Mais um passo importante foi dado na execução do Programa Região Oceânica Sustentável (PRO-SUSTENTÁVEL), desenvolvido pela Prefeitura de Niterói com recursos obtidos junto ao Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF): o avanço na solução do problema de estabilidade da Praia de Piratininga.
Nas últimas décadas, seguidas ressacas têm causado danos à infraestrutura urbana, em particular, do Calçadão de Piratininga, que foi mais uma vez danificado em forte ressaca ocorrida em 2016. A atual gestão da Prefeitura de Niterói não quis repetir soluções paliativas utilizadas no passado e que duraram apenas até a próxima ressaca. Decidiu, então, fazer uma análise de toda a dinâmica costeira da praia e seu entorno e buscar a melhor solução que garanta a proteção e a melhor utilização deste cartão postal da cidade.
Contratação
A Prefeitura de Niterói concluiu o processo licitatório e eu assinei nessa semana que passou o contrato com a Aquamodelo Consultoria e Engenharia, empresa oriunda da Incubadora da COPPE/UFRJ, que vai elaborar estudos investigativos, relatório técnico de proposições de soluções e o Projeto Básico para estabilização da Praia de Piratininga e a recuperação do seu calçadão.
A empresa vai avaliar a dinâmica da praia e elencar todas as possíveis alternativas para recuperação e estabilidade da estrutura.
Também será feita a modelagem matemática de toda a praia e seu entorno para simular as diversas opções e assegurar o controle de impactos ambientais. O produto final será um projeto básico para, a partir dele, fazermos a nova licitação para a contratação das obras de reparo do calçadão.
O objetivo desses estudos que vêm sendo desenvolvidos é encontrar uma solução definitiva para o calçadão de Piratininga, que tem um histórico de destruição pela ação do mar. Todas as alternativas capazes de recuperar o calçadão estão sendo consideradas e, a partir da ação escolhida, será elaborado um Projeto Básico de Engenharia para o local.
O investimento é de R$ 750 mil e o prazo de conclusão dos estudos é de 9 meses.
Workshop
O contrato inclui a realização de um Workshop para apresentação dos dados coletados e das previsões dos cenários obtidos pelas modelagens e debater com a comunidade técnica-científica, com os técnicos da Prefeitura e atores sociais, sobre as alternativas técnicas mais adequadas para a recuperação do calçadão e proteção da Praia de Piratininga.
Apresento, a seguir, os objetivos e o escopo dos trabalhos contratados, conforme previsto no Termo de Referência, apresentado no Anexo 1 do Edital de Licitação para os serviços, publicado no site do PRO-SUSTENTÁVEL.
A estabilização e recuperação do Calçadão de Piratininga é mais um avanço importante para a melhoria da infraestrutura da cidade de Niterói e a sua elevação a uma referência de sustentabilidade urbana e qualidade de vida.
Vamos em frente.
Axel Grael
Secretário Executivo
Prefeitura de Niterói
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TERMO DE REFERÊNCIA
ESTUDOS E PROJETO BÁSICO PARA ESTABILIZAÇÃO DA PRAIA DE PIRATININGA
(Trecho selecionado do Termo de Referência. Para conhecer a íntegra do Edital e Termo de Referência, consulte aqui).
Realizar estudos preliminares de engenharia costeira e geotecnia a fim de avaliar a dinâmica da Praia de Piratininga;
Realizar modelagem matemática considerando em cada cenário as alternativas sugeridas a fim de subsidiar a escolha da ação de conservação a ser escolhida;
Elaborar relatório técnico apresentando um diagnóstico da área e proposição de soluções técnicas para recuperação dos trechos erodidos e para estabilidade da Praia de Piratininga, com a finalidade de subsidiar a escolha da melhor técnica a ser implantada;
Elaborar Projeto Básico de engenharia da alternativa escolhida.
2. ESCOPO DOS SERVIÇOS
O escopo dos serviços será realizado em quatro etapas: (i) pesquisa bibliográfica e estudos prévios, (ii) modelagem hidrodinâmica, (iii) relatório técnico de proposição de ações para estabilização da Praia de Piratininga e (iv) elaboração de projeto básico de engenharia da solução selecionada.
Etapa 1 – Pesquisa Bibliográfica e Estudos Preliminares
i. Pesquisa Bibliográfica
A CONTRATADA deverá levantar estudos pretéritos efetuados na região através de revisão bibliográfica e outros documentos, tais como imagens de satélite, fotos aéreas, dados fisiogeográficos (clima, geologia, geomorfologia, paleogeografia e oceanografia), histórico do uso e ocupação, dinâmica praial e o que mais julgar necessário a fim de consolidar o conhecimento do problema do processo erosivo que ocorre na praia, assim procurando-se ter uma base para o diagnóstico da situação.
