segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

NITEROI SERÁ RECONHECIDA LEGALMENTE COMO A "CIDADE CAMPEÃ DA VELA"



COMENTÁRIO DE AXEL GRAEL:

O PROJETO DE LEI Nº 3774/2018, que Declara o Município de Niterói como “CIDADE CAMPEÃ DA VELA” no Estado do Rio de Janeiro, apresentado em 1 de fevereiro de 2018 pelo deputado estadual Waldeck Carneiro, é uma justa homenagem à história náutica da cidade de Niterói e suas inúmeras conquistas.

Trata-se de uma proposição de lei indicativa, mas a sua importância transcende a singeleza dos seus três artigos:

A ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

RESOLVE:

Art. 1º Fica declarado o Município de Niterói como “Cidade Campeã da Vela” no Estado do Rio de Janeiro.

Art. 2º O Poder Executivo poderá celebrar convênios e promover ações, programas e eventos que contribuam para a divulgação do título conferido no caput do artigo anterior, bem como estimular a prática da Vela no Estado do Rio de Janeiro, notadamente entre estudantes das redes públicas e particular de educação básica.

Art. 3º Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação.

Também merece atenção a Justificativa apresentada no processo que formalizou o projeto de lei:

Niterói é a única cidade do país a ter 13 medalhas olímpicas da vela oriundas de atletas locais, sem contar com títulos mundiais, nacionais e de classes de alto rendimento. Conta com seis iates clubes, dentre eles, o primeiro iate clube do Brasil, o Iate Clube Brasileiro.

Os clubes realizam regatas todos os finais de semana e a cidade já abrigou regatas internacionais e três edições da Copa Brasil de Vela, reunindo cerca de 32 países, na praia de São Francisco e expressivo número de velejadores superando os velejadores participantes dos Jogos Olímpicos de 2016. Usando a vocação náutica da cidade, pretende-se dar maior visibilidade ao esporte e fomentar o turismo.

NAVEGAR ESTÁ NO COTIDIANO DO NITEROIENSE

Vejamos o quanto Niterói é de fato uma cidade identificada com o mar, marinheira, campeã da Vela, da atividade náutica e naval.

Cidade praiana, portuária, pesqueira, dos esportes náuticos, sede da Esquadra Brasileira, dos fortes que protegiam a Baía de Guanabara, da construção naval, da atividade offshore, da mais importante ligação hidroviária do país, inaugurada em 1835.

Portanto, navegar está no cotidiano de uma grande parte dos niteroienses, que pega diariamente a barca para deslocar-se para o Rio de Janeiro. Poucas cidades têm uma alma e uma cultura tão marinheira como Niterói.

"Portanto, navegar está no cotidiano de uma grande parte dos niteroienses, que pega diariamente a barca para deslocar-se para o Rio de Janeiro".

Houve tempo, em que a distância entre bairros de Niterói, então pequenas freguesias, eram enormes. Obstáculos do relevo, áreas brejosas etc., dificultavam o acesso por terra. A ligação entre Icaraí e o Centro da cidade era precária, São Francisco e Jurujuba, eram quase isoladas, a Região Oceânica era remota. O jeito mais conveniente de se deslocar era por barcos.

Um bom relato sobre isso está no livro escrito, em 1890, pelo Visconde de Taunay, (Visconde de Taunay (1948): "MEMÓRIAS DO VISCONDE DE TAUNAY". Publicado pelo IPE - Instituto Progresso Editorial, São Paulo, SP. 649 p.) em que descreve as suas passagens pela Casa da Princesa, em Charitas.

O livro relata como era o transporte para a Corte, feito por faluas:
“Saimos da Jurujuba (...) embarcando às duas da tarde, em grande falua (*) que, ainda com noite já feita navegava longe do porto do Rio e com algum perigo. Não foi, pois, sem satisfação que desembarcamos no cais Pharoux, sacudindo o sono em que vínhamos quase todos mergulhados”.

A foto abaixo mostra que as faluas ainda estavam presentes na cena niteroiense há um século atrás:

Faluas atracadas no Centro de Niterói. Foto da década de 1920.


Veja, a seguir, mais algumas considerações relevantes sobre a importância da náutica na vida de Niterói, seja no esporte, como na economia, na cultura, enfim, na vida do seus moradores.

