Amazônia brasileira: ameaças ao meio ambiente no Brasil fazem soar alarmes de cientistas |
por Deutsche Welle
Estudo aponta que ainda há áreas livres dos impactos humanos em apenas um quarto da Terra, grande parte delas concentradas em cinco países
Além do Brasil, Austrália, Canadá, Rússia e Estados Unidos compõem o grupo de cinco países, segundo estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Queensland e da Wildlife Conservation Society (WCS), publicado na revista Nature. A pesquisa exclui áreas intocadas na Antártida e em alto mar que não estejam dentro de fronteiras nacionais.
No total, ainda há natureza selvagem intocada – áreas terrestres e marítimas praticamente não afetadas pela expansão da humanidade – em apenas um quarto do planeta. Elas são refúgio vital para milhares de espécies ameaçadas pelo desmatamento e pela pesca excessiva e fornecem alguns dos mais eficientes mecanismos de defesa contra eventos climáticos devastadores provocados pelas mudanças climáticas.
"Pela primeira vez, mapeamos áreas de natureza selvagem terrestres e marinhas e mostramos que não resta muito", afirmou James Watson, professor de ciência da conservação na Universidade de Queensland e principal autor do estudo.
"Um punhado de países abriga muito dessa terra intocada e eles têm uma grande responsabilidade de manter o que resta de natureza selvagem", alertou.
Os pesquisadores analisaram oito indicadores do impacto humano sobre a natureza, incluindo ambientes urbanos, terras agrícolas e projetos de infraestrutura. Em relação aos oceanos, eles usaram dados sobre pesca, transporte industrial e derrame de fertilizantes para determinar que apenas 13% dos mares do planeta têm poucas ou nenhuma marca da atividade humana.
Donald Trump – presidente dos Estados Unidos, um dos cinco países do seleto grupo – anunciou que seu país vai deixar o Acordo de Paris sobre o clima, assinado por quase 200 países e cujo objetivo é conter o aquecimento global.
Tal passo também foi sinalizado pelo recém-eleito presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, cujas posições em relação ao meio ambiente vêm repercutindo no cenário nacional e internacional e preocupando ambientalistas.
O capitão reformado do Exército também cogita uma fusão entre os Ministérios do Meio Ambiente e da Agricultura e, dois dias após o primeiro turno das eleições presidenciais, ele afirmou que pretende acabar com o "ativismo ambiental xiita" e também com a "indústria de demarcação de terras indígenas". Na ocasião, Bolsonaro falou em dar "retaguarda jurídica" aos produtores rurais, para que se defendam de invasões de terras.
Na Rússia, vastas áreas de floresta de taiga e permafrost contêm trilhões de árvores que absorvem gás carbônico da atmosfera, atenuando os impactos das emissões de gases do efeito estufa. O governo russo, no entanto, tem sido vago quanto a seus compromissos em relação ao meio ambiente e o presidente Vladimir Putin sugeriu no ano passado que as mudanças climáticas não são causadas pelo ser humano.
O mapeamento das áreas de natureza selvagem faz "soar os alarmes" da comunidade internacional, diz Watson. Devido ao consumo de combustíveis fósseis, madeira e carne, assim como à explosão populacional, somente 23% da Terra estão livres dos impactos da agricultura e da indústria, ressalta.
Há um século, as áreas intocadas correspondiam a 83% do planeta. Entre 1993 e 2009, uma área de natureza selvagem do tamanho da Índia foi perdida devido à ocupação humana, à agricultura e à mineração.
Os pesquisadores pediram mais leis para proteger áreas intocadas e incentivar a conservação ambiental. "É preciso que as nações legislem e não deixem a indústria entrar [nessas áreas]. A natureza precisa de uma pausa", afirmou Watson. "Acho que o mundo gostaria que esses [cinco] países dissessem que vão cuidar desses lugares."
O novo estudo foi divulgado na mesma semana em que o WWF alertou que as populações de animais do planeta diminuíram 60% desde 1970, devido sobretudo à ação humana. Watson e seus colegas da Universidade de Queensland e da WCS afirmam que as áreas de natureza selvagem da Terra estão passando pela "mesma crise de extinção que as espécies".
Fonte original: Deutsche Welle
Fonte: Carta Capital
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