Ainda deverão ser levantados os registros de ocorrências de ressaca e consequentemente de erosão e desabamento do calçadão da Praia de Piratininga, identificando as áreas de ocorrência predominantes, avaliando a intensidade dos danos e períodos de ocorrência e condições meteoceanográficas da época.
ii. Estudos Preliminares
Deverão ser executados estudos prévios, infracitados, que subsidiarão a formulação de proposições de ações para a recuperação da área e, também, do projeto básico da alternativa selecionada, que terão como base dados primários. Contudo, as informações deverão ser complementadas e corroboradas com os dados secundários.
a) Topografia de praia – levantamento topográfico e transporte litorâneo de sedimentos
Deverá ser feito o levantamento topográfico do arco praial nas mesmas regiões (extremo leste, meio e extremo oeste) onde já foram executados estudos na região costeira da Praia de Piratininga a fim de verificar áreas de acresção e/ou erosão, assim como feições morfológicas com variações topográficas significativas do terreno, tal como dunas frontais e cúspides do setor emerso da praia. Para a realização do levantamento topográfico poderão ser utilizados métodos clássicos como poligonação, nivelamento geométrico, perfil transversal a linha da costa e etc, assim como novas técnicas espaciais de posicionamento. Sendo assim, deverão ser realizados levantamentos topográficos em pelo menos duas campanhas, uma no inverno (período de ressaca) e outra no verão (período sem ressaca), em 13 (treze) perfis de praia, espaçados de 200 (duzentos) em 200 (duzentos) metros.
Para entender a dinâmica sedimentar, é necessário o entendimento e conhecimento dos processos que descrevem o comportamento da morfodinâmica na praia, de acordo com três escalas de processos: de longo termo (equilíbrio dinâmico – anos e décadas), médio termo (sazonal – inverno – verão) e curto termo (condições de tempestades – horas a dias), (Gonzáles et.al., 2009). Assim, também deverá ser verificada a tendência de estabilidade ou erosiva das áreas central, leste e oeste, face as condições oceanográficas e geológicas; visando uma avaliação das variações volumétricas do perfil de praia.
b) Batimetria da Praia de Piratininga
O levantamento batimétrico até 20m da LC, deverá ser realizado a fim de mostrar com precisão a morfologia do fundo marinho, identificando as feições morfológicas geralmente encontradas nas áreas submersas, tais como bancos e cavas.
Para o levantamento batimétrico poderão ser utilizados ecobatímetros, ecossondas ou perfiladores sísmicos, que permitam um mapeamento detalhado da morfologia do fundo. Este estudo deverá produzir uma tabela com registros ecobatimétricos georreferenciados, e os dados deverão ser tratados através de programas específicos para este tipo de dados, e os resultados apresentados em forma de mapas batimétricos e de relevo.
c) Caracterização sedimentológica da Praia de Piratininga - análise granulométrica da face praial
A caracterização sedimentológica tem como finalidade mostrar a composição textural e granulométrica do sedimento dos perfis de praia. Para isso deverão ser coletadas amostras de sedimentos superficiais em 13 (treze) pontos, em campanha única, correspondendo aos perfis de praia onde ocorrerão os levantamentos topográficos, contemplando as áreas do pós-praia, estirâncio, zona de arrebentação e antepraia. As coletas das amostras deverão ser realizadas nos primeiros centímetros de sedimentos superficiais, abrangendo uma área representativa do perfil.
Os resultados de granulometria dos perfis deverão ser apresentados em forma de gráfico (histograma e frequência acumulada) para cada local do perfil.
d) Morfodinâmica da praia
A morfodinâmica praial é um método de estudos que integra observações morfológicas e dinâmicas numa descrição mais completa e coerente da praia e zona de arrebentação (Calliari et al. 2003). Deverão ser realizados estudos a fim de avaliar o comportamento hidrodinâmico da Praia de Piratininga, analisando os dados de maré, correntes e ondas.
Marés
As medidas das variações periódicas do nível do mar na área de estudo são fundamentais, já que estão associadas às mares astronômicas e meteorológicas que junto com as ondas e o vento são as principais forçantes no transporte de sedimentos ao longo da LC.
Para isso, deverá ser realizado um levantamento do registro maregráfico da região por um período de 30 dias, de modo a contemplar os diferentes regimes de maré (sizígia e quadratura) nos períodos seco e chuvoso, perfazendo um total de 2 campanhas.
Ao fim do estudo pretende-se caracterizar o nível do mar, identificar as variações do nível do mar em diferentes escalas temporais e estabelecer as relações causais com fenômenos meteorológicos ou oceanográficos de escala local, de mesoescala ou larga escala.
Ondas
Quanto as ondas, deverão ser avaliadas as alturas, períodos, ângulo de incidência, direções predominantes (maior penetração de frente de onda, maior energia, comportamento em áreas rasas) fazendo uma reconstituição do clima de ondas, já que elas são o principal agente causador de erosão.