NITERÓI CAPITAL DA VELA: náutica esportiva em Niterói

Niterói foi pioneira em diversos esportes, como no remo, na vela, no rúgbi, no futebol (ambos esportes no Rio Cricket, clube niteroiense que sediou a primeira partida oficial de futebol do estado do Rio de Janeiro, em 1901) etc. A cidade revelou grandes nomes que fizeram parte da história em diversas modalidades esportivas, dentre eles a atleta Aída dos Santos - com uma linda e inspiradora história de pioneirismo e superação pessoal, que conquistou o quarto lugar no Salto em Altura, nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 1964. Além de um recorde brasileiro que perdurou por 32 anos, deixou como legado para o Brasil e para Niterói uma outra atleta: sua filha Valeskinha, medalha de ouro no vôlei, nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, na seleção de Bernardinho. Além de Aída, temos dentre outros os jogadores de futebol Gérson (Canhotinha de Ouro), Leonardo (campeão da Copa do Mundo de 1994), além de Fernanda Keller, Armando Barcellos e muitos outros nomes.

Mas, é na vela que Niterói alcançou o seu maior destaque. Com uma dinastia de sucesso na família Schmidt Grael, iniciada pelos irmãos gêmeos Axel e Erik Schmidt, conhecidos como os Gêmeos do Mar, foram tricampeões mundiais da classe Snipe, os anos 1961, 1963 e 1965.

Depois deles, vieram os medalhistas olímpicos Torben Grael (5 medalhas: duas de ouro, uma de prata e duas de bronze), Lars Grael (2 medalhas de bronze), Marcelo Ferreira (3 medalhas: duas de ouro e uma de bronze), Martine Grael (1 medalha de ouro), Isabel Swan (1 medalha de bronze), Clínio de Freitas (1 medalha de bronze) - todos os atletas aqui citados competiram pelo Rio Yacht Club (Sailing). Além destes, também são medalhistas em Niterói, Ronald Senfft (1 medalha de prata) e Nelson Falcão (1 medalha de bronze). Estes últimos foram atletas do Iate Clube Brasileiro.

Além das medalhas olímpicas, muitos são os títulos mundiais conquistados por velejadores de Niterói. Veja alguns destes títulos pegando como exemplo a listagem das conquistas divulgadas pelo Rio Yacht Club (Sailing).

A cidade conta hoje com um dos maiores parques náuticos do país, com seis iate clubes, duas guarderias de windsurfe e kyte surfe (Camboinhas e Charitas), uma marina para moto aquáticas (jet-skis), o Projeto Grael, além das três escolas de vela e de oito clubes de canoa havaiana, esporte que Niterói vem se destacando no cenário nacional e que atrai cada vez mais praticantes na cidade.

"A cidade conta hoje com um dos maiores parques náuticos do país, com seis iate clubes, duas guarderias de windsurfe e kytesurfe (Camboinhas e Charitas), uma marina para moto aquáticas (jet-skis), o Projeto Grael, além das três escolas de vela e de oito clubes de canoa havaiana, esporte que Niterói vem se destacando no cenário nacional e que atrai cada vez mais praticantes na cidade".

Vejamos um pouco mais sobre a trajetória esportiva náutica de Niterói:

PIONEIRA DO REMO: O Remo está na origem do esporte no Brasil, inclusive na origem dos principais clubes de futebol brasileiros da atualidade, que muitos ainda trazem a designação de "clube de regatas", "clube náutico" e etc. A primeira competição esportiva de remo realizada na Baía de Guanabara, em 1846, foi entre duas canoas: "Lambe-Água" e "Cabocla". A disputa partiu de Niterói e chegou à extinta praia de Santa Luzia, no Centro do Rio de Janeiro. Naquela ocasião, o Brasil descobria o esporte moderno. Décadas depois, o remo começou a se estruturar institucionalmente em Niterói com a criação do Grupo de Regatas Gragoatá e do Clube de Regatas Icaraí, ambos fundados em 1895.

PRIMEIRO IATE CLUBE: O primeiro iate clube do Brasil foi o "Yacht Clube Brasileiro", fundado no Rio de Janeiro, onde foi instalada a sua primeira sede, na Praia das Saudades nº 24 – Botafogo. Posteriormente, foi transferido para Niterói, para o local onde situa-se a sua sede atual, na Estrada Fróes.

