sábado, 3 de julho de 2010

Elmo Amador

Elmo Amador. Foto do Museu da Pessoa: www.museudapessoa.net


A defesa da Baía de Guanabara perdeu nessa semana um de seus maiores protagonistas: o geógrafo e ambientalista Elmo da Silva Amador. Era também pesquisador, professor da UFRJ e exerceu cargo de diretor da Feema. Foi também um ambientalista de primeira hora, tendo participado de vários momentos emblemáticos da causa ambiental. Na década de 1970, teve atuação determinante na luta pela criação da Área de Proteção Ambiental de Guapimirim e uniu-se a Marcello Ipanema, liderança ambientalista pioneira do Estado do Rio de Janeiro, na campanha contra a Veplan, empresa cujo projeto causou sérios danos à Lagoa de Itaipu. A mobilização contra a Veplan gerou a primeira Ação Popular impetrada no Brasil.

De suas pesquisas acadêmicas e de sua militância em defesa da Baía, surgiu o livro “Baía de Guanabara e ecossistemas periféricos: homem e natureza”, publicado em 1997. Na obra, que é uma referência obrigatória para quem estuda ou usufrui da Baía, entende-se a sua origem geológica, os efeitos da transgressão e regressão marinha (avanços e recuos da linha de costa durante os períodos glaciais distintos), seus ecossistemas, bem como o início da ação humana sobre a região, desde a pré-história, até os dias de hoje, debatendo os impactos da urbanização, dos aterros e da degradação do seu entorno.

Em sua atuação ambientalista, Elmo era duro, ríspido e intransigente na crítica às autoridades. Possuía um discurso vigoroso até mesmo nos debates com os seus pares da luta ambiental. Mas sempre foi muito respeitado.

Na ocasião do lançamento de seu livro, Elmo Amador fez uma dedicatória em meu exemplar em que alertava: “Baía de Guanabara, personagem de uma longa história, ainda não concluída”. Suas sábias palavras são referenciadas na longa trajetória da Baía pelos milênios passados, sobre como nós a degradamos em tão pouco tempo e que há um futuro pela frente. Depende de nós construí-lo no caminho da sustentabilidade.

Obrigado, Elmo.

Da coluna "Rumo Náutico", de Axel Grael. Jornal O Fluminense, Niterói-RJ. 03/07/2010.

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