experiências, durante as duas voltas ao mundo a bordo de um veleiro, contribuem com a biodiversidade.
No encerramento, dia 20, um mini fórum sobre oceanos reuniu Knut Froatad, chefe executivo da Volvo Ocean Race; Roberto Vámus; João Luiz Baptista de Carvalho e José Angel Perez, pesquisadores da Univali; e Leopoldo Cavaleri Gerhardinger, do projeto Meros do Brasil.
Camper e Abu Dhabi disputam liderança da sexta perna - A 4.400 milhas de Miami, Camper e Abu Dhabi lideram a sexta perna até Miami, nos Estados Unidos, com uma pequena vantagem dos neozelandeses (uma milha e meia à frente). Logo atrás está o Puma, seguido pelo líder na classificação geral, o Telefónica, e o vencedor da última perna, o Groupama. O informe da tarde desta segunda-feira dava conta que a flotilha estava na altura de Ilhabela, no litoral paulista, com ventos entre 10 e 13 nós.
O Sanya já está na terra do Tio Sam, depois de uma grande avaria no barco, que o impossibilitou de disputar as duas últimas pernas.
Como o trajeto até o território norte-americano é a última corrida mais "oceânica", as equipes já estão se preparando para os trajetos mais curtos entre um porto e outro, o que deixará a corrida mais dinâmica e exigindo estratégias mais rápidas das equipes.
O comandante do Telefônica ressalta que o barco está muito melhor do que no trajeto entre Auckland (Nova Zelândia) e Itajaí. "Nos tivemos alguns dias de descanso, pois daqui pra frente as pernas tornam-se cada vez mais costeiras", afirma.
Depois de ver cinco dos seis barcos quebrarem na última perna, a preocupação do atual líder da sexta perna é fazer que o trajeto seja mais tranquilo. "Antes de falarmos sobre estratégia é preciso pensar no humor da equipe e nós todos estamos sentido que as coisas estão caminhando bem. Certamente existem muitos pontos abertos sobre a mesa e nós iremos lutar por eles até o fim", comenta Chris Nicholson, comandante do Camper.
Fonte: Release ZDL
Concordo. Itajaí soube fazer do limão uma caipirinha ...
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