A obtenção de dados de ondas podem ser através de medições in situ ou a partir de modelos globais retrospectivos (dados de ondas de reanálise). Esta segunda alternativa apresenta a vantagem de suprir informações em locais onde não há medidas in situ ou onde estas medidas não englobam um intervalo de tempo longo (mais de 15 anos).
Como resultado deverá ser apresentado uma descrição do Clima de Ondas da região da Praia de Piratininga, contendo a análise estatística do Clima de Ondas interanual, sazonal e para todo o período avaliado.
Correntes
Deverão ser descritos o padrão geral das correntes para a região e caracterizar seu comportamento costeiro, identificando a intensidade e direção nas camadas próximas à superfície e ao fundo de acordo com as variações de maré (enchente e vazante). Para tanto, deverão ser realizadas medições de correntes através da instalação de equipamentos tipo perfiladores acústicos que possibilitem a medição de correntes na superfície e no fundo por período de 30 dias, em 2 (duas) campanhas (verão/primavera e inverno/outono) ou podendo também ser utilizados dados secundários recentes da área coletados por instituições de pesquisa de reconhecida expertise em estudos oceanográficos.
A partir da obtenção desses dados deverão ser esclarecidas as questões como qual a magnitude das correntes em frente a praia de Piratininga e quais as origens das correntes ali observadas.
e) Caracterização climática
Deverão ser levantados os principais parâmetros climáticos (direção e velocidade dos ventos) para a área de estudo, a partir de dados secundários disponíveis nas estações meteorológicas da PMN, localizada em Piratininga e dos dados do Instituto Nacional de Meteorologia – INMET a fim de caracterizar o vento da região e sua influência nas correntes marinhas locais.
Etapa 2 - Modelagem Hidrodinâmica para Avaliação das Alternativas
Conhecer e entender os efeitos das variações nas condições energéticas (oceanográficas e meteorológicas) da zona costeira no presente e no passado, bem como fazer projeções para o futuro, é essencial para a maioria dos projetos de engenharia, sendo um requisito básico para o gerenciamento costeiro.
A partir dos dados obtidos nos estudos prévios e dos dados secundários deverão ser aplicados modelos matemáticos de hidrodinâmica e transporte de sedimentos considerando os cenários atual e posterior a implantação de cada alternativa proposta, a fim de verificar o comportamento da praia pós intervenção, contemplando:
- condições de ondas;
- marés meteorológica e oceanográfica e suas variações sazonais;
- correntes e níveis da água ao longo da Praia de Piratininga;
- padrão de transporte de sedimentos e possíveis interferências nas praias adjacentes;
- variação da linha de costa e a determinação dos locais de erosão e progradação;
- estabilidade da feição resultante das intervenções propostas.
As simulações deverão abranger cenários representativos e durar um período suficientemente longo para que se tenha uma previsão representativa das mudanças possíveis na região, considerando inclusive a previsão de vida útil da intervenção realizada, sendo possível prever a resposta da praia após a implantação de cada ação de modo a subsidiar a escolha da melhor alternativa.
O modelo utilizado deverá atender a alguns requisitos básicos como: possuir ampla aceitação das comunidades cientifica e de engenharia, com extensa aplicação em diferentes estudos e projetos; ter sido desenvolvido em instituição de reconhecida capacidade técnica; possuir equipe técnica dedicada ao desenvolvimento e manutenção dos modelos e possuir documentação referente à sua base teórica e implementação numérica. O modelo deverá ser calibrado com os dados primários obtidos nos estudos preliminares.
Todos os resultados deverão ser apresentados em forma de gráficos e mapas de cenários, devidamente descritos e interpretados no Relatório. Deverão ser apresentadas a metodologia, as equações e os modelos utilizados, além de análises estatísticas quando aplicadas.
Etapa 3 – Elaboração de Relatório Técnico
O Relatório Técnico deverá ser elaborado em duas partes, sendo a primeira um Diagnóstico Hidrossedimentar da Praia de Piratininga baseado nos dados primários e secundários e nos resultados obtidos da modelagem, e a segunda parte a Proposição de Alternativas para a estabilização da Praia de Piratininga, devendo ser consideradas as estruturas mais apropriadas de acordo com os estudos especializados e as melhores práticas correntes no Brasil e no Mundo.
O Relatório Técnico, deverá ser apresentado e discutido em um workshop a ser realizado nesta fase, com a sociedade civil e comunidade técnica-científica, além da equipe técnica da PMN e da CONTRATADA, de modo que todos os interessados sejam ouvidos e participem da escolha da melhor alternativa.
Etapa 4 - Elaboração do Projeto Básico de engenharia da Alternativa Selecionada
Após a definição da alternativa técnica a ser implementada na Praia de Piratininga, deverá ser elaborado o Projeto Básico necessário à intervenção costeira para a recuperação daquela faixa costeira.
Para saber mais, consulte o site do PRO-Sustentável
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