Pescadores de Itaipu consertam rede danificada pelo lixo. Foto Luiz Ackermann. |
Considerado pelos pescadores da colônia de Itaipu como o grande vilão da pesca artesanal na região, o despejo naquela praia do material de dragagem da zona portuária — conhecido como bota-fora — será revisto. O Ministério Público estadual (MP) formulou um parecer sobre o tema, no qual recomenda a realização de estudos que levem à escolha de outra área para a destinação dos detritos.
No documento, redigido pela promotora Rosani da Cunha Gomes, da Promotoria de Justiça da Tutela Coletiva de Meio Ambiente da capital, foi ressaltado que “não existem provas de que a área do bota-fora seja adequada ambientalmente e que não promova impactos nocivos”. A promotoria também reconheceu que há indícios de “prejuízo ecológico e à economia pesqueira”.
Ainda segundo o parecer, não há informações sobre a quantidade de lixo presente no material dragado e é necessário prevenir impactos maiores.
A comunidade pesqueira comemorou a recomendação do MP. Para o pescador Otto Sobral, um dos representantes da colônia Z-7, de Itaipu, é importante perceber que o poder público vem se conscientizando sobre a necessidade de preservar o ecossistema marinho.
— Os recursos marinhos são limitados, e devemos ter a consciência que os oceanos têm um limite de saturação — declara.
Prejuízos fazem colônia de pescadores encolher
Ao longo da última década, os pescadores da colônia Z-7 vêm denunciando os efeitos da degradação ambiental resultante do bota-fora no entorno da Ilha do Pai, próxima à enseada de Itaipu. Segundo Mauro Freitas, vice-presidente da associação de pescadores da região, problemas como a diminuição das espécies de peixes afastaram pescadores do local. Além disso, a produção, que chegava a 200 quilos por barco, hoje não passa de 80 quilos.— Muitos pescadores, que nasceram e pescaram aqui a vida toda, acabaram procurando outros empregos. Os que restaram estão esperando uma solução — relata o pescador, que nasceu na colônia e não pensa em deixar o ofício.
Irmão de Mauro, o também pescador Celso Freitas relata os prejuízos constantes sofridos pelos associados da colônia de Itaipu:
— Tem pescador que abandona a rede no mar, porque não tem condições de puxar de volta, devido à quantidade de lixo preso. Depois, são duas semanas até as redes ficarem limpas e poderem ser usadas de novo — conta Celso, acrescentando que o valor de uma rede varia entre mil reais e R$ 4 mil.
A Fundação Instituto de Pesca do Estado do Rio de Janeiro (Fiperj) informou, por meio de nota, que apresentou ao Instituto Estadual de Ambiente (Inea) um estudo de georreferenciamento, no qual indica novos pontos para o despejo. Antes, porém, o Inea — que não se pronunciou — precisa providenciar o licenciamento da operação.
Fonte: O Globo Niterói
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