A matéria do Valor Econômico fala do nosso plano de tornar Niterói uma referência nacional no setor audiovisual. Nossa cidade possui um grande potencial para isso, pois temos aqui a primeira faculdade de cinema do país, na Universidade Federal Fluminense (UFF), a beleza de nossas paisagens e locações, a proximidade com o Rio. O histórico de realização de festivais e uma das maiores relações de salas de cinema por habitante do país também são diferenciais importantes.
Anunciamos em dezembro o edital de arranjo regional em parceria com a Ancine paras o segmento. Ele será lançado nas próximas semanas e atenderá o perfil da nossa cidade, abarcando a mão de obra recém-formada da universidade.
Além das produções de um longa de ficção e de um documentário, vamos premiar um longa de realizador estreante, dez curtas-metragens e quatro iniciativas em novas mídias. Aportaremos recursos em cineclubes, mostras, distribuição, obras seriadas, telefilmes e projeção em espaços urbanos.
Também vamos construir o Museu do Audiovisual, no Centro Petrobras de Cinema. São muitas novidades e avanços que vão fazer com que Niterói se torne uma grande referência nessa área, gerando empregos e aumentando a complexidade de nossa economia!
Prefeito Rodrigo Neves
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Uma nova Hollywood?
Por João Bernardo Caldeira | Para o Valor, de Niterói
Com apoio do Ministério da Cultura e da Ancine, Niterói traça um programa voltado para tornar-se um novo polo do audiovisual brasileiro*
Com a promessa de tomar-se a "Hollywood brasileira", o projeto audiovisual da Prefeitura de Paulínia foi interrompido. Os aportes de RS 500 milhões custearam despesas como um festival com a presença de estrelas internacionais e a construção de seis estúdios de gravação e de um teatro, atualmente ociosos. Antes, a cidade paulista recebera filmagens de produções como "O Palhaço", "Homem do Futuro" e "Budapeste".
O exemplo de Paulínia vem à tona quando mais um município do país traça metas de semelhante ousadia: "Sem dúvida alguma, o nosso objetivo é fazer de Niterói um dos principais polos do audiovisual brasileiro", diz o prefeito reeleito de Niterói, Rodrigo Neves (PDT).
Tudo começou com um almoço, em julho, entre o então diretor da Ancine, Sérgio Sá Leitão, e a equipe dc cultura da Prefeitura de Niterói Durante a conversa, dias antes de tomar-se ministro da Cultura, Sá Leitão identificou o potencial existente na localidade. "Com a redução do investimento em audiovisual na cidade do Rio, busquei ver se havia no Estado outro município com a disposição evocação necessárias", afirma o ministro.
Entre as vocações consideradas estão a presença da primeira faculdade de cinema do país, na Universidade Federal Fluminense (UFF), a beleza de suas paisagens e locações, a proximidade com o Rio, o histórico de realização de festivais e uma das maiores relações de salas de cinema por habitante do país.
Com o novo ministro no posto, estavam assegurados o interesse federal e as condições para criação do programa "Niterói - Cidade do Audiovisual". O primeiro passo foi dado com o anúncio, em dezembro, do edital de arranjo regional em parceria com a Ancine, que aportará RS 6 milhões no setor (50% investidos pela prefeitura e a outra metade pelo Fundo Setorial do Audiovisual). Foram meses de negociação até que a Ancine viabilizasse, pela primeira vez, o aporte dessa linha em uma cidade que não chega ao porte de capital de Estado.
Recém-empossado como presidente da Ancine, Christian de Castro participou da costura do acordo, naquela altura como diretor do órgão: "Flexibilizamos as contrapartidas, permitindo investimentos em capacitação, festivais, recuperação de acervo etc., para que não Ficassem restritas à produção ou distribuição, como acontecia antes", diz. Segundo o presidente da Ancine, cidades como Búzios (RJ), Novo Hamburgo (RS), Cataguases (MG) e Londrina (PR) já estão em contato para firmar parcerias semelhantes.
Previsto para ser lançado nas próximas semanas, o edital procura atender ao perfil da cidade, abarcando a mão de obra recém-formada da universidade. Além das produções de um longa de ficção e de um documentário, será premiado um longa de realizador estreante, dez curtas-metragens e quatro iniciativas em novas mídias. Também serão aportados recursos em cineclubes, mostras, distribuição, obras seriadas, telefilmes e projeção em espaços urbanos.
Será criado o Prêmio Nelson Pereira dos Santos, fundador do curso de cinema da UFF, destinado a iniciativas na área de pesquisa. Além disso, RS 300 mil serão investidos em projetos de capacitação e preservação de memória capitaneados pela faculdade. O edital estará aberto para inscrição de iniciativas de todo Estado do Rio, porém aquelas filmadas na cidade, por diretor, roteirista ou empresa local ganharão mais pontos na seleção.
