Com Marco Grael ao centro, Kahena Kunze e Martine Grael (à direita) exibem orgulhosas a medalha de ouro. Foto: Marcelo Feitosa |
Matheus Oliveira
Niteroiense Martine Grael e carioca Kahena Kunze revelam detalhes da histórica conquista na Rio 2016
A coroação de um ciclo olímpico vitorioso com um triunfo glorioso em pleno quintal de casa, na Marina da Glória, no Rio de Janeiro. Após o ouro dos Jogos vieram entrevistas, celebrações e a sensação de terem chegado ao ápice da carreira como velejadoras. Com dias de festa e muita alegria, esta tem sido a rotina da dupla Martine Grael e Kahena Kunze, medalha de ouro na classe 49erFX nas Olimpíadas Rio 2016.
A niteroiense Martine e a carioca Kahena fizeram uma campanha marcada pela regularidade, ficando sempre entre as primeiras colocadas na disputa da medalha e tendo vencido duas regatas antes da Medal Race, a prova decisiva que reunia os dez melhores times da competição e possuía pontuação dobrada.
Na segunda posição antes da Medal Race, atrás das espanholas Berta Bertanzos e Támara Echegoyen, que possuíam uma vitória a mais. Na prova final, as espanholas ficaram para trás e a disputa foi decidida na última volta diante da dupla neozelandesa Alexandra Maloney e Molly Meech, que ficaram com a prata. Após muita celebração na praia do Flamengo, as atletas revelaram que a ficha pela conquista vem caindo devagar.
“Vem caindo aos poucos, mas ás vezes, eu esqueço. As pessoas dizem obrigado e eu me pergunto, “mas obrigado por que” ? Está caindo devagarzinho a ficha, estou muito feliz de ter encontrado nossos amigos e essa comemoração toda. Para a gente está sendo muito legal”, disse Martine Grael.
“Para mim também, está caindo bem devagarzinho, isso é bom, porque você vai curtindo aos poucos. Tem dias que acordo e me perguntou “Aonde estou? O que aconteceu ? E você olha para a medalha e pensa “é verdade mesmo”, contou Kahena.
A dupla brasileira ainda falou sobre a estratégia adotada para manter a regularidade e conquistar a medalha dourada.
“A gente conversou sobre uma estatística, a de que quem se mantém entre os seis primeiros em todos os regatas, tem grandes chances de medalha. Nosso objetivo era todo dia manter a média, não chutar o balde em nenhuma prova. Foi difícil para a gente. Teve dias em que a gente via a oportunidade de ganhar pontos, e pensávamos não vamos deixar passar. Isso foi muito importante no final, pois a disputa foi ponto a ponto na Medal Race. Tudo mundo estava igual e tal atitude foi determinante para o título”, declarou Martine.
Kahena Kunze contou que a emoção da disputa fez se imaginar em todas as posições possíveis, de primeiro ao quarto lugar.
Qual a chance de você ir para uma Medal com as quatro primeiras com chance de medalha ? Foi um ponto de diferença, mas todo mundo igual, pois a Medal Race valia o dobro. Antes da regata final, eu me imaginei em todas as posições e a que eu mais pensava era em quarto. A pior coisa é tirar quarto. Fui pensando em cada um, até o primeiro, que era o melhor. Mas a gente foi super tranquila para a regata. Eu acordei em um dia bom. A gente falou entre nós que seria mais um treininho. Estamos em casa, vamos fazer esse percurso feijão com arroz e vamos vencer” revelou Kahena.
As atletas, que classificaram de forma positiva o desempenho do Time Brasil de vela, falaram o que sentiram ao ver a praia lotada para recebê-las após a conquista mais importante de suas carreiras.
“Minha vontade era ir direto para a praia. Sair da regata e ir para a praia. Depois que a gente ganhou, viramos o barco, vieram vários amigos nadando e uma imagem linda quando subiram nosso barco. Só que eram tantas pessoas que foi mágico e queria muito agradecer pois a torcida deu uma ajuda e tanto. Nosso esporte não é uma quadra de vôlei, que está todo mundo lá, contando ponto por ponto, a gente está mais distante, mas eles ajudaram muito, assim como o cenário maravilhoso da Baía”, destacou Kahena.
As atletas revelaram que irão descansar antes de definir o futuro da dupla para o próximo ciclo olímpico, visando a disputa dos Jogos de Tóquio, em 2020.
Destaque em família no Rio
A Seleção Brasileira de vela teve um bom desempenho nas provas realizadas na Marina da Glória, com vários atletas chegando a Medal Race. Mesmo sem alcançar tal disputa, outro integrante da família Grael participou das Olimpíadas e mesmo com pouca experiência obteve um décimo primeiro lugar: foi Marco Grael, irmão de Martine e filho do bicampeão Torben Grael.
Ao lado de Gabriel Borges, o atleta niteroiense quase disputou a Medal Race na classe 49er masculina. Enaltecendo os conselhos do pai, coordenador técnico da equipe brasileira, Marco avaliou seu desempenho nas águas cariocas.
“Foi uma experiência inesquecível, para qualquer um que participou, seja como atleta ou espectador, foi uma experiência muito diferente de qualquer outra Olimpíada. Cada Olimpíada tem um pouquinho da cultura local e da especialidade do lugar e acho que o Brasil conseguiu mostrar isso muito forte em relação as outras edições. Para a gente, competindo em casa, foi maravilhoso. Fizemos uma campanha bem árdua e ter chegado aqui, presenciando o carinho de todo mundo foi especial", contou.
Fonte: O Fluminense
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