A INCRÍVEL HISTÓRIA DE SUCESSO DO "SAILING": O Rio Yacht Club foi fundado em 14 de abril de 1914, sob a denominação de Rio Sailing Club, por isso é conhecido até hoje como "Sailing". O clube foi fundado e instalado exatamente onde está sua sede até hoje, na Estrada Fróes.

Para estimular a prática da vela, o mister Hagen, um dos fundadores do clube, desenhou o "Hagen-Sharpie", posteriormente aperfeiçoado por Preben Schmidt. Esta foi a primeira classe monotipo brasileira. O Hagen-Sharpie forjou uma geração de atletas da vela no Rio Yacht Club, que conquistou três títulos mundiais na classe Snipe (Axel e Erik Schmidt) que, depois, inspirou as novas gerações com Torben e Lars Grael, com 7 medalhas olímpicas e a mais nova safra do Sailing, com destaque para as mulheres, com as medalhas de Martine Grael (ouro) e Isabel Swan (bronze). Considerado o mais tradicional e bem-sucedido iate clube do Brasil, com 8 medalhas de ouro, 1 de prata e três de bronze), se o Sailing fosse um país, estaria em 78° lugar no quadro de medalhas (este quadro não existe oficialmente) e na frente de países como Chile, Venezuela, Uruguai, Peru e Costa Rica.


"Considerado o mais tradicional e bem-sucedido iate clube do Brasil, com 8 medalhas de ouro, 1 de prata e três de bronze), se o Sailing fosse um país, estaria em 78° lugar no quadro de medalhas (este quadro não existe oficialmente) e na frente de países como Chile, Venezuela, Uruguai, Peru e Costa Rica".



PROJETO GRAEL: fundado em 1998, o Projeto Grael oferece oportunidade para estudantes da rede pública de educação para a iniciação à vela, para o aprendizado profissionalizante (fibra de vidro, mecânica Diesel e motor de popa, carpintaria, eletrônica, capotaria) e atividades ambientais com foco no problema do lixo flutuante na Baía de Guanabara. Completando 20 anos de atividades em 2018, o Projeto Grael já beneficiou mais de 17 mil participantes, formou atletas bem sucedidos na vela, como Samuel Gonçalves, campeão mundial da Classe Star como proeiro de Lars Grael, e muitos outros hoje integrados à comunidade náutica, disputando regatas por todo o país. O Projeto Grael foi reconhecido pela World Sailing (federação mundial da vela) como um modelo de iniciativa social em torno do esporte da vela e já conquistou inúmeros prêmios e reconhecimentos internacionais, incluindo organizações como UNICEF e UNESCO.

Cabe ressaltar que a experiência do Projeto Grael em ações de prevenção e coleta do lixo flutuante na Baía de Guanabara permitiu que a organização produzisse em 2015 o estudo PROGRAMA GUANABARA VIVA: Avaliação dos programas de prevenção (ecobarreiras) e retirada do lixo flutuante (ecobarcos) na Baía de Guanabara, visando os Jogos Olímpicos Rio 2016 e proposição do Programa Guanabara Viva, um novo plano de ação com ênfase no legado olímpico. O Programa Guanabara Viva subsidiou as ações do Governo do Estado do Rio de Janeiro na gestão com sucesso do problema do lixo flutuante durante a Rio 2016.

NITERÓI NA RIO 2016: cerca de um ano antes dos Jogos Olímpicos Rio 2016, Niterói começou a receber alguns dos melhores velejadores do mundo, que vieram se ambientar para as competições nas raias olímpicas na Baía de Guanabara, usufruindo da excelente logística e infraestrutura da cidade. Os clubes de Niterói receberam atletas de cerca de 32 países e alcançou grande visibilidade na imprensa local e internacional.

No período, a Prefeitura de Niterói, em conjunto com a Confederação Brasileira de Vela (CBVela), organizou três edições da Copa Brasil de Vela, que foram aproveitados pelos atletas como eventos preparatórios para as Olimpíadas. Na terceira edição da Copa Brasil de Vela, em dezembro de 2015, já com os atletas em clima olímpico, tivemos as últimas vagas na Equipe Olímpica de Vela do Brasil definidos na competição em Niterói.