"Temos que abrir, mas também potencializar a produção daqui", diz Daniela Negromonte, subsecretária de Cultura. "Descobrimos que existem apenas 32 produtoras audiovisuais sediadas em Niterói, o que é muito pouco."
O pacote inclui ainda outras medidas. As empresas do setor terão a alíquota de ISS reduzida de 5% para 2%. Destinada a atrair produções de fora da cidade, uma "film comission" será inaugurada. Um festival para novas mídias, "youtubers" e conteúdo de realidade virtual também está nos planos. A cereja no bolo será a construção de um museu dedicado ao cinema nacional, um antigo sonho da cidade.
Conversas já foram iniciadas para atrair parceiras. O espaço já existe: dois andares, ociosos desde a sua construção, há mais de uma década, do conjunto arquitetônico de Oscar Niemeyer no formato de um rolo de filme, batizado de Centro Petrobras de Cinema. Uma filial do Reserva Cultural, espaço de exibição de filmes de arte em São Paulo, foi inaugurada no local, há pouco mais de um ano.
Por fim, a construção de um centro de pós-produção, por sugestão de Sá Leitão, daria conta de uma lacuna da cadeia audiovisual carioca. Diferentemente de Paulínia, que investiu em estúdios como um complemento ao mercado de São Paulo, a cidade fluminense oferecería serviços de efeitos especiais, computação gráfica e finalização. "Do ponto de vista econômico, por causa da proximidade geográfica, tanto São Paulo e Paulínia como Rio e Niterói fazem parte de um mesmo polo", diz o ministro.
Para custear a empreitada, os gestores do município aguardam o lançamento, acenado pelo contato com a Ancine, de uma linha do Fundo Setorial dedicada a iniciativas em infraestrutura.
Com base em dados de 2010, do IBGE e da Fundação Getulio Vargas, Niterói ocupa o sexto lugar no ranking nacional de municípios com melhor índice de Desenvolvimento Humano e a liderança entre as cidades com maior concentração de pessoas da classe A (30%) ou AB (42%). A sua população é estimada em 500 mil habitantes. Na crise econômica, foram afetadas as duas atividades que mais arrecadavam impostos para a prefeitura: mercado imobiliário e indústria naval. Daí a decisão do prefeito em diversificar os investimentos em outras áreas e apoiar incluindo as sugestões vindas da pasta da Cultura.
Além do programa para o audiovisual, neste ano, serão investidos RS 40 milhões na área cultural. E, pela primeira vez, está sendo implementada a lei de renúncia fiscal ao setor, que aportará RS 2,5 milhões, unindo incentivos do ISS e IPTU. A criação desse tipo de lei e os vínculos com entidades e sociedade civil pretendem evitar descontinuidades, de futuros governantes. "Se vai dar certo ou não, só saberemos daqui a dez anos", diz o secretário de Cultura de Niterói, Marcos Gomes.
*Eu & Fim de Semana" (Valor Econômico, p. EU21)
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Por João Bernardo Caldeira | Para o Valor, de Niterói
Com apoio do Ministério da Cultura e da Ancine, Niterói traça um programa voltado para tornar-se um novo polo do audiovisual brasileiro*
Com a promessa de tomar-se a "Hollywood brasileira", o projeto audiovisual da Prefeitura de Paulínia foi interrompido. Os aportes de RS 500 milhões custearam despesas como um festival com a presença de estrelas internacionais e a construção de seis estúdios de gravação e de um teatro, atualmente ociosos. Antes, a cidade paulista recebera filmagens de produções como "O Palhaço", "Homem do Futuro" e "Budapeste".
O exemplo de Paulínia vem à tona quando mais um município do país traça metas de semelhante ousadia: "Sem dúvida alguma, o nosso objetivo é fazer de Niterói um dos principais polos do audiovisual brasileiro", diz o prefeito reeleito de Niterói, Rodrigo Neves (PDT).
Tudo começou com um almoço, em julho, entre o então diretor da Ancine, Sérgio Sá Leitão, e a equipe dc cultura da Prefeitura de Niterói Durante a conversa, dias antes de tomar-se ministro da Cultura, Sá Leitão identificou o potencial existente na localidade. "Com a redução do investimento em audiovisual na cidade do Rio, busquei ver se havia no Estado outro município com a disposição evocação necessárias", afirma o ministro.
Entre as vocações consideradas estão a presença da primeira faculdade de cinema do país, na Universidade Federal Fluminense (UFF), a beleza de suas paisagens e locações, a proximidade com o Rio, o histórico de realização de festivais e uma das maiores relações de salas de cinema por habitante do país.
