quarta-feira, 11 de abril de 2018

Abandono de área da Amazônia equivalente a duas vezes o tamanho da Alemanha pode prejudicar o clima global e a agropecuária



Vista aérea mostra a Floresta Amazônica cercada pelo avanço do cultivo da soja em Mato Grosso - PAULO WHITAKER / Agência O Globo


POR RENATO GRANDELLE

Território tem o tamanho de duas Alemanhas e ajuda a conter aquecimento global

RIO — Uma área no interior da floresta amazônica de 70 milhões de hectares, o equivalente a duas Alemanhas, está abandonada pelas autoridades e tornou-se caminho livre para grileiros e desmatadores. Suas operações ameaçam o rendimento da agricultura brasileira e a estabilidade do clima global.

O alerta, publicado na edição deste mês da revista “Land Use Policy”, é assinado por cientistas da Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia.

Vinte e cinco por cento do desmatamento registrado na região entre 2010 e 2015 ocorreu dentro dessa área pública desprotegida. Em números absolutos, foram liberadas para a atmosfera 200 milhões de toneladas de CO2. A devastação pode comprometer uma meta firmada pelo país: reduzir em 87% a emissão anual de gases de efeito estufa — que, em 2014, era de 1,38 bilhão de toneladas de CO2.

— A derrubada da floresta afeta a distribuição de chuvas e pode aumentar a temperatura na área ao redor em até 0,5 grau Celsius — diz Claudia Azevedo-Ramos, autora principal do levantamento. — Manter a floresta em pé impede o aquecimento global e preserva a irrigação da mata, imprescindível para a produção agrícola. Por isso, esse assunto deveria interessar até à bancada ruralista do Congresso.

'SEM CLIMA POLÍTICO'

Segundo o estudo, não há justificativa econômica para defender que essas florestas sejam convertidas em lavoura ou pasto, visto que aproximadamente 10 milhões de hectares já foram derrubados na região e estão sendo subutilizados. É terra suficiente para aumentar o crescimento da produção de commodities almejado pelo governo.





— Boa parte desse território poderia ser destinado aos indígenas, mas isso não ocorre devido à indisposição do Estado em fazer investimentos — avalia Claudia. — Atualmente não há clima político para ver novas terras destinadas à conservação. Na maioria das vezes, elas são incorporadas ao cultivo agrícola ou à pastagem.

Considerando a lentidão para que essas áreas sejam definitivamente recuperadas, Claudia sugere que o governo estabeleça, em uma primeira etapa, parcerias público-privadas para administração dessas localidades, determinando cultivos e atividades econômicas que possam ser realizados, como o ecoturismo. Enquanto isso, conduz estudos que podem determinar uma finalidade definitiva para as regiões.


Fonte: O Globo










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