sábado, 14 de agosto de 2021

NITERÓI DE BICICLETA: ciclovias avançam na cidade com planejamento e escuta à população




Os últimos oito anos foram históricos para a mobilidade não motorizada em Niterói, quando a cidade passou a se destacar no cenário cicloviário do país e passou a ter avanços importantes no planejamento do deslocamento pedonal (caminhadas).

Niterói é considerada uma referência nacional em sustentabilidade urbana e isso deve-se às iniciativas que vêm sendo implementadas desde 2013, quando sob o comando do prefeito Rodrigo Neves, passamos a implementar várias políticas neste sentido, dentre elas a aposta na bicicleta, no saneamento, na proteção das áreas verdes e despoluição da Enseada de Jurujuba e das lagoas de Piratininga e Itaipu.

Breve histórico do Niterói de Bicicleta

Desde a década de 1980, nas minhas lutas ambientalistas, eu defendi a criação de ciclovias em Niterói, organizando "bicicleatas" (assim chamávamos as nossas passeatas de bicicletas) pela nossa organização Movimento de Resistência Ecológica - MORE, reivindicando o espaço para as bicicletas nas ruas da cidade como uma alternativa aos engarrafamentos e como uma forma saudável e ambientalmente correta de mobilidade. Na década de 2000, ajudei Alfredo Sirkis a implantar as ciclovias do Rio de Janeiro, atuando na área da Educação Cicloviária, ação tão estratégica para viabilizar a iniciativa pioneira no país. Em 2012, convidado por Rodrigo Neves para ser candidato a vice-prefeito em sua chapa, lancei a ideia do Programa Niterói de Bicicleta, que passou a ser um dos nossos principais compromissos. Durante a campanha, organizamos atividades de bicicletas com os eleitores e eu gravei um vídeo mostrando as ciclovias do Rio de Janeiro, garantindo que faríamos o mesmo em Niterói. 



Logo nos primeiros dias da gestão de Rodrigo Neves como prefeito, na função de vice-prefeito, no dia 21 de fevereiro de 2013, organizei o I Workshop do Programa Niterói de Bicicleta, lançando a iniciativa que faria de Niterói uma das cidades mais cicláveis do país. Ainda em 2013, convidei o arquiteto e urbanista Argus Caruso para coordenar o programa e em julho reunimos cerca de 50 interessados em ciclovias, ambientalistas e especialistas em mobilidade para um encontro realizado na sede do Projeto Grael para começar a debater a estratégia de ciclovias em Niterói. Vários encontros se seguiram, de forma regular e sistemática, expondo os projetos e ouvindo a população a cada passo de planejamento ou implantação de etapas. Em setembro, implantamos na cidade as chamadas "Ciclovias Temporárias" (saiba mais aqui também), que foram pintadas nas ruas para abrir o debate na sociedade e como uma primeira demonstração que o espaço para as bicicletas nas ruas era uma decisão a ser cumprida. 


Coordenadores do Programa Niterói de Bicicleta, arquitetos e urbanistas:
  • Argus Caruso Saturnino
  • Isabela Ledo
  • Cláudia Tavares
  • Filipe Simões (atual)


Após as ciclovias temporárias, começamos a implantar as definitivas, com maior planejamento e investimento. O Niterói de Bicicleta foi tomando corpo, com a implantação da Ciclovia da Rua Timbiras, em São Francisco, inaugurada no dia 24 de setembro de 2014. Depois vieram as ciclovias da Avenida Amaral Peixoto (2013), da Avenida Roberto Silveira (2014), da Avenida Marquês do Paraná (2020), dentre outras. Também merece destaque a construção do bicicletário na Praça Arariboia (2017). Curiosamente, o ano de 2014, quando as principais ciclovias começaram a ser implantadas, a taxa de emplacamento de carros em Niterói, que cresceu 18% entre 2010 e 2013, se estabilizou, tendo crescido apenas 3% entre 2013 e 2014.

Também em 2014, contratamos o Plano Cicloviário de Niterói, que foi concluído no ano seguinte e apresentou a primeira proposta de uma malha cicloviária para todas as regiões da cidade e soluções para alguns dos desafios para a sua implantação.

Em 2019, foi publicada a revisão do Plano Diretor, que incorporou a infraestrutura cicloviária no planejamento da cidade e insere a promoção do uso da bicicleta como um de seus objetivos estratégicos.