Na Equipe Olímpica de Vela do Brasil, além da única medalha brasileira ter sido de Niterói, com o Ouro de Martine Grael e Kahena Kunze, na Classe 49erFX, e do diretor técnico da delegação ter sido o velejador niteroiense Torben Grael, a cidade foi a que mais contribuiu com atletas.
OUTROS MARCOS DA CULTURA E DA HISTÓRIA NÁUTICA DE NITERÓI

Nem só de esporte vive a tradição e a cultura náutica de Niterói. A maritimidade está no cotidiano da cidade e marca a história de Niterói, dos seus primórdios até o dia de hoje. Alguns marcos importantes são aqui lembrados:

ILHA DA BOA VIAGEM: no litoral de Niterói, na Baía de Guanabara, ergue-se um dos seus principais marcos paisagísticos e culturais: a Ilha da Boa Viagem. No alto de seus penhascos localiza-se a bela Igreja da Nossa Senhora da Boa Viagem, cuja construção concluiu-se em 1734. A capela conta com uma curiosa característica: a igreja está de costas para a cidade e de frente para a Boca da Barra, mirando o mar aberto. O motivo é que naquela igreja, o padre abençoava os marinheiros que se lançavam ao mar e lá, seus familiares rezavam aguardando o seu retorno. Na ilha também encontram-se as ruínas de duas baterias de canhões que faziam parte da estrutura militar de proteção da entrada da Baía de Guanabara.

MARINHA DO BRASIL: Niterói possui historicamente uma forte presença da Marinha do Brasil.
  • SEDE DA ESQUADRA: No Complexo Naval da Ilha do Mocanguê, localizam-se importantes instalações como a Base Naval do Rio de Janeiro (BNRJ), que começou a ser instalada no início da década de 1970 e em 1986 foi reconhecida como Base Naval.
  • CISNE BRANCO: O Mocanguê também é a base do Navio a Vela Cisne Branco, barco escola e um orgulho da Marinha do Brasil.
  • SUBMARINOS: Desde 1941, Niterói também passou a sediar a Base Naval Almirante Castro e Silva, que abriga a Força de Submarinos.
  • HIDROGRAFIA: Outra importante instalação naval em Niterói é a Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN), situada desde 1983, nas instalações de um antigo porto baleeiro, a Armação da Ponta D´Areia. Aqui são produzidas cartas náuticas de todo o litoral e águas interiores do país.
  • METEOROLOGIA: Também, situa-se na Ponta D´Areia o Centro de Meteorologia da Marinha, que apoia a navegação no país todo.

REVOLTA DA ARMADA: O protagonismo naval de Niterói teve altos e baixos: marinheiros já se voltaram contra a cidade e o povo já se rebelou contra os serviços de navegação que cruzavam a Baía de Guanabara. Em 1893, eclodia a Revolta da Armada, um dos mais violentos episódios da história de Niterói e da Marinha do Brasil, quando tripulações revoltosas em 16 embarcações da Marinha de Guerra e 14 navios civis confiscados de empresas brasileiras e estrangeiras abriram fogo contra guarnições do Exército aquarteladas em sete fortes de Niterói. Um acordo preservou a cidade do Rio de Janeiro, mas desprotegeu a cidade de Niterói, que foi bombardeada pelos revoltosos de setembro de 1893 até fevereiro do ano seguinte.

O Centro da cidade ficou arrasado e até a Ilha da Boa Viagem foi danificada. Muitas pessoas foram mortas ou ficaram feridas. Uma grande parte da população fugiu para o interior (zonas rurais: Barreto, Pendotiba, Região Oceânica, etc). A destruição da cidade forçou Niterói a perder provisoriamente a condição de capital do estado do Rio de Janeiro para Petrópolis. Niterói só recuperou a condição de capital em 1903. Outro marcante episódio conflitivo foi a Revolta das Barcas (assista vídeo histórico aqui), ocorreu em 1959. Insatisfeitos com a qualidade dos serviços prestados pela empresa da família Carreteiro, uma multidão se reuniu na Praça Arariboia, destruiu e incendiou a Estação das Barcas. O conflito durou 16 horas e terminou com cinco mortos e mais de uma centena de feridos. O serviço de barcas acabou estatizado após o episódio.
PRIMEIRO ESTALEIRO: Estaleiro Mauá foi fundado em 11 de agosto de 1846 por Irineu Evangelista de Sousa, o Barão de Mauá. O estaleiro é considerado um marco do processo de industrialização do país. Construiu cerca de um terço dos navios de guerra utilizados no conflito com o Paraguai. Antes do Estaleiro Mauá existia apenas o Arsenal de Marinha, fundado em 1808, no Rio de Janeiro.  Outra iniciativa pioneira foi de parte da empresa Lloyd Brasileiro, que manteve o seu estaleiro de reparos na Ilha de Mocanguê, entre 1890 e 1972. 

