Deslizamento de encostas do Morro do Santo Inácio, em São Francisco, Niterói. Verifique que o deslizamento atingiu encosta com florestas, mas teve origem em área de topo de morro desmatada. Foto de Axel Grael.
INIMIGOS DA FLORESTA
Parece que muita gente não aprendeu a lição. Foi esta a sensação que tive, na última terça-feira, ao ver a vegetação de encostas de Niterói sendo consumidas pelo fogo, principalmente no Preventório. E é sempre bom lembrar que florestas não pegam fogo sozinhas, pois a única possibilidade plausível de ignição espontânea é a ação de raios. Não haviam raios naquele dia, era um dia ensolarado, quente e seco. Se as encostas estavam queimando foi porque alguém pôs fogo.
É surpreendente que isso aconteça poucos dias após os traumáticos efeitos das chuvas torrenciais que custaram tantas mortes e destruição na cidade. As florestas ajudam a estabilizar as encostas e a prevenir acidentes. Ouvi muita gente contrariar essa verdade, que é comprovada pela ciência florestal, dizendo que muitas encostas deslizaram, mesmo com florestas. Bem, florestas não fazem milagres. Estive observando que, quando isso aconteceu, havia alterações em partes mais elevadas da encosta, como foi o caso do Morro de Santo Inácio. O desmatamento das áreas designadas no Código Florestal como “topo de morro” afeta a drenagem e favorece os deslizamentos, mesmo que haja floresta nas encostas. Por isso, essas áreas são justamente protegidas pela legislação.
Air Tractor. Avião de combate a incêndios florestais do governo do RJ.
Avião de combate a incêndios florestais
Para combater os incêndios florestais, o Estado do Rio de Janeiro adquiriu, em 2001, o primeiro avião especial para essa finalidade no Brasil. Uma grande conquista naquela época, em que sonhávamos que teríamos enfim uma forma eficiente de combater incêndios florestais, o grande vilão das florestas do Rio e de todo o Brasil. Infelizmente, apesar do elevado investimento (foi comprado com a compensação imposta à Petrobras pelo vazamento de óleo da REDUC, em 2000) e da importância da sua utilização, o avião nunca teve o aproveitado esperado e, praticamente, não evitou a queima de um hectare sequer de florestas.
Soubemos que, exatamente no dia que víamos as encostas queimando em Niterói, o avião florestal caiu próximo a Resende, matando os seus dois tripulantes, o major Jasper Sanderson e o aspirante Luis Guilherme Neto. O acidente ocorreu justamente quando se pretendia colocar, enfim, o avião em uso. O equipamento e, principalmente, seus tripulantes que tanto lutaram para ter o avião enfim em uso, farão muita falta.
Com base em nota da coluna "Rumo Náutico", de Axel Grael. Jornal O Fluminense, 01/05/2010.
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