Uma matéria da revista Isto Éapontava Niterói como a segunda cidade em número de km de ciclovia per capita no país, só perdendo para Brasília. Seja a seguir:


E ainda não haviam sido contabilizadas ciclovias construídas posteriormente.

O uso da bicicleta na cidade de Niterói foi se consolidando e o número de ciclistas em Niterói multiplicou por quatro entre 2015 e 2019 e a cidade passou a ser considerada aquela com a maior proporção de mulheres pedalando, o que é uma ótima referência. Até o cicloturismo passou a ser uma realidade. O mercado de bicicletas se aqueceu na cidade e novos empreendimentos voltados para o mercado surgiram, como pode ser verificado ao longo do eixo Roberto Silveira-Marquês do Paraná-Amaral Peixoto-Bicicletário Arariboia, o mais importante e movimentado na cidade.


Fonte: Programa Niterói de Bicicleta

Situação atual e perspectivas

Passados quase nove anos, Niterói já conta com uma malha cicloviária de 46 km e, segundo os dados do Plano de Mobilidade Urbana Sustentável - PMUS, a bicicleta já representa 6% de todos os deslocamentos realizados na cidade

A equipe da Coordenadoria do Programa Niterói de Bicicleta está conduzindo uma nova contagem para a atualização de dados para definir o número atual de usuários de bicicleta. Certamente, o número será bem maior, considerando o estímulo gerado pela implantação da ciclovia na Marquês do Paraná, que interligou as avenidas em permitiu a estruturação do principal eixo cicloviário da cidade que é Av. Roberto Silveira-Av. Marquês do Paraná-Av. Amaral Peixoto-Bicicletário Arariboia. 

Apesar de uma redução do número de ciclistas em 2020 em comparação ao ano anterior, devido às medidas restritivas e ao isolamento social, a pandemia estimulou a adesão de novos ciclistas, pois muitos viram na bicicleta uma forma de evitar aglomerações no transporte. 

Considerando as perspectivas futuras, a expectativa é que em 2024, a malha cicloviária chegue a 120km e a meta é que a proporção de viagens de bicicleta chegue a 14% do total até 2030 (segundo o PMUS).

Segundo o coordenador do Niterói de Bicicletas, Filipe Simões, "neste cenário, serão evitadas diretamente 30 mortes por ano por enfermidades não transmissíveis (doenças coronarianas, por exemplo) por conta do aumento na taxa de atividade física da população. No que diz respeito às emissões de gases do efeito estufa, 124 mil toneladas de CO2 deixarão de ser lançados na atmosfera. É o equivalente a 29 mil horas de voo de um avião comercial lotado".

Outros dados relevantes

Veja outros dados interessantes obtidos pelo programa Niterói de Bicicleta sobre o uso da bicicleta em Niterói:

A relação de gênero nas ciclovias niteroienses é considerada um destaque nacional, pois temos uma das maiores proporções de mulheres pedalando. Em 2020, quando houve uma queda do número de ciclistas, verificamos que a proporção de mulheres aumentou.



Qual a faixa etária que mais usa as ciclovias? Repare que o uso das ciclovias tem sido cada vez mais distribuído pelas diferentes faixas etárias, mostrando a forte aprovação da bicicleta como forma de mobilidade.



O que mais motiva os ciclistas a utilizar as ciclovias? Lazer, prestar serviços, ir para o trabalho? Como vemos, nossas ciclovias têm característica funcional, sendo utilizadas como forma conveniente de deslocamento.

Ciclovias, parques e sustentabilidade urbana

Em 2014, demos um enorme passo em direção à sustentabilidade, ao ser assinado pelo então prefeito Rodrigo Neves o Decreto 11.744, que instituiu o Programa Niterói Mais Verde, que criou o Parque Natural Municipal de Niterói (PARNIT) e elevou a proteção dos ecossistemas da cidade a mais de 50% do seu território. Poucas cidades no mundo contam com este percentual, principalmente em um contexto metropolitano como é o caso de Niterói.

O passo seguinte foi a concepção do Programa Região Oceânica Sustentável - PRO Sustentável, uma iniciativa histórica no planejamento urbano da cidade, que junto com a obra da TransOceânica e outras obras de urbanização, pavimentação e drenagem de bairros inteiros, está transformando a infraestrutura e trará um inegável ganho de qualidade de vida para a população, além de possibilitar novas oportunidades econômicas. 

