O meu querido irmão Lars Grael publicou no seu site o encerramento da sua carreira internacional, fechando assim o que chama do "segundo ciclo" da sua carreira de atleta: a primeira da sua primeira medalha olímpica até o acidente de 1998 e o segundo no período que veio depois.
Lars atribuiu a sua decisão a:
Dentre as principais razões para a decisão, destaco o alto custo de me autofinanciar nas competições desde a descontinuidade do meu último patrocinador, que foi em 2015. Já não acho justo sangrar as contas da família para financiar indefinidamente minha trajetória na Vela Internacional. O momento é para dedicar-me às palestras que ministro com entusiasmo, e minha atual consultoria de Esporte para o Grupo Globo.
Nos dias de hoje, buscar patrocínio ficou muito difícil. Fora o fato, que nunca reivindiquei o benefício do Bolsa-Atleta que sempre tive direito desde à sua criação. Uma questão de consciência e ética.
Patrocínio! Hoje esse é um desafio imenso para os atletas no Brasil e para as iniciativas de esporte educacional, pois, além da crise, há uma paralisia da política esportiva no país devido ao atual imobilismo da gestão esportiva federal, que sequer consegue a nomeação da sua equipe de gestores. Isso ocorre um ano antes dos Jogos Olímpicos de Tóquio.
Admirado e reconhecido no Brasil e no exterior, Lars encerra mais um ciclo vitorioso na sua trajetória, mas o seu mérito e suas conquistas vão muito além da cena olímpica e esportiva no país.
O seu exemplo de coragem e resiliência perante a adversidade, a perseverança na busca da vitória, a propagação de ideias através de suas palestras e a militância por um esporte competitivo, mas também engajado e cidadão, o tornaram um protagonista do cotidiano nacional em várias dimensões.
Lars anuncia no texto abaixo que "aos 55 anos, terei mais tempo para o trabalho, para a família, para o Instituto Rumo Náutico (Projeto Grael) e para os amigos".
Conhecendo a sua dedicação a várias causas e a sua inquietação diante dos chamados das coisas por fazer, sabemos que o afastamento da agenda das competições internacionais não significa que o barco da vida vai parar no cais, mas vai encontrar outras singraduras.
Lars. Obrigado pelo privilégio de tê-lo como irmão. Tenho muito orgulho do imenso legado que você já construiu e certamente continuará a edificar.
Que bons ventos te levem sempre em frente.
Axel Grael
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Lars decide encerrar carreira internacional na ultra competitiva classe Star
All Things Must Pass é o nome do primeiro álbum da carreira solo do Beatle George Harrison.
Traz a reflexão quanto à transitoriedade na vida. Neste momento de decidir com a razão, sentir as limitações do corpo e ouvir o coração, tomei a decisão de encerrar minha carreira internacional na ultra competitiva classe Star.
Encerrar com equilíbrio e sentimento de dever cumprido.
Foram 19 anos dedicados à esta fantástica categoria na Vela e competindo com os maiores nomes da Vela Internacional. Para mim, era uma necessidade de provar, sobretudo para mim mesmo, o que a força de vontade seria capaz após meu acidente em 1998. Acidente que interrompeu minha carreira como velejador olímpico na classe Tornado.
Neste período, destaco como a maior conquista, o campeonato mundial de 2015 em Buenos Aires em dupla com o Samuel Gonçalves.
Em Campeonatos Mundiais na classe Star, além do título de 2015, destaco o Vice título de 2017 (nossa última participação em mundiais), o Bronze de 2009 e os 4º lugares em 2010 e 2016.
Na prestigiada Bacardi Cup, conquistamos o inédito (para uma equipe brasileira) bicampeonato de 2014 e 2015, e ainda, o Vice de 2013, além das 4ª colocações de 2017 e 2018.
Foram 7 campeonatos continentais (Sul-Americano e Hemisfério Ocidental), e 5 Vices (Europeu; Norte-Americano; Sul-Americano; Hemisfério Ocidental e Hemisfério Sul).
Lembro ainda de 16 títulos nacionais entre Campeonatos Brasileiros (7); Campeonatos do Distrito (7) e Pré-Olímpicas da CBVela (2).
Dentre as principais razões para a decisão, destaco o alto custo de me autofinanciar nas competições desde a descontinuidade do meu último patrocinador, que foi em 2015. Já não acho justo sangrar as contas da família para financiar indefinidamente minha trajetória na Vela Internacional. O momento é para dedicar-me às palestras que ministro com entusiasmo, e minha atual consultoria de Esporte para o Grupo Globo.
Nos dias de hoje, buscar patrocínio ficou muito difícil. Fora o fato, que nunca reivindiquei o benefício do Bolsa-Atleta que sempre tive direito desde à sua criação. Uma questão de consciência e ética.
Não significa o adeus à Vela. Velejador que é velejador, irá navegar até seus últimos dias... Encerro apenas minha carreira como velejador internacional na classe Star.
Agradeço a cada proeiro que tive o prazer de dividir cada experiência e cada emoção nas raias de regatas: Henrique Moura; Marco Lagoa; Marcelo Jordão; Renato Moura; Ronald Seifert; Brad Nichol e Samuel Gonçalves, além de outros que tive experiências momentâneas.
Meu maior agradecimento e reconhecimento vai para minha esposa Renata que nunca me faltou o apoio, carinho, dedicação, torcida e companheirismo. Para meus 3 filhos que entenderam minhas faltas, ausências e a prioridade para a paixão da Vela de competição.
Aos 55 anos, terei mais tempo para o trabalho, para a família, para o Instituto Rumo Náutico (Projeto Grael) e para os amigos.
Sentirei saudades da adrenalina nas largadas, das planadas nos dias de ventania, e, das disputas de cada passagem de boia.
Cada atleta sente seu momento. O meu chegou...!
Encerro um segundo ciclo na minha vida como velejador (o 1º foi desde a iniciação, pelas medalhas olímpicas na classe Tornado, e, até o acidente em 1998).
Minha competição de despedida será no Campeonato Europeu de 2019 a se realizar no Lago de Garda na Itália no período de 15 a 19 de Maio. Lá irei competir com o jovem proeiro Pedro Henrique (Bolder) Trouche. Bolder já é um fenômeno e atual vencedor da "SSL Finals" em dupla prodígio com Jorge Zarif.
Muito a produzir para o Esporte Brasileiro e muitos mares a navegar...
Lars Grael
Fonte: Site Lars Grael
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