Filho de Torben, iatista tenta, ao lado de André Bochecha, no Mundial da classe 49er, na Croácia, a partir deste domingo, ser o único da família nas Olimpíadas
Marco Grael (em primeiro plano) e André Fonseca tentam a vaga na classe 49er para os Jogos de Londres na Croácia. |
RIO - Sem o pai Torben (dono de cinco medalhas nos Jogos e que desistiu da sexta campanha olímpica por falta de patrocínio) e a irmã Martine (que não conseguiu a vaga na classe 470), caberá ao primogênito Marco, de 21 anos, a missão de levar o nome da família Grael, um dos mais respeitados no mundo da vela, às Olimpíadas de Londres. A tarefa é árdua. Para garantir uma vaga, o niteroiense e o catarinense André Fonseca, o Bochecha, disputam, de amanhã até o próximo sábado, o Mundial da classe 49er, em Zadar, na Croácia, no qual 15 duplas brigarão por cinco vagas. Já estão classificados 14 países, entre eles, a Inglaterra, por ser a sede do megaevento.
Da casa da família em Niterói, Torben vai acompanhando os passos do filho. A essa altura, diz que já não há muito o que dizer e que a torcida pela classificação da dupla é grande. Embora reservado, deixa escapar uma ponta de orgulho pelas escolhas de Marco e não esconde a expectativa de um final feliz.
— É claro que a gente fica ansioso. Eu acompanhei toda a preparação dos dois e essa é uma classe muito difícil. No Brasil, eles são absolutos, mas lá fora têm mais dificuldade. Estamos torcendo para que tudo dê certo — afirmou o bicampeão olímpico. — Se eles conseguirem, Marco será o representante da família em Londres. A nossa grande paixão é o mar, a vela. Para mim, é uma coisa muito boa eles (Marco e Martine) resolverem competir.
Lá da Croácia, Marco confirma que, nesse momento, a conversa com Torben é muito mais de pai para filho do que de velejador para velejador. Embora carregue a tradição do esporte, ele diz que não se sente pressionado por ser um Grael e que, se há uma cobrança, não é exterior.
— É uma coisa de querer honrar o nome da família, uma questão pessoal mesmo — explicou ele, por telefone. — Com certeza, a gente vai entrar nessa competição para também tentar manter o nome dos Grael mais tempo na história das Olimpíadas.
Apesar da forte concorrência, a dupla brasileira está otimista. Se Marco é um estreante e está em busca de sua primeira participação olímpica, Bochecha, de 33 anos, já passou por essa situação outras vezes. Depois de ir aos Jogos de Sydney-2000 (na Snipe), de Atenas-2004 e Pequim-2008 (ambas na 49er), ele afirma que já não sente mais aquela ansiedade do início e até garante que consegue encarar essa competição como mais uma na carreira. Mas é o equilíbrio dos dois, diz, que direcionará os ventos da dupla:
— A minha experiência ajuda um pouco, mas o Marco é muito jovem. Eu consigo me manter mais tranquilo; agora, temos que ver como ele vai reagir, porque apesar de eu ser experiente, a dupla não é. Melhor do que eu com três Olimpíadas, seria a dupla com uma.
Para Marco, a trajetória do companheiro, que também disputou duas Regatas Voltas ao Mundo — a primeira com o Brasil 1, no qual terminou em terceiro; e a segunda com o holandês Delta Lloyd, que ficou em sétimo —, foi fundamental para que a dupla chegasse ao Mundial ainda com chance de brigar por uma vaga.
— Com certeza, a gente teria uma dificuldade muito maior se ele não fosse experiente. Normalmente, na nossa classe, as duplas demoram três, quatro anos para dar resultado. Nós começamos a velejar juntos em 2010... — disse Marco por telefone, da Croácia.
No fim de semana passado, Marco e Bochecha disputaram a Semana Olímpica Francesa, em Hyéres. Lá, conquistaram dois terceiros lugares e terminaram em 15 no geral, nono na classificação por países. Em Zadar, a expectativa é de que, caso terminem entre os 25 primeiros, assegurem a vaga nos Jogos já que cada país só pode levar uma dupla por classe. Além do alto nível da competição (apenas os ingleses não disputarão o Mundial), as condições também não devem ajudar. Enquanto na França prevaleceram os ventos fortes e muita onda, ideal para a dupla brasileira; na Croácia, a aposta é de dias bem quentes, poucos ventos e mar praticamente liso.
— O vento fraco é difícil, deixa os nervos à flor da pele. Além de igualar todo mundo, ao mesmo tempo em que você pode pegar uma rajadinha e ir bem, pode também acabar ficando para trás. E como vai ter muitos barcos, isso pode ser um problema. A vantagem que tivemos em Hyéres, não teremos aqui — analisou Bochecha. — Mas está todo mundo muito parelho e continuamos na briga. Quem sabe não termos condições mais favoráveis e um pouco de sorte também, o que é muito bom no nosso esporte, que depende diretamente da natureza.
Fonte: O Globo
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