Equipe Clean Seas realiza trabalho à parte da disputa da Volvo Ocean Race. Foto: Reprodução/Twitter/TurnTidePlastic |
Nomeada 'Clean Seas', equipe tenta não deixar competição em segundo plano enquanto recolhe água do mar
João Prata, enviado especial a Itajaí, O Estado de S.Paulo
21 Abril 2018 | 13h34
Entre os sete barcos da Volvo Ocean Race há um que deixa o seu desempenho na competição em segundo plano. Não que seus velejadores estejam na disputa a passeio, a vitória também é um objetivo a ser alcançado. No entanto, por trás da participação na regata de volta ao mundo, há uma causa maior: a de combater a poluição dos mares.
O veleiro é patrocinado pela Organização das Nações Unidas (ONU) e chama-se Clean Seas - Turn The Tide On Plastic (na tradução livre, algo como Limpeza dos Mares - Vire a Maré contra o plástico). Pelas regras, a embarcação segue todos os padrões das demais no que se refere a tamanho, peso, velas... Porém, existe uma pequena diferença.
Há um dispositivo a bordo que recolhe amostras de água durante todo o percurso. Essa água é analisada com o objetivo de saber a quantidade de microplástico na água. O veleiro da ONU está preocupado em ver a poluição que já não conseguimos observar a olho nu.
"O que vemos é uma parte pequena da poluição que realmente existe. O plástico já está tão inserido na água que está dentro de nossa cadeia alimentar. Nesta competição encontramos uma forma de estudarmos isso e passarmos a mensagem de parar de utilizar plástico", informou o velejador português da embarcação Bernardo Freitas, em entrevista à reportagem do Estado.
De acordo com ele, os peixes confundem o microplástico com plâncton e acabam comendo o mesmo. "Ao recolher peixes no mar, cada vez mais se encontram essas amostras nas barrigas deles", prosseguiu.
As amostras retiradas das águas de Itajaí, no litoral de Santa Catarina, foram para análise e os resultados ainda não saíram. Mas Bernardo informou que, ao longo das sete etapas disputadas, os números são alarmantes.
Desde 1964, a produção de plástico aumentou 20 vezes, chegando a 322 milhões de toneladas em 2015, segundo números da ONU. Se essa crescente se mantiver, a expectativa é que em 2050 haja mais plástico do que peixe no mar. Uma das formas de acabar com isso é fazer alertas.
A estrutura da Volvo Ocean Race montada em Itajaí e nos portos por onde passa ao redor do mundo demonstra preocupação com esse problema. Não há produtos com embalagens plásticas e também não há copos plásticos disponíveis. Todos são aconselhados a usar o próprio copo para consumir água, por exemplo.
A cada parada, os organizadores também escolhem uma praia para recolher o lixo na areia. Em Itajaí, a ação aconteceu na Brava e contou com a participação de voluntários da cidade. Todo o lixo recolhido foi para análise e será reciclado. Os óculos escuros dos tripulantes, por exemplo, são feitos com restos de rede de pesca. Há também produção de meias e chaveiros com o que foi recolhido dos mares.
Outro veleiro que também carrega a bandeira da sustentabilidade é o Vestas 11th Hour Racing. A embarcação é dinamarquesa e norte-americana. A empresa que patrocina a equipe e dá nome ao barco é de soluções de energia sustentável. Em entrevista ao Estado, o capitão norte-americano Charlie Enright falou sobre a preocupação com a sustentabilidade.
"Tentamos consumir de maneira consciente. Evitamos ao máximo produzir lixo, utilizar plástico e materiais que agridam ao meio ambiente. Acredito que levantar essa bandeira é fundamental para alertar a população por onde passamos de que é necessário mudar nossos hábitos", ressaltou.
Neste domingo, às 14 horas, haverá a largada da oitava etapa da Volvo Ocean Race. Os sete veleiros que estão na disputa deixarão Itajaí rumo a Newport, nos Estados Unidos.
Fonte: Estadão
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