Desenvolvido sob a minha coordenação, o PRO Sustentável focou a Região Oceânica, a de maior crescimento na cidade, envolvendo projetos de infraestrutura urbana e sustentabilidade. Fomos buscar recursos no Banco de Desenvolvimento da América Latina - CAF e obtivemos 100 milhões de dólares. Os componentes de sustentabilidade incluíram a implantação do Parque Orla de Piratininga Alfredo Sirkis (POP), ações para a despoluição das lagoas de Piratininga e Itaipu, a renaturalização do Rio Jacaré, a implantação de trilhas e de infraestrutura no Parnit (Morro da Viração) e a implantação de 60 km de malha cicloviária, incluindo 9 km no entorno da Lagoa de Piratininga, como parte do POP. 

As ciclovias da Região Oceânica permitirão que a cidade ultrapasse a marca de 100 km de vias cicláveis e permitirão que a população usufrua mais das belezas cênicas da região, além de contar com uma excelente opção de mobilidade ativa, com finalidade funcional (transporte) ou de lazer. Importante lembrar que as duas galerias do Túnel Charitas-Cafubá possuem ciclovias permitindo a interligação da malha da Região Oceânica com a das Praias da Baía.

No momento a malha cicloviária está com o chamado Lote1 em implantação na orla da Praia de Piratininga. Também está sendo implantada a ciclovia prevista na obra do POP. Os demais lotes da Malha Cicloviária estão sendo preparados para licitação e ainda contaremos com a chamada ciclovia TransLagunar, cujo traçado está sendo refeito após consulta à população.

Consultas, escutas e transparência

O atual ciclo de gestão na Prefeitura, iniciado em 2013, tem se mostrado de grande capacidade empreendedora e está tirando do papel projetos esperados há anos. Como já dissemos aqui, todos os projetos são sempre apresentados à população para debate, críticas e sugestões e, assim como fizemos com a TransOceânica, as consultas são repetidas tantas vezes quanto sejam demandadas pela população. No caso do PRO Sustentável, foram feitas consultas em cada fase dos projetos, desde a concepção geral, como para cada componente. No caso do POP, as consultas foram feitas em cada bairro e por temas específicos, conforme demandado.

No caso da Malha Cicloviária da Região Oceânica, em 2018 foi contratada uma empresa especializada para realizar o projeto da malha cicloviária, a Oficina Consultores Associados, e ao longo de todas as etapas dos trabalhos foram realizadas consultas gerais e audiências públicas regionalizadas para cada um dos lotes a serem licitados, dentre outras oportunidades de escuta.

Com relação ao trecho do Lote 1, atualmente em implantação e que teve início pela Praia de Piratininga, as equipes do programa Niterói de Bicicleta, do PRO Sustentável, da Administração Regional Oceânica realizaram reuniões com os moradores, fizeram contatos diretos com interlocutores, têm mantido stands nos finais de semana para tirar dúvidas da população com relação às obras e foi publicado um material esclarecendo quanto às dúvidas,

Do processo de escuta, acatamos a sugestão de muitos dos participantes e a ciclovia contornará as praças existentes ao longo do trajeto, conforme a imagem a seguir:



Também encontra-se em construção a ciclovia do entorno da Lagoa de Piratininga, que será parte o POP e que terá mais de 9 km. Esta ciclovia estará interligada ao Túnel Charitas-Cafubá (que possui ciclovias nas duas galerias) e fará parte também da ciclovia estruturante da Malha Cicloviária da Região Oceânica, a chamada Ciclovia TransLagunar, que unirá o Túnel até as praias de Piratininga e Itaipu e terá finalidade funcional (mobilidade) e uso para o lazer, educação ambiental e cicloturismo. 

Veja, a seguir, o registro das obras realizado há poucos dias:

Obra em execução para a implantação do Parque Orla de Piratininga Alfredo Sirkis.

Com a malha cicloviária da Região Oceânica e a ciclovia do POP, Niterói superará a marca de 100 km de vias cicláveis. E ainda avançaremos mais com novas ciclovias previstas para o Centro, Zona Sul e Região Norte de Niterói, como na Nova Alameda São Boa Ventura.

Seguiremos em frente trabalhando para fazer de Niterói uma cidade cada vez mais atraente, ciclável, sustentável, transparente, justa e democrática.

Axel Grael
Prefeito de Niterói


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