Para ganhar o direito de sediar os Jogos Olímpicos de 2016, o Rio de Janeiro passou por um verdadeiro vestibular e teve que superar outras cidades candidatas como Tóquio, Chicago, Madri. A cidade teve que apresentar um projeto e comprometer-se com investimentos em infraestrutura, planos sociais e melhorias ambientais. O descritivo das condições ambientais do Rio e os compromissos ambientais foram expressos no Volume 6 - Meio Ambiente e Meteorologia, parte integrante do relatório de candidatura.
Algumas dessas promessas foram ambiciosas e decisivas para que o Rio de Janeiro convencesse que os Jogos seriam realizados em ambiente saudável. Ainda na fase de candidatura, o Rio de Janeiro recebeu delegações de técnico do Comitê Olímpico Internacional e o meio ambiente foi sempre um dos pontos de maior preocupação e foi um dos principais motivos pelo qual o Rio perdeu as candidaturas anteriores.
Prometemos muito e seremos cobrados. Como cidadãos, cabe-nos cobrar para que as promessas sejam cumpridas. Primeiro, por que nunca tivemos uma oportunidade tão favorável para reverter os nossos passivos ambientais. Segundo, pois se não cumprirmos o prometido, o Rio se desmoralizará para futuros pleitos de sediar eventos internacionais.
Anote ai as principais promessas ambientais da candidatura do Rio de Janeiro:
- Investir US$ 4 Bilhões para a despoluição da Baía de Guanabara e do Sistema Lagunar de Jacarepaguá.
- No caso da Baía de Guanabara, a promessa é alcançar 80% de tratamento de esgoto.
- Investir US$ 165 milhões na despoluição da Lagoa Rodrigo de Freitas.
- Geradores a etanol para as operações de radiodifusão (temporário)
- Piscinas do COT (Centro Olímpico de Treinamento) e Pentatlo com aquecimento solar
- Células fotovoltaicas nos Halls do COT para poupar energia.
- “Tecnologia de ponta brasileira de célula de hidrogênio e etanol na iluminação das estruturas temporárias”.
- Sistema de Gestão de Energia nos prédios novos
- Coleta de óleo das cozinhas para gerar biodiesel
- Parque Eólico Quintanilha Machado suprirá a demanda excedente dos Jogos: o Rio prometeu que a nova usina eólica de Arraial do Cabo gerará 180MW, mais do que o consumo extra da Rio 2016.
- 100% de transporte público para expectadores e força de trabalho
- Ciclovias
- 100% da frota T1 e T3 com etanol
- 100% da frota de ônibus com alto índice de combustível limpo (biodiesel, etanol)
- Análise da contaminação do solo a cada nova obra
- Aumento de áreas verdes com a construção dos equipamentos olímpicos
Estudos especiais de proteção à flora e à fauna no COT, Parque Radical, Marina da Glória e Lagoa Rodrigo de Freitas
- 100% de certificação LEED nos novos prédios
- Critério de distância mínima para o transporte de materiais e reutilização de resíduos de obras.
- Zonas verdes e pequenos lagos artificiais em novas construções
- “Construções silenciosas”
- Barreiras acústicas vegetais
Jogos Neutros em Carbono
- O RJ plantará 24 milhões de árvores até 2016. OBS: Para atender a esta promessa, serão necessários no mínimo 10.000 hectares, ou seja, 2,5 vezes a área do Parque Nacional da Tijuca.
Estamos cumprindo as promessas?
Eu convido a todos a ficarem atentos com relação à lista acima e cobrarem das autoridades governamentais e olímpicas brasileiras. Como exemplo, vamos verificar algumas promessas:
Baía de Guanabara
Tenho afirmado que se os Jogos 2016 fossem hoje, o Rio de Janeiro estaria oferecendo ao mundo a pior raia olímpica de vela da história olímpica. As competições de vela serão realizadas na Baía de Guanabara e o nível de poluição atual ainda é muito elevado, principalmente a poluição resultante da falta de saneamento. Para reverter a situação, o governo estadual anunciou o PSAM - Programa de Saneamento Ambiental dos Municípios do Entorno da Baía de Guanabara, que investirá R$ 2 bilhões em saneamento até 2016.
Balneabilidade das praias do Rio de Janeiro
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Apenas como exemplo, vamos analisar a situação da poluição das praias do Rio de Janeiro. O gráfico acima indica a classificação do site UOL sobre a balneabilidade das praias em diversos estados. Conforme pode ser constatado, o Rio de Janeiro não está bem na foto. Os números indicam a quantidade de praias consideradas próprias ou impróprias para o banho, de acordo com o programa de monitoramento desenvolvido por cada estado.
O monitoramento da balneabilidade é feito em cumprimento à Resolução CONAMA 274/2000. No Rio de Janeiro, durante décadas, o serviço foi prestado pela FEEMA e continua a ser desenvolvido pelo INEA. Os resultados do monitoramento da qualidade da água e das praias pode ser acompanhado pelo site do INEA.
A classificação apresentada pelo site UOL é uma tentativa de comparar a situaçãos das praias dos diferentes estados. A forma de divulgação é boa para sensibilizar para o problema, mas tem problemas. Na verdade, o RJ é pioneiro no monitoramento de suas praias e acompanha o comportamento de um grande número de praias, incluse algumas localizadas em local de elevado índice de poluição. Por sua vez, o mesmo acompanhamento é mais seletivo em outros estados.
Ao afirmar isso, não pretendo minimizar o problema no Rio, que é muito preocupante. O resultado acumulado do monitoramento das praias divulgado pelo INEA mostra uma tabela com a situação, em 2012, de cada praia da Barra da Tijuca à Zona Sul da cidade e você poderá constatar a quantidade de praias indicadas na cor vermelha, ou seja, classificadas como "Não recomendadas" ao banho pelo órgão ambiental.
Vale lembrar que a candidatura do Rio de Janeiro para sediar os Jogos Olímpicos de 2016 prometeu elevar o índice de balneabilidade das praias da Zona Sul e Barra da Tijuca dos atuais 50% de praias próprias para 80%!!! Faltam pouco mais de quatro anos para o Rio de Janeiro cumprir o prometido.
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