PRIMEIRO DIQUE SECO DO BRASIL: Construído pela empresa Wilson and Sons, do fundador Edward Pellews Wilson, o dique seco foi inaugurado pelo Imperador D. Pedro II, em 1969, na Ilha do Mocanguê. A obra deu um grande impulso à tradição de Niterói na atividade de reparos navais.

POLO PESQUEIRO: Niterói tem uma reconhecida tradição também na atividade pesqueira, contando com duas Colônias de Pesca: uma com sede em Itaipu (Z-7) e outra com sede em Jurujuba (Z-8). Também associados à pesca, cabem destaque o Mercado de Peixe, uma atração turística e cultural, além de um ponto histórico de comércio, distribuição e gastronomia de peixe. Outro destaque é a Reserva Extrativista Estadual de Itaipu, a única existente no estado do Rio de Janeiro.

NÁUTICA NA CULTURA E NAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE NITERÓI

Como dissemos no início do texto, o projeto de lei do deputado Waldeck Carneiro tem o mérito de desmistificar a imagem elitista da vela e vem ao encontro do que a Prefeitura de Niterói está fazendo: reconhecer a vela como vocação e inclui-la nas políticas públicas da cidade. Em 2013, a Prefeitura desenvolveu um processo de consultas públicas que contou com a participação de cerca de 10 mil pessoas e produziu o "Plano Niterói Que Queremos - Plano Estratégico 2013-2033".

O Plano conta com sete Áreas de Resultados, sendo uma delas o Niterói Vibrante e Atraente. Dentro desta Área de Resultados, encontram-se seis Projetos Estratégicos Estruturadores, sendo que um deles é o NITERÓI CIDADE DA VELA.

Reconhece-se aí a Vela não apenas como um esporte, mas como instrumento de educação, de inclusão social e de geração de empregos, como a ação do Projeto Grael demonstra ser possível. Barcos podem ser indutores da economia. Estimativas internacionais consideram que cada barco gera 7,4 empregos, sendo 5 diretos e 2,4 indiretos, na construção, em serviços de manutenção logística e operação. Também há um enorme mercado para o turismo náutico, negligenciado no Brasil. Segundo o governo francês, cada barco com mais de 25 pés gera três empregos diretos no turismo náutico e gasta em manutenção e estadia por ano o equivalente a 8% do seu valor de compra.

Niterói quer se beneficiar deste potencial atraindo investimentos para a cidade. Para isso, valendo-se de um Protocolo de Cooperação assinado com a cidade americana de Annapolis, capital do estado de Maryland e considerada a Capital da Vela nos EUA, assinando em 2007, por intermediação da organização Companheiros das Américas, a atual administração municipal, do prefeito Rodrigo Neves, organizou uma missão comercial para atrair parcerias, que acontecerão em 2018.

Enquanto isso, o reconhecimento da importância da náutica ganha espaço na comunidade de Niterói. Agora no Carnaval de 2018, a Escola de Samba Bem Amado, da comunidade da Grota do Surucucu, fará uma homenagem em seu enredo à tradição náutica de Niterói e à família Schmidt Grael.

Bons ventos para Niterói!!!

Axel Grael
Secretário Executivo da Prefeitura de Niterói
Fundador e ex-presidente do Instituto Rumo Náutico (Projeto Grael)
Ex-comodoro do Rio Yacht Club (Sailing)
Irmão orgulhoso dos velejadores Torben e Lars Grael e tio de Martine Grael



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Projeto que tramita na Alerj quer reconhecer Niterói como 'Cidade Campeã da Vela'



Em movimento. O Projeto Grael oferece iniciação na prática de vela a jovens alunos da rede pública no contraturno escolar: atividades acontecem na Praia de Jurujuba e contam com participantes de 8 a 29 anos - Analice Paron/16-05-2016 / Agência O Globo


por Stéfano Salles

Iniciativa foi proposta no início do mês pelo deputado estadual Waldeck Carneiro (PT)