Com o novo ministro no posto, estavam assegurados o interesse federal e as condições para criação do programa "Niterói - Cidade do Audiovisual". O primeiro passo foi dado com o anúncio, em dezembro, do edital de arranjo regional em parceria com a Ancine, que aportará RS 6 milhões no setor (50% investidos pela prefeitura e a outra metade pelo Fundo Setorial do Audiovisual). Foram meses de negociação até que a Ancine viabilizasse, pela primeira vez, o aporte dessa linha em uma cidade que não chega ao porte de capital de Estado.
Recém-empossado como presidente da Ancine, Christian de Castro participou da costura do acordo, naquela altura como diretor do órgão: "Flexibilizamos as contrapartidas, permitindo investimentos em capacitação, festivais, recuperação de acervo etc., para que não Ficassem restritas à produção ou distribuição, como acontecia antes", diz. Segundo o presidente da Ancine, cidades como Búzios (RJ), Novo Hamburgo (RS), Cataguases (MG) e Londrina (PR) já estão em contato para firmar parcerias semelhantes.
Previsto para ser lançado nas próximas semanas, o edital procura atender ao perfil da cidade, abarcando a mão de obra recém-formada da universidade. Além das produções de um longa de ficção e de um documentário, será premiado um longa de realizador estreante, dez curtas-metragens e quatro iniciativas em novas mídias. Também serão aportados recursos em cineclubes, mostras, distribuição, obras seriadas, telefilmes e projeção em espaços urbanos.
Será criado o Prêmio Nelson Pereira dos Santos, fundador do curso de cinema da UFF, destinado a iniciativas na área de pesquisa. Além disso, RS 300 mil serão investidos em projetos de capacitação e preservação de memória capitaneados pela faculdade. O edital estará aberto para inscrição de iniciativas de todo Estado do Rio, porém aquelas filmadas na cidade, por diretor, roteirista ou empresa local ganharão mais pontos na seleção.
"Temos que abrir, mas também potencializar a produção daqui", diz Daniela Negromonte, subsecretária de Cultura. "Descobrimos que existem apenas 32 produtoras audiovisuais sediadas em Niterói, o que é muito pouco."
O pacote inclui ainda outras medidas. As empresas do setor terão a alíquota de ISS reduzida de 5% para 2%. Destinada a atrair produções de fora da cidade, uma "film comission" será inaugurada. Um festival para novas mídias, "youtubers" e conteúdo de realidade virtual também está nos planos. A cereja no bolo será a construção de um museu dedicado ao cinema nacional, um antigo sonho da cidade.
Conversas já foram iniciadas para atrair parceiras. O espaço já existe: dois andares, ociosos desde a sua construção, há mais de uma década, do conjunto arquitetônico de Oscar Niemeyer no formato de um rolo de filme, batizado de Centro Petrobras de Cinema. Uma filial do Reserva Cultural, espaço de exibição de filmes de arte em São Paulo, foi inaugurada no local, há pouco mais de um ano.
Por fim, a construção de um centro de pós-produção, por sugestão de Sá Leitão, daria conta de uma lacuna da cadeia audiovisual carioca. Diferentemente de Paulínia, que investiu em estúdios como um complemento ao mercado de São Paulo, a cidade fluminense oferecería serviços de efeitos especiais, computação gráfica e finalização. "Do ponto de vista econômico, por causa da proximidade geográfica, tanto São Paulo e Paulínia como Rio e Niterói fazem parte de um mesmo polo", diz o ministro.
Para custear a empreitada, os gestores do município aguardam o lançamento, acenado pelo contato com a Ancine, de uma linha do Fundo Setorial dedicada a iniciativas em infraestrutura.
Com base em dados de 2010, do IBGE e da Fundação Getulio Vargas, Niterói ocupa o sexto lugar no ranking nacional de municípios com melhor índice de Desenvolvimento Humano e a liderança entre as cidades com maior concentração de pessoas da classe A (30%) ou AB (42%). A sua população é estimada em 500 mil habitantes. Na crise econômica, foram afetadas as duas atividades que mais arrecadavam impostos para a prefeitura: mercado imobiliário e indústria naval. Daí a decisão do prefeito em diversificar os investimentos em outras áreas e apoiar incluindo as sugestões vindas da pasta da Cultura.
Além do programa para o audiovisual, neste ano, serão investidos RS 40 milhões na área cultural. E, pela primeira vez, está sendo implementada a lei de renúncia fiscal ao setor, que aportará RS 2,5 milhões, unindo incentivos do ISS e IPTU. A criação desse tipo de lei e os vínculos com entidades e sociedade civil pretendem evitar descontinuidades, de futuros governantes. "Se vai dar certo ou não, só saberemos daqui a dez anos", diz o secretário de Cultura de Niterói, Marcos Gomes.
*Eu & Fim de Semana" (Valor Econômico, p. EU21)
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