Niterói precisa de um Plano de Arborização Urbana
Apesar de contar com belíssimos e valiosos exemplares, a arborização da cidade de Niterói tem problemas devido à utilização de algumas espécies inadequadas e, principalmente, pela falta de uma política sistemática de gestão e pelo maltrato que se viu ao longo dos anos. Vemos muitas árvores deformadas por podas predatórias, doentes e que não cumprem adequadamente o seu papel ecológico (abrigar espécies da fauna urbana), ambiental (amenização do microclima, controle da poluição sonora, etc.), paisagístico e urbano.
Precisamos então de um Plano de Arborização Urbana. Por falta dele, Niterói não conta com um procedimento sobre como cuidar de suas árvores e, como consequência, estamos perdendo o nosso patrimônio arbóreo. Não há rotina, equipes devidamente preparadas e, acima de tudo, método. As ações são ainda pontuais, atendendo pedido a pedido, o que gera ineficiência e falta de visão de conjunto. Poda-se uma árvore porque houve um pedido, em detrimento de outra árvore ao lado, que pode estar precisando de cuidados mais urgentes. Queremos um plano que estabeleça uma rotina e que se avance de um mero "varejão" de atendimentos burocráticos.
"Poda-se uma árvore porque houve um pedido, em detrimento de outra árvore ao lado, que pode estar precisando de cuidados mais urgentes. Queremos um plano que estabeleça uma rotina e que se avance de um mero "varejão" de atendimentos burocráticos".
Sou engenheiro florestal e sei o quanto a nossa arborização em Niterói requer cuidados urgentes. Participei da elaboração do Plano de Arborização do Rio, quando fui Diretor Executivo da Fundação Parques e Jardins daquela cidade. Sei que um Plano de Arborização eficiente e responsável não trata apenas de poda, mas de manejo, ou seja, cuidados como tratamento de doenças, infestação de parasitas e outras formas de profilaxia.
Precisamos de um Plano de Arborização que regule o plantio das árvores a fim de evitar conflitos com outros equipamentos urbanos no futuro. Um Plano de Arborização que estabeleça regras e proteja as árvores de certas pessoas que querem se ver livres delas por motivos dos mais diversos e, às vezes, até por razões fúteis: "por que cai folha na piscina", "por que atrai bichos", "faz sombra". E tem gente que acha que "a árvore tem que ser podada, simplesmente porque nunca foi podada antes". Árvores não nasceram para serem obrigatoriamente podadas. Quem já lidou com a arborização das cidades sabe como o convívio das mesmas com certos concidadãos é difícil.
"...um Plano de Arborização eficiente e responsável não trata apenas de poda, mas de manejo, ou seja, cuidados como tratamento de doenças, infestação de parasitas e outras formas de profilaxia".
A iniciativa de desenvolvimento de um Plano de Arborização Urbana da secretária de Conservação Dayse Monassa, com a parceria da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Sustentabilidade (SMARHS) é louvável, tem o nosso apoio e acompanhamento. A matéria abaixo, publicada pelo jornal O Fluminense deixou alguns pontos mal esclarecidos e acabou mal interpretada, principalmente por certos fomentadores de intrigas e catastrofistas de plantão.
Queremos sim mudar a composição de espécies por outras mais adequadas, mas isso se fará aos poucos, a medida que árvores mortas são repostas, novas áreas arborizadas são implantadas e, por consequência, novas mudas são plantadas. E queremos começar sim por São Francisco, um dos bairros com o patrimônio arbóreo mais valioso e sofrido, que precisa de manejo, de erradicação de erva-de-passarinho e podas corretivas da depredação feita a longo dos anos por concessionários, pela Prefeitura e até por alguns moradores.
Em outra iniciativa, já demos um ultimato às concessionárias para que resolvam a 'macarronada' de fios nos postes da cidade. Determinamos uma proibição de ampliação das redes enquanto não apresentarem - todas as empresas em conjunto - um plano de limpeza do espaço aéreo da cidade. É um primeiro ato. Já anunciamos a eles que nos lugares onde faremos as intervenções viárias, terão que se preparar para a implantação de redes subterrâneas, de forma a libertar a arborização do conflito com a fiação.
CONCLUSÃO:
Para que não persistam dúvidas e para corrigir informações inverídicas veiculadas nas redes sociais, ESCLARECEMOS:
Participação pública na elaboração do Plano de Arborização: o Plano de Arborização está ainda em fase preliminar, sendo elaborado pela equipe técnica da Prefeitura e quando a proposta estiver concluída, será submetida ao Conselho Municipal de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (COMAN), onde terá tramitação normal. Somos favoráveis à convocação de uma audiência pública.
Substituição de espécies inadequadas: a Prefeitura nunca afirmou que faria a eliminação de quaisquer indivíduos saudáveis e que cumpram a sua função ecológica, ambiental e paisagística na arborização pública, para substituí-la por outras de espécies diferentes. O Plano de Arborização terá uma relação de espécies recomendadas para diferentes situações e usos. As novas espécies recomendadas serão introduzidas gradativamente, a medida que sejam feitos novos plantios de expansão da arborização ou em substituição a indivíduos mortos ou que tenham sido suprimidos por outras causas.