NITERÓI - As águas das praias de Niterói estimulam a produção dos metais mais preciosos do esporte. Isso fica claro na vela, responsável por nove medalhas obtidas por atletas identificados com a cidade, que representaram o Brasil em edições de Jogos Olímpicos: três ouros, uma prata e cinco bronzes. A primeira da saga foi obtida em Los Angeles-1984, por Torben Grael, segundo colocado na categoria soling; e a mais recente, dourada, conquistada por sua filha, a niteroiense Martine Grael, na categoria 49er FX, na Rio-2016. Essa coleção invejável de prêmios serviu como motivação para o deputado estadual Waldeck Carneiro (PT) apresentar, no início do mês, na Alerj, um projeto de lei que pretende dar a Niterói o título de Cidade Campeã da Vela.

Se as medalhas obtidas em barcos coletivos contassem individualmente, e não por embarcação, o número de conquistas passaria para 13. O deputado entende que o quantitativo é emblemático para mostrar como o esporte é representativo para a cidade. A proposta busca ainda fazer com que o governo do estado encontre mecanismos para valorizar e estimular a prática do esporte na cidade, por meio de programas de iniciação esportiva voltados para alunos das redes pública e privada.

— Os resultados obtidos por atletas niteroienses e pelos que treinam em Niterói são assombrosos, e isso precisa ser valorizado. Infelizmente, a prática da vela ainda está associada a um público de poder aquisitivo mais alto, porque é um esporte que embute custos elevados. O reconhecimento desse status pode criar condições mais propícias para a prática e reforçar essa identidade de Niterói. Procurei incluir esse dispositivo no projeto, para que ele não representasse apenas um título, sem impacto concreto — afirma.

A proposta não detalha como seria esse incentivo: por conta do respeito às atribuições de cada poder, a modelagem do projeto de iniciação esportiva dos jovens ficaria por conta do Poder Executivo.

A identificação de Niterói com os esportes de marinha é antiga. Fica na cidade o primeiro clube náutico do país, o Iate Clube Brasileiro, fundado em 1906. Atualmente, além deste, há outros cinco em atividade. Geralmente, é nesses espaços que os jovens de classe média dão seus primeiros passos no esporte. Desde 1998, o Projeto Grael oferece iniciação esportiva para alunos da rede privada, com cerca de 400 vagas abertas a cada semestre para jovens de 8 a 29 anos. Além da prática esportiva, o programa oferece cursos profissionalizantes aos inscritos com mais de 16 anos.

Fundador do projeto e atual secretário Executivo da prefeitura, Axel Grael explica que já passaram pela organização mais de 15 mil jovens, e celebra algumas das conquistas do esporte na cidade.

— Niterói tem um dos Jogos Escolares mais antigos do país. Há dois anos, uma parceria da prefeitura com o Projeto Grael permitiu que incluíssemos a vela no programa de competições, o que facilitou o contato com o esporte, uma vez que os barcos e a estrutura são muito caros. Foi um ponto importante para aproximar a juventude do esporte. Isso precisa avançar — afirma.

O projeto já tem embaixadores que demonstram seu sucesso. Campeão mundial da classe Star em 2017, como proeiro, ao lado de Lars Grael, Samuel Gonçalves teve o primeiro contato com o esporte por meio da iniciativa, quando era aluno de uma escola pública do Fonseca.

— A vela mudou minha vida por completo, e pode mudar a de outras pessoas. Não afetou só a mim: meu irmão hoje trabalha na Confederação Brasileira de Vela (CBVela), e minha mãe conseguiu um emprego por meio de pessoas que conhecemos no esporte, embora não seja no segmento esportivo. Mas o mais importante é que todos possam, além de se ocupar com o esporte, aprender uma profissão, porque a vida de atleta de alto rendimento não tem como absorver todo mundo — explica.

Além do rendimento esportivo, a medida pretende contemplar o setor econômico. Niterói é cidade-irmã de Annapolis, capital do estado americano de Maryland, considerada a cidade da vela nos EUA. Na prefeitura niteroiense, Axel busca aproximar o segmento das duas cidades, visando a trazer para o município indústrias do setor náutico e empresas prestadoras de serviço.

Fonte: O Globo Niterói













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