Na quinta feira (13), o Supremo Tribunal Federal condenou pela primeira vez, desde a promulgação da Constituição de 1988 (há 22 anos), um parlamentar por irregularidades cometidas. O deputado cearense, Zé Gerardo (PMDB), ex-prefeito de Caucaia, captou recursos junto ao Ministério do Meio Ambiente para construir um açude, em 1997. Não construiu. Em vez disso, o dinheiro foi parar na construção de 16 pontes.
Sabendo-se do caso, não há dúvida de que se trata de uma irregularidade, mas quase que se sente pena do infeliz parlamentar. Ser o único punido em 22 anos por algo tão pequeno? O dinheiro nem foi parar na cueca dele, mas foi desviado para construir pontes para os seus eleitores. Enquanto isso, a Fiesp divulga que a corrupção no Brasil desvia anualmente 1,38% do PIB, ou seja, cerca de R$ 41,5 Bilhões.
Por que será que tanto rigor da Justiça aconteceu só agora? O processo de mobilização popular que gerou o projeto de lei da Ficha Limpa, que procura impedir que pessoas com condenação judicial possam se candidatar a cargos eletivos, pode ser uma explicação. As milhares de assinaturas que geraram um projeto de lei de iniciativa popular estão dando um claro recado aos partidos políticos, ao Congresso Nacional, aos candidatos e à Justiça Eleitoral, que o Brasil não tolera mais a corrupção e a impunidade na política. Após a celebrada aprovação do Projeto de Lei na Câmara de Deputados, agora é a vez do Senado cumprir o seu papel.
Será que o avanço do "Ficha Limpa", mesmo que aos trancos e barrancos e empurrado pela opinião pública, demonstra que o Brasil está mudando? É pode ser, mas o Brasil velho tem raízes fortes.
Enquanto os senhores ministros do STF mostravam garras e dentes contra o deputado, deixaram escapar uma assintosa peça de campanha eleitoral em que o presidente da República, pessoalmente, foi para a televisão fazer campanha ilegal para a sua candidata à sucessão. É revoltante ver a maior autoridade do país se portando desta forma, promovendo um verdadeiro valetudo para eleger a sua favorita. E, pelo jeito, essa não foi a primeira e nem será a última vez que sua excelência afrentará a legislação eleitoral, pois o rigor da Justiça inaugurado contra o deputado cearense não assusta os infratores eleitorais. É só pagar uma pequena taxa que fica tudo certo. Nada que uma caridosa doação de campanha não pague.
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