O CREA exerce o seu papel.
Ontem, dia 22 de maio, o jornal O Fluminense publicou o artigo "Crea aponta riscos iminentes". O texto refere-se ao relatório da vistoria do presidente do CREA-RJ, Agostinho Guerreiro, que acompanhou o deputado Rodrigo Neves, presidente da Comissão de Assuntos Municipais e Desenvolvimento Regional da ALERJ, que juntos percorreram os locais onde houve desmoronamentos de encostas na cidade de Niterói. O presidente do CREA e demais autoridades estiveram na Estrada Fróes, na Boa Viagem, na Estrada da Cachoeira e no Morro do Bumba.
Segundo a matéria de O Fluminense, o relatório conclui que "Niterói tem vários locais passíveis de novos desmoronamentos e uma tragédia poderá acontecer caso ocorra uma outra chuva forte".
Um óbvio engano
O que causou estranheza foi a afirmação atribuída ao relatório do CREA, que teria recomendado "efetuar a poda ou o corte de todas as árvores em encostas consideradas áreas de risco, pois facilitam o desabamento dos morros".
Não é possível acreditar que essa tenha sido a conclusão ou a recomendação de um relatório do CREA, conselho que congrega várias categorias, inclusive a dos engenheiros florestais e que tem um engenheiro agrônomo como presidente. Além de agrônomo, o presidente do CREA, nosso amigo e a quem muito respeitamos, foi meu colega na gestão de órgãos ambientais do Governo do Estado: ele era presidente da SERLA, na mesma época em que eu presidia a FEEMA em minha primeira gestão.
Além de ser uma afronta à legislação ambiental, a recomendação não teria fundamento técnico. Justamente, pela importância na prevenção da erosão, as florestas em áreas de encostas são consideradas APP - Área de Preservação Permanente, por força do Código Florestal e outros instrumentos legais.
Apesar de serem impotentes diante do deslizamento de grandes massas ou diante da enxurrada em áreas de drenagem natural (as árvores são úteis mas não fazem milagres), as raízes das árvores - sejam elas superficiais ou profundas (o ideal é que haja uma combinação de ambas) - exercem um importante papel de fixação da solo. O mesmo acontece com o subbosque e a serrapilheira (folhas secas, galhos e matéria orgânica superficial do solo), que ajudam a reter a umidade e contém o escoamento superficial.
A retirada das árvores só seria justificável, em caso muito especial, como por exemplo se todo o volume de solo, em condição instável, precise ser removido. Ou que estas árvores estivessem em situação de desequilíbrio, podendo tombar sobre residências ou colocar em risco a população. Nesse caso, mediante um laudo de um profissional competente, ou membro da Defesa Civil, a árvore poderia ser sacrificada. Em qualquer outra situação, seria crime ambiental.
Se a moda pega...
Há poucos dias, moradores da Estrada Fróes tiveram que se impor diante de funcionários da Prefeitura de Niterói, que mal orientados, preparavam-se para cortar árvores na encosta que deslizou. Justamente estas, que graças ao seu porte, à sua robusteza e estabilidade, foram capazes de reter enormes pedras e grande quantidade de sedimentos e evitaram que as consequências do acidente fossem ainda maiores.
Ontem, dia 22 de maio, o jornal O Fluminense publicou o artigo "Crea aponta riscos iminentes". O texto refere-se ao relatório da vistoria do presidente do CREA-RJ, Agostinho Guerreiro, que acompanhou o deputado Rodrigo Neves, presidente da Comissão de Assuntos Municipais e Desenvolvimento Regional da ALERJ, que juntos percorreram os locais onde houve desmoronamentos de encostas na cidade de Niterói. O presidente do CREA e demais autoridades estiveram na Estrada Fróes, na Boa Viagem, na Estrada da Cachoeira e no Morro do Bumba.
Segundo a matéria de O Fluminense, o relatório conclui que "Niterói tem vários locais passíveis de novos desmoronamentos e uma tragédia poderá acontecer caso ocorra uma outra chuva forte".
Um óbvio engano
O que causou estranheza foi a afirmação atribuída ao relatório do CREA, que teria recomendado "efetuar a poda ou o corte de todas as árvores em encostas consideradas áreas de risco, pois facilitam o desabamento dos morros".
Não é possível acreditar que essa tenha sido a conclusão ou a recomendação de um relatório do CREA, conselho que congrega várias categorias, inclusive a dos engenheiros florestais e que tem um engenheiro agrônomo como presidente. Além de agrônomo, o presidente do CREA, nosso amigo e a quem muito respeitamos, foi meu colega na gestão de órgãos ambientais do Governo do Estado: ele era presidente da SERLA, na mesma época em que eu presidia a FEEMA em minha primeira gestão.
Além de ser uma afronta à legislação ambiental, a recomendação não teria fundamento técnico. Justamente, pela importância na prevenção da erosão, as florestas em áreas de encostas são consideradas APP - Área de Preservação Permanente, por força do Código Florestal e outros instrumentos legais.
Apesar de serem impotentes diante do deslizamento de grandes massas ou diante da enxurrada em áreas de drenagem natural (as árvores são úteis mas não fazem milagres), as raízes das árvores - sejam elas superficiais ou profundas (o ideal é que haja uma combinação de ambas) - exercem um importante papel de fixação da solo. O mesmo acontece com o subbosque e a serrapilheira (folhas secas, galhos e matéria orgânica superficial do solo), que ajudam a reter a umidade e contém o escoamento superficial.
A retirada das árvores só seria justificável, em caso muito especial, como por exemplo se todo o volume de solo, em condição instável, precise ser removido. Ou que estas árvores estivessem em situação de desequilíbrio, podendo tombar sobre residências ou colocar em risco a população. Nesse caso, mediante um laudo de um profissional competente, ou membro da Defesa Civil, a árvore poderia ser sacrificada. Em qualquer outra situação, seria crime ambiental.
Se a moda pega...
Há poucos dias, moradores da Estrada Fróes tiveram que se impor diante de funcionários da Prefeitura de Niterói, que mal orientados, preparavam-se para cortar árvores na encosta que deslizou. Justamente estas, que graças ao seu porte, à sua robusteza e estabilidade, foram capazes de reter enormes pedras e grande quantidade de sedimentos e evitaram que as consequências do acidente fossem ainda maiores.
.
Esclarecimento necessário
Uma orientação assim tão perigosamente equivocada, vinda de uma forma tão genérica e atribuída a uma instituição com a responsabilidade e a tradição do CREA, poderá causar confusão na população, com sérias consequências para as já tão sofridas florestas e, por conseguinte, aos próprios moradores das áreas de risco da cidade.
Urge que o CREA esclareça imediatamente a informação.
Axel Schmidt Grael
Engenheiro florestal
______________________________
Veja no link a seguir, a reportagem que a TV CREA divulgou sobre a visita a Niterói: http://app.crea-rj.org.br/cme/CMS.fatto?idSecao=053B6970-12F8-A63F-2041-F9428638C906&funcao=verVideo&idMateria=2A9300FB-05E5-8782-0579-DF896B762723
Caro Axel,
ResponderExcluirsua manifestação é utilíssima a todos nós; esperemos que o CREA se manifeste e que os funcionários da prefeitura se preparem melhor.
Abraço,
Aníbal
Anibal,
ResponderExcluirÉ ótimo ter a sua visita ilustre aqui no Blog e, principalmente, ter o seu apoio na causa.
Um abraço,
Axel Grael