A Câmara Municipal do Rio comemora o Dia Mundial da Água
Em comemoração ao Dia Mundial da Água, o vereador Dr. Edison da Creatinina promoveu um encontro da Conselheira Nacional e Estadual de Recursos Hídricos, Ninon Machado, e o Engenheiro Florestal e Ambientalista, Axel Grael, também presidente da ONG Projeto Grael, para palestra de conscientização das responsabilidades sobre os recursos hídricos da Cidade e do Planeta.
Ninon, recém-chegada do 6º Fórum Mundial da Água, na cidade de Marselha, na França, que contou com a participação de 140 países, deu um panorama geral sobre a atual situação política e sobre como o mundo está se posicionando em relação às águas de nosso planeta.
O Fórum revelou números alarmantes que anunciam o tamanho do problema que o planeta precisa enfrentar. Aproximadamente dois bilhões de pessoas não têm acesso à água potável. São milhões de mortos por ano em todo o mundo em virtude de riscos sanitários. Segundo cientistas, em 2050, serão nove bilhões de pessoas no planeta, que em virtude de secas, enchentes e alterações climáticas colocarão nossos mananciais em perigo, esgotando assim a água doce do planeta.
Ninon Machado fez um apelo para que todas as casas legislativas criem legislações sobre a água, em especial a do Rio de Janeiro.
Na sequência, Axel Grael falou sobre a Gestão das Águas. Segundo o ambientalista, o Rio de Janeiro tem um relevo acidentado. São maciços costeiros e baixadas. Um relevo de características especiais, onde as chuvas vêm de zonas de muita energia (encostas) para zonas de baixa energia e dispersão (baixadas), estimulando as enchentes na cidade. Também tem um microclima especial. Durante o dia recebemos a brisa úmida do mar, e a noite tem ventos secos que sopram do continente em direção ao mar. Temos um agravante, que é a cultura de soltar balões durante a noite, expondo as encostas mais secas a incêndios.
O Rio de Janeiro já foi pioneiro em saneamento básico, explicou Axel, mas isso se perdeu no tempo, pois deixamos de investir nessa área e permitimos que os esgotos afetassem nossos mananciais. Antigamente, as grandes distâncias percorridas pelo esgoto permitiam que ele se diluísse durante o trajeto, mas depois, com obras de coleta de esgoto incompletas como as do Programa de Despoluição da Baía de Guanabara - PDBG, isso terminou, pois possibilitou a chegada rápida do esgoto nas praias, lançando uma grande carga de esgoto in natura na Baía de Guanabara, e elevando os índices a níveis alarmantes de poluição. Hoje temos, no estado do Rio, quatro municípios da Baixada Fluminense que figuram dentre os 10 mais poluídos do Brasil, de acordo com o ranking do saneamento do Instituto Trata Brasil. A Bacia de Jacarepaguá tem um sistema lagunar interessante que ainda sofre as consequências de brigas judiciais que emperraram as obras por décadas.
Na Baia de Guanabara existem problemas graves, afirma Axel. Já existem espaços tão assoreados que não permitem navegação, devido ao tamanho de despejo de sedimentos, material orgânico e lixo. Axel relata ainda que a Baía de Guanabara passa por um processo acelerado de transformação de uso, deixando os seus usos tradicionais (pesca, transporte, atividades portuárias, construção naval, esporte, lazer, etc) para abrigar infraestrutura e logística para as atividades offshore e de petróleo & gás, criando conflitos entre usuários da Baía. Não há hoje uma instância para ordenar estes usos e para dirimir estes conflitos.
Axel defendeu a criação de um ente inspirado nas Bays Authorities (veja mais em "Quem cuida da Baía de Guanabara?" e "Respondendo a Aspásia Camargo"), existentes em outras baías no mundo. A Autoridade da Baía de Guanabara não seria necessariamente "mais um órgão público" a competir com os atuais, mas um ente que funcionaria como uma "sala de situação", articulando a ação das instituições responsáveis pela Baía de Guanabara.
Outro aspecto levantado foi a necessidade de manter uma atenta vigilância cidadã quanto ao cumprimento das promessas ambientais da candidatura olímpica do Rio para sediar os Jogos Olímpicos de 2016. Na ocasião, as autoridades prometeram resolver 80% da poluição da Baía de Guanabara, despoluir o Sistema Lagunar de Jacarepaguá e limpar a Lagoa Rodrigo de Freitas.
Axel Grael revelou ainda a importância de se definir algo semelhante para as praias: uma autoridade responsável pela gestão das praias no Rio de Janeiro. Uma iniciativa que já existe em outros países. Segundo Axel, existem muitos órgãos responsáveis pelas praias, mas quem é o "dono" das praias? Seria importante que uma autoridade pública fizesse essa intermediação entre os Poderes para chegar a um novo fator de administração costeira.
O vereador Dr. Edison da Creatinina reafirmou sobre a importância das águas para as cidades e para o cidadão. Disse também que devemos ser responsáveis pelo bom uso dos recursos hídricos, pois se trata de um bem a ser legado para a humanidade e para as gerações futuras.
Ao final, o vereador agradeceu a presença de todos e falou sobre a importância do compartilhamento do conhecimento. Para o Dr. Edison da Creatinina, somente através do conhecimento poderemos encontrar caminhos para o equilíbrio do meio ambiente e de outros conflitos na sociedade. A importância desse compartilhar aproxima as pessoas e ilustra os fatos da vida.
Fonte: Blog do dr. Edison da Creatinina, com alterações livres no texto por Axel Grael em alguns trechos referentes à sua fala.
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