Substituição de árvores por palmeiras: essa prática existiu no governo passado e NÃO no atual. Somos contrários a essa prática e eu já me manifestei publicamente contra isso. Em campanha para confundir e desinformar a população, foi divulgado uma matéria do jornal O Globo-Niterói ("Troca de amendoeiras por palmeiras gera polêmica"). Observe que a matéria é de 12/08/2012 (!!!), portanto referente ao período anterior à nossa gestão. Portanto, afirmar isso é uma mentira!!!
"Gestão da arborização": alguns tentaram interpretar o termo "gestão da arborização", citado por mim, como se fosse uma afirmação de intervenção que pudesse levar à destruição da arborização. Trata-se de mais uma tentativa de confundir. Caso alguém ainda tenha dúvida, "gerir a arborização" significa administrar, cuidar, tratar, zelar, proteger, curar as árvores de doenças.
Poda: em alguns casos, mais frequentes nas cidades, árvores requerem podas, para manter o equilíbrio das copas (poda de formação), para erradicar parasitas (podas de proteção), para retirar galhos podres (poda de profilaxia), para evitar conflitos com a fiação e iluminação pública (poda de manutenção). Podas podem ser muito prejudiciais às árvores e só devem ser feitas quando necessário. Nas orientações que sempre passei às equipes que trabalhavam comigo em "gestão de arborização", desde que fui diretor executivo da Fundação Parques e Jardins do Rio, nomeado pelo então secretário de Meio Ambiente Alfredo Sirkis, usei como um mantra a orientação: "In dubio pro arvore". Ou seja, que as intervenções sejam feitas apenas em último caso e da forma mais minimalista possível. Para cada caso, há uma técnica para que seja procedido com menor impacto para a árvore. E a poda não é a única forma de se cuidar de uma árvore. Outras medidas de cuidados fitossanitários são indispensáveis. Um Plano de Arborização existe justamente para implantar essas rotinas e esses procedimentos.
Portanto, a matéria não espelha exatamente o que pretendemos, mas está correta em apontar a prioridade que daremos ao assunto. Vemos que há claramente um esforço por parte de certas pessoas de confundir e manipular a boa fé da população. O motivo...???
Mas, o melhor antídoto para o boato é a informação. Oferecemos aqui os esclarecimentos e estaremos sempre a disposição para partilhar informações. É a nossa convicção e o nosso compromisso.
Axel Grael
--------------------------------
Veja outras postagens aqui no Blog sobre a arborização pública:
Prefeitura declara guerra à bagunça na fiação dos postes
Quanto vale uma árvore?
Calor, frescor e os ventos
Ilhas de calor na capital paulista causam chuvas mais fortes do que no resto do estado
-----------------------------------------------------------------
Matéria de O Fluminense, domingo e segunda feira, 21-22 de abril de 2013. Substituição de árvores está na mira da Prefeitura de Niterói
Desde o início do ano foram realizadas mais de 200podas de árvores na cidade para tentar evitar que folhas, galhos e raízes causem transtornos para moradores. Foto Julio Silva. |
Plano de Arborização Urbana prevê o manejo de espécies. Espécies nas ruas serão substituídas por outras adequadas à malha urbana. Mudança começa por São Francisco.
A Prefeitura de Niterói, através da Secretaria de Conservação e Serviços Públicos (Seconser), informou que estuda fazer o manejo de árvores nas ruas da cidade, substituindo as espécies por outras mais adequadas à malha urbana. A ideia é usar árvores sem muitas folhas que podem entupir galerias de águas pluviais, sem galhos que se entrelaçam à fiação nos postes e também sem grandes raízes que destroem as calçadas. O chamado Plano de Arborização Urbana está sendo tocado em parceria com a Secretaria de Meio Ambiente, a concessionária Ampla e o Centro Pró-Melhoramento de São Francisco, que sugeriu a intervenção. Por isso, o bairro da Zona Sul deve ser o primeiro a passar pelo manejo.
O projeto ainda está em desenvolvimento e por enquanto não há previsão de data para implantação, mas a prefeitura vê uma necessidade urgente em promover a mudança. Para se ter uma ideia da situação, Niterói vai completar este mês 250 podas de árvore em toda a cidade, mas apesar disso, várias ruas ainda sofrem com a falta de manutenção.
“Atualmente temos árvores apodrecidas, onde o serviço de poda já não é suficiente, além de espécies que não são adequadas para o meio urbano. O objetivo é reflorestar a cidade e garantir a manutenção destas novas árvores, unindo o verde com a vida urbana”, explicou a secretária de Conservação e Serviços Públicos, Dayse Monassa.
Entre as ruas que apresentam problemas, estão a Doutor Nilo Peçanha e Itapuca, no Ingá, Zona Sul de Niterói, onde em diversos pontos galhos se misturam aos fios e causam transtornos aos moradores.
“Isso aqui é muito ruim. A verdade é que alguma coisa precisa ser feita. Quando chove as pessoas ficam com medo de passar embaixo das árvores, justamente porque os fios já estão entre os galhos. Sem contar que tem apartamento onde morador não pode nem abrir a janela”, reclamou Alice Monteiro, de 88 anos.
