Área de restauração de Mata Atlântica em São Francisco Xavier, no estado de São Paulo (Foto: Bruno Calixto/WRI Brasil) |
O Brasil tem o ousado objetivo de restaurar e reflorestar 12 milhões de hectares de áreas degradadas e florestas. O país não está sozinho nessa meta. Mais de 50 países já se comprometeram com a restauração de florestas, por meio do Desafio de Bonn e da Declaração de Florestas de Nova York. Ao todo, esses países prometem restaurar 350 milhões de hectares até 2030.
São metas muito importantes porque os benefícios da restauração já são bem conhecidos. O plantio de florestas recupera solos degradados, protege e revitaliza nascentes e corpos d’água, captura carbono da atmosfera, e pode promover uma economia de produtos da floresta, gerando renda e emprego no meio rural.
Apesar disso, ainda há uma grande dificuldade de se descobrir onde restaurar e reflorestar. Tomadores de decisão, produtores rurais e empresários ainda precisam de direcionamento para identificar onde estão as melhores oportunidades de restauração. Em um estudo publicado nesta terça-feira (3) na revista científica Science Advances, uma equipe de pesquisadores buscou identificar quais são os locais que possuem grande potencial de benefício da restauração somado a boa viabilidade de que o plantio de árvores prospere.
O que são hotsposts?
Um hotspot para conservação é um ecossistema muito importante em termos de biodiversidade, com grande quantidade de espécies de fauna e flora, e que ao mesmo tempo está ameaçado de extinção. Para a elaboração do estudo, os pesquisadores consideraram como hotspot 10% das áreas dentro desses ecossistemas que possuem maior oportunidade de restauração – ou seja, locais em que restaurar gera mais benefícios e custa menos.
Os resultados mostram que, no Brasil, nenhum lugar supera a Mata Atlântica. O bioma, que cobre 15% do território nacional e 17 estados brasileiros, foi o ecossistema com maior quantidade e área de hotspots para a restauração em todo o mundo, o que exemplifica a grande oportunidade que o Brasil e financiadores internacionais têm ao investir no plantio de florestas nativas na região, gerando ótimos resultados tanto do ponto de vista ecológico, como econômico.
O estudo
O artigo identificou mais de 100 milhões de hectares de áreas degradadas em várias partes do mundo – como América do Sul e Central, África e sudeste da Ásia – que apresentam bons resultados em relação a oportunidades de restauração. Para identificar essas áreas, o estudo considerou apenas 4 benefícios da restauração:
O artigo identificou mais de 100 milhões de hectares de áreas degradadas em várias partes do mundo – como América do Sul e Central, África e sudeste da Ásia – que apresentam bons resultados em relação a oportunidades de restauração. Para identificar essas áreas, o estudo considerou apenas 4 benefícios da restauração:
- A conservação da biodiversidade, com foco em áreas com presença de espécies vulneráveis à extinção;
- A capacidade das florestas capturarem carbono e, assim, limitarem o aquecimento global;
- A capacidade das florestas tornarem o ambiente mais resiliente para se adaptar às mudanças climáticas;
- E o potencial para manter a qualidade e quantidade da água.
Além disso, os pesquisadores consideraram critérios para identificar as áreas que são viáveis para restauração, como custo de oportunidade da terra, risco de investimentos e taxa de sobrevivência das áreas restauradas.
Seguindo esses critérios, o trabalho descobriu que seis países da África têm o melhor custo-benefício da restauração: Ruanda, Uganda, Burundi, Togo, Sudão do Sul e Madagascar. Além disso, cinco países têm a maior área acumulada de hotsposts de restauração: Brasil, Indonésia, Madagascar, Índia e Colômbia. No Brasil, a Mata Atlântica tem o maior destaque.
Por que a Mata Atlântica é tão importante
A Mata Atlântica tem as condições ideias para que a restauração ganhe escala no Brasil. É um bioma bastante desmatado: estima-se que menos de um terço de sua área original permaneça com cobertura vegetal nativa. Ou seja, há uma grande quantidade de áreas degradadas capaz de ser restaurada.
Além disso, é o bioma onde habita a maior parte da população do Brasil. Isso é importante do ponto de vista econômico, já que as áreas que podem ser restauradas estão próximas de centros consumidores, podendo assim estimular a economia da floresta, com comercialização de produtos como madeira de origem legal, frutas, castanhas, entre outros; e também do ponto de vista ambiental, já que grande parte da população poderá usufruir dos benefícios da restauração, como melhora da qualidade da água ou adaptação a eventos extremos.
Essa restauração já está acontecendo. Há experiências interessantes em São Paulo, no Vale do Paraíba, e no Espírito Santo, por meio do programa Reflorestar. Em Minas, temos o bem-sucedido projeto Conservador das Águas, no município de Extrema. Um outro estudo, publicado no último mês, identificou mais de 700 mil hectares de florestas em restauração no bioma, das quais quase a metade são executadas por membros do Pacto para a Restauração da Mata Atlântica. O desafio agora é fazer com que essa restauração ganhe escala, atingindo os 12 milhões de hectares no Brasil todo e gerando benefícios para toda a sociedade.
Fonte: WRI Brasil
A Mata Atlântica tem as condições ideias para que a restauração ganhe escala no Brasil. É um bioma bastante desmatado: estima-se que menos de um terço de sua área original permaneça com cobertura vegetal nativa. Ou seja, há uma grande quantidade de áreas degradadas capaz de ser restaurada.
Além disso, é o bioma onde habita a maior parte da população do Brasil. Isso é importante do ponto de vista econômico, já que as áreas que podem ser restauradas estão próximas de centros consumidores, podendo assim estimular a economia da floresta, com comercialização de produtos como madeira de origem legal, frutas, castanhas, entre outros; e também do ponto de vista ambiental, já que grande parte da população poderá usufruir dos benefícios da restauração, como melhora da qualidade da água ou adaptação a eventos extremos.
Essa restauração já está acontecendo. Há experiências interessantes em São Paulo, no Vale do Paraíba, e no Espírito Santo, por meio do programa Reflorestar. Em Minas, temos o bem-sucedido projeto Conservador das Águas, no município de Extrema. Um outro estudo, publicado no último mês, identificou mais de 700 mil hectares de florestas em restauração no bioma, das quais quase a metade são executadas por membros do Pacto para a Restauração da Mata Atlântica. O desafio agora é fazer com que essa restauração ganhe escala, atingindo os 12 milhões de hectares no Brasil todo e gerando benefícios para toda a sociedade.
Fonte: WRI Brasil
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