Ex-ministro e negociador na Eco-92 vê dispersão de objetivos em conferência da ONU.
Um grupo coordenado pelo embaixador Rubens Ricupero deve encaminhar ao governo brasileiro um documento criticando a pauta da Rio +20, conferência da ONU sobre desenvolvimento sustentável que acontecerá em junho, no Rio.
De acordo com Ricupero, a organização da Rio +20 está marginalizando o tema ambiental e erra ao abordar vários assuntos relacionados ao desenvolvimento sustentável de maneira desfocada.
Isso significa, por exemplo, centrar a agenda da conferência no debate sobre a possível criação de uma agência da ONU para o desenvolvimento sustentável.
"O Brasil vive insistindo que temos de ver o lado econômico, o ambiental e o social do desenvolvimento sustentável. Mas qual é o foco? Ninguém sabe. O foco é tudo", disse Ricupero durante uma reunião sobre a Rio +20 promovida pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).
"Essa abordagem é incorreta. As pessoas não percebem que o ambiente é a condição de possibilidade dos pilares econômico e social. O foco da conferência Rio +20 deve ser ambiental", disse.
Para o embaixador, a agenda da Rio +20 deixa de fora um alerta sobre problemas ambientais urgentes, como a extinção acelerada de espécies por causa de mudanças que afetam o clima.
ERA GLACIAL
"O que nos separa da última era glacial é uma diferença de 5 graus Celsius. Se nós tivermos mais 5 graus Celsius a partir de agora, não sabemos o que vai acontecer."
A movimentação de Ricupero contra a pauta da conferência é simbólica. Ele foi um dos principais nomes da Eco-92, responsável pelo capítulo financeiro do documento resultante da reunião. Ricupero também já foi secretário-geral da Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento) e ministro da Amazônia e do Meio Ambiente de 1993 a 1994.
O texto contra a Rio +20, de acordo com Ricupero, está começando a ser preparado por ele e por colegas como o físico José Goldemberg, da USP, e o ex-deputado ambientalista Fábio Feldmann.
Antes de ser enviado ao governo, o documento será revisado por cientistas e pelo Fórum dos Ex-Ministros do Meio Ambiente, criado para discutir o Código Florestal.
A ideia é que o texto seja incluído na agenda do encontro no Rio. "Mas, se isso não acontecer, queremos que ele seja incluído no debate da sociedade civil", disse
(Folha de S.Paulo, 8/3/12)
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