Em Icaraí, na Avenida Almirante Ary Parreiras, esquina com a Rua Dom Bosco, galhos de árvores estão ameaçando causar acidentes porque estão encobrindo a sinalização semafórica. O problema também está gerando reclamação dos moradores.
Na Boa Viagem, moradores se queixam da falta de cuidado e manutenção da vegetação nas calçadas.
“As árvores das ruas do bairro precisam urgentemente de poda. Nunca ficaram tanto tempo sem passar por aqui. Moro no quinto andar do Edifício Pedra Negra, na Rua Antônio Parreiras, e não posso abrir a porta da varanda devido à grande quantidade de insetos que entram pelos galhos no apartamento”, reclama o morador Carlos Fernandes.
A Ampla informou, através da assessoria, que tem investido na melhoria contínua da qualidade do serviço prestado a seus clientes. Em Niterói, a empresa investiu mais de R$ 13 milhões ao longo de 2012 com obras de manutenção e qualidade nas redes de baixa e média tensão, poda de árvores e na ampliação da subestação do Ingá, que visa a melhorar a qualidade do fornecimento.
Crime
Na ausência do poder público ou das concessionárias, muitos moradores tentam resolver o problema com as “próprias mãos”, promovendo eles próprios a poda das árvores, ou contratando alguém que o faça. Mas o corte ou a poda das árvores sem autorização dos órgãos competentes pode ser considerado crime. O infrator pode ser detido e ainda ter que pagar multa de R$ 500.
O valor da multa ou da pena também muda dependendo do tipo de árvore em questão. Se a árvore apresentar características que a definam como de preservação permanente (as características podem ser encontradas na Lei nº 12.651 artigo 4 ou se for madeira de lei, que é mais durável (jatobá, pau-brasil, peroba, cedro, entre outras) o ato de corte ou poda é considerado crime e infração administrativa, fatores que agravam a transgressão.
Serviço
Quando houver necessidade de poda de árvores de qualquer tipo, o órgão competente deve ser comunicado, evitando assim que a poda seja prejudicial à árvore. Em casos em que a árvore estiver com a estrutura avariada ou ser detectada morte da planta, deverá ser feito um pedido de corte, que se configura em uma autorização, ou pedido para o órgão competente fazê-lo.
Fiação baixa atrapalha
O especialista em arborização e Urbanista da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, ex-morador de Niterói, Márcio Gualmo dos Santos, prevê que a prefeitura tenha um pouco mais de trabalho para colocar em prática o remanejo. Ele diz que os postes são baixos, o que não permite o plantio das espécies mais adequadas à região. Segundo ele, Niterói terá que usar árvores pequenas, uma vez que a fiação é baixa e as calçadas são estreitas.
“Tendo essa observação aliada ao clima, as melhores espécies seriam a Pata-de-Vaca, Resedá, Marinheiro, que não passam de cinco metros. Se optarem por árvores de médio porte e que chegam a 8 metros, em Niterói cairiam bem a Quaresmeira e Cássia Imperial, mas mesmo assim não seria a melhor opção para locais sem recuo predial”, ressalta o urbanista, acrescentando que além de embelezar o ambiente, elas reduzem vários tipos de poluição, tais como poluição do ar, da água, do solo, visual e sonora.
“Em arborização urbana é preciso dar preferência às árvores nativas. São elas que oferecem melhor equilíbrio ecológico e abrigo à fauna. É bom evitar árvores frutíferas, principalmente as exóticas e as de frutos grandes, que podem provocar acidentes na queda e sujar as vias urbanas”, explica.
Fonte: O FLUMINENSE
Axel Grael, enquanto o portal não volta ao ar, vocês ainda conseguem acessar um GUIA DE ARBORIZAÇÃO URBANA via cache do Google, em:
ResponderExcluirhttp://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:XW33enm_syAJ:www.tudosobreplantas.com.br/blog/index.php/2010/05/18/guias-de-arborizacao-urbana/comment-page-1/+&cd=2&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br
Vou fazer um teste de germinação aqui. Caso consiga germiná-las, garanto a vocês que parte do problema terá sido resolvido (se, claro, vocês quiserem adotar a solução que irei propor em seguida).
Outra coisa importante: que tal uma parceria com as empresas concessionárias para acabar com a fiação suspensa?
LOUVÁVEL E OPORTUNO SEUS ESCLARECIMENTOS SOBRE A PROPOSTA DO PLANO DE ARBORIZAÇÃO, FIZ UM EXCLARECIMENTO E DEFEZA DO PROJETO NA PÁGINA DO FACE DO OSCAR MOTTA, TENTANDO APAGAR UM INCÊNDIO QUE TENDIA A SE AVOLUMAR PELA FALTA DE INFORMAÇÕES. EM TEMPO: GOSTEI DA EXPRESSÃO CATASROFISTA DE PLANTÃO. É TUDO QUE NÃO PRECISAMOS NESSA EMPREITADA DA NOVA GESTÁO.
ResponderExcluirConcordo plenamente com os argumentos e parabéns pela iniciativa !
ResponderExcluir