quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Fiocruz testa no Rio mosquito mutante que pode combater a dengue


Comentário Axel Grael:

Niterói e a ciência no combate à dengue

A equipe de pesquisadores da FIOCRUZ procurou a Prefeitura de Niterói para planejar o desenvolvimento de uma pesquisa internacional para o desenvolvimento de uma nova tecnologia para o combate ao mosquito da dengue.

Em reunião realizada na Vice-Prefeitura, dirigentes da Secretaria Municipal de Saúde tomaram conhecimento dos procedimentos do método a ser adotado, as condições de segurança para a comunidade e para o meio ambiente e a importância dos estudos para o controle da doença.

Niterói será uma das cidades a receber o experimento, em particular o bairro de Jurujuba, às margens da Baía de Guanabara. Conforme explanação dos pesquisadores responsáveis pelo estudo, a opção por Jurujuba (Niterói), assim como as demais localidades escolhidas (Tubiacanga - Ilha do Governador; Urca - Zona Sul e Vila Valqueire - Zona Norte), deveu-se às características geográficas e demográficas destes bairros, que facilitam o monitoramento da população de mosquitos.

Um dos lugares escolhidos para a instalação dos equipamentos para o monitoramento da população de Aedis aegypti é a sede do Projeto Grael, localizado em Jurujuba.

Desenvolvido por instituições e cientistas reconhecidos internacionalmente pela contribuição para o desenvolvimento de pesquisas em saúde pública, o estudo conta com o acompanhamento de organismos internacionais ligados à ONU e os testes de campo no Brasil foram aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) após rigorosa avaliação sobre a segurança para a saúde e para o meio ambiente.

Além da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, os estudos científicos estão sendo desenvolvidos na Austrália (onde iniciou-se), no Vietnam e na Indonésia.

Portanto, os estudos foram considerados seguros e a tecnologia mostra-se promissora no combate à doença.

Pelo fato de ser pioneira, Niterói poderá se beneficiar antecipadamente dos resultados e estará dando a sua contribuição para o avanço desta doença que tanto preocupa várias partes do mundo, principalmente nas regiões tropicais.

Axel Grael



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Pesquisa com mosquitos mutantes começou na Austrália, em 2009, por uma iniciativa que integra o Programa Eliminate Dengue: Our Challenge, traduzido para Eliminar a Dengue: Desafio Brasil. Foto: Divulgação / Fiocruz


Pesquisa apresenta uma nova forma de combater o mosquito transmissor infectando o alvo com uma bactéria capaz de impedir a transmissão da doença antes da infecção

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) começou a testar nesta quarta-feira (24) uma forma inovadora de combater a dengue na cidade do Rio de Janeiro. Mosquitos modificados em laboratório foram liberados nesta manhã no bairro de Tubiacanga, na Ilha do Governador, zona norte da cidade, onde moram três mil pessoas.

Semanalmente serão liberados aproximadamente dez mil Aedes aegypti infectados com a bactéria Wolbachia, encontrada no meio ambiente e capaz de impedir a transmissão da dengue pelo mosquito. Na primeira fase do projeto, iniciado há dois anos, os pesquisadores monitoraram a população de mosquitos na região com o apoio dos moradores do bairro.

A pesquisa com os mosquitos mutantes começou na Austrália, em 2009, por uma iniciativa sem fins lucrativos que integra o Programa Eliminate Dengue: Our Challenge, traduzido para Eliminar a Dengue: Desafio Brasil.

O líder da pesquisa no país, Luciano Moreira, explicou que a expectativa é de que, até o final do ano, toda população de Aedes aegypti seja infectada pela Wobachia e esteja livre do vírus da dengue em Tubiacanga. As liberações serão feitas por aproximadamente três ou quatro meses e vai depender dos resultados sobre a capacidade dos mosquitos com Wolbachia de se instalarem no local.

“Quando essa bactéria é colocada no Aedes aegypti, ela bloqueia o vírus da dengue. Precisaremos de aproximadamente um a dois anos para constatar se realmente houve redução do número de casos”, disse Moreira.

Para reduzir o incômodo da população e não alterar o número de mosquitos no bairro após a liberação dos mutantes, os criadouros de Aedes aegypti no local foram destruídos. "É um projeto natural, autossustentável, pois a partir do momento em que o mosquito se estabelece naquela área, ele fica por lá. Na Austrália, soltaram os mosquitos por dez semanas em 2011 e até hoje, em duas localidades, os mosquitos estão 100% com a bactéria”, contou Luciano Moreira ao ressaltar que para obter um estudo mais detalhado será necessário ampliar a área da pesquisa. Outras três localidades estão sendo monitoradas para futuras liberações de mosquitos: Urca, na zona sul; Vila Valqueire, na zona norte e Jurujuba, em Niterói, região metropolitana.

"Outras três localidades estão sendo monitoradas para futuras liberações de mosquitos: Urca, na zona sul; Vila Valqueire, na zona norte e Jurujuba, em Niterói, região metropolitana".


“São áreas que têm a presença do mosquito o ano todo, casos de dengue: umas muito populosas, outras pouco, umas com muita vegetação e outras com pouca vegetação. Estamos trabalhando com as pessoas que vivem nessas localidades, respondendo às perguntas, explicando sobre o projeto para termos apoio”, disse o pesquisador da Fiocruz. Durante o mapeamento da população de mosquitos, foram instaladas armadilhas para capturar e estudar os insetos na casa de dezenas de moradores.

Se os resultados forem positivos, o Ministério da Saúde pretende expandir o projeto para outras áreas do Brasil, explicou.


Diagrama mostra como a bactéria se espalha entre os mosquitos transmissores da dengue depois que os insetos contaminados são liberados em um ambiente - Fiocruz. Publicado em O Globo.


Moreira participou do início do projeto na Austrália em 2009, quando descobriu com outros pesquisadores a capacidade da Wolbachia de reduzir a transmissão do vírus da dengue pelo mosquito. Durante cinco anos, membros da equipe do programa de lá alimentaram uma colônia de mosquitos com Wolbachia usando, voluntariamente, os próprios braços. Isso resultou em centenas de milhares de picadas de mosquitos sem que reações à bactéria fossem detectadas. A pesquisa também está sendo realizada no Vietnã e na Indonésia.

Os testes de campo no Brasil foram aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) após rigorosa avaliação sobre a segurança para a saúde e para o meio ambiente.

Além do financiamento da Fiocruz, pelo Ministério da Saúde, o projeto brasileiro também recebe verbas do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e do CNPq. As secretarias municipais de Saúde de Niterói e do Rio atuam como parceiras locais na implantação do projeto.

"As secretarias municipais de Saúde de Niterói e do Rio atuam como parceiras locais na implantação do projeto".


A Wolbachia está presente em cerca de 60% dos insetos no mundo, incluindo diverss espécies de mosquitos, como o pernilongo, sem risco para a saúde humana ou o ambiente. É uma bactéria intracelular, transmitida de mãe para filho no processo de reprodução dos mosquitos e não durante a picada do Aedes em um ser humano.

Fonte original: Agência Brasil

Fonte: O Fluminense





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