segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Novo ministro da Ciência e Tecnologia faz apologia do petróleo e minimiza tecnologias limpas

Minha opinião:

Petróleo: dádiva ou sina?

"Enquanto os outros usarem petróleo, temos que usar também". Se de fato foi isso que o novo ministro que acaba de tomar posse quis dizer, começou muito mal. Será que é esta a posição que a Ciência e Tecnologia brasileira defenderá na Rio+20? Vamos reeditar em casa o discurso retrógrado de apologia à poluição que fizemos na Conferência de Estocolmo?

Concordo que ter petróleo é uma dádiva e deter uma tecnologia avançada para explorá-lo é um orgulho e uma conquista. Mas não seria também uma consequência e uma obrigação?

O petróleo é uma dádiva, mas não pode ser também uma sina. Saibamos nos beneficiar da dádiva, mas sem que com isso o Brasil arvore-se promover um "abraço do afogado" planetário. Só porque temos petróleo, vamos aderir incondicionalmente ao caminho do suicídio climático?

Temos a dádiva do petróleo para nos ajudar no presente e tantos outros insumos (vento, sol, calor, água, terras férteis, litoral, território, recursos humanos, biodiversidade, outros minerais estratégicos, etc) que nos impulsionarão ainda mais no futuro pós-petróleo. Que sejamos sábios o suficiente para usar a nossa dádiva de forma responsável, ajudando o Brasil a se posicionar favoravelmente no futuro pós-petróleo.

Espero que não tenhamos um ministro de Ciência e Tecnologia olhando pelo retrovisor e incapaz de avistar o futuro que é todo a nosso favor.

Axel Grael

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"O Estado de São Paulo", 30 de janeiro de 2012.

'É cedo para desistir do petróleo', diz Raupp,

Em tempos de aquecimento global, a tendência do Brasil é diversificar sua matriz energética, com incentivos a fontes renováveis, que emitam pouco carbono. Mas ainda é cedo para parar de investir em tecnologias ligadas aos combustíveis fósseis, segundo Marco Antonio Raupp.

"Não podemos nos dar ao luxo de dizer que seremos o primeiro país do mundo a não usar petróleo. Isso é de um idealismo extremo que não comporta os interesses do Brasil", avalia Raupp. "A matriz energética do mundo não vai mudar de repente; vai levar tempo. Enquanto os outros usarem (petróleo), temos de usar também."

O novo ministro cita a exploração de petróleo em águas profundas pela Petrobrás como um símbolo de excelência científica e tecnológica do Brasil. E de como a sinergia entre indústria e academia pode estimular o desenvolvimento econômico do País.

"A Petrobrás é uma liderança mundial, com tecnologia nacional, e chegou a isso financiando as universidades e criando um centro de pesquisa (o Cenpes, com a Universidade Federal do Rio de Janeiro), que articula o conhecimento gerado nas universidades e sabe colocar esse conhecimento nas suas empresas fornecedoras de tecnologia", afirma Raupp. "É por isso que temos tanto sucesso explorando petróleo no oceano."

Uma das prioridades de Raupp será estimular esse tipo de parceria em outros setores, para que o conhecimento científico gerado nas universidades possa ser absorvido pela indústria e transformado em tecnologia. Uma ferramenta essencial nesse processo, segundo ele, será a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), criada no final da gestão de seu antecessor no ministério, Aloizio Mercadante.

A ideia é que a Embrapii faça pela indústria brasileira o que a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), criada em 1973, fez pelo agronegócio nas últimas quatro décadas. "Eu pretendo terminar de construir essa Embrapii, incrementá-la e fazer com que ela funcione, no sentido de articular a prestação de serviços para empresas interessadas (em fazer inovação)", disse Raupp. "Confio que, dando força para a Embrapii, teremos uma modificação no cenário industrial brasileiro." / H. E.

Fonte: Estadão

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