João Prata, O Estado de S.Paulo
22 Abril 2018 | 07h00
Velejadora brasileira embarca junto com a equipe holandesa do Akzonobel neste domingo as 14 horas
A brasileira campeã olímpica Martine Grael conseguiu matar a saudade de seu país, da família e dos amigos (e tirar o dente do siso) nas últimas duas semanas e neste domingo embarca junto com a equipe holandesa do Akzonobel rumo a Newport, nos Estados Unidos, na oitava etapa da Volvo Ocean Race, a regata de volta ao mundo.
A largada está marcada para as 14 horas e deve receber um grande número de torcedores no porto de Itajaí. Desde que o acampamento da Volvo foi montado na região, a cidade parou para acompanhar a chegada dos veleiros e posteriormente passou a frequentar as imediações do grande evento que é a Volvo Ocean Race.
A organização do evento ergueu grande acampamento. Cada equipe tinha um contêiner para expor seus produtos, pois são patrocinados por empresas. Também tiveram espaço para contar suas histórias e fazer campanhas, como o caso do barco da ONU que compete de olho na preservação dos oceanos.
Em meio às equipes, uma grande tenda foi erguida para receber os principais restaurantes da região e também barracas de bebidas além da exposições de carros e outros produtos da Volvo. Tudo era grandioso e chamou a atenção da população local e dos arredores. Na quinta-feira, quando teve o show do cantor Armandinho, as portas do Centro de Convenções da região precisou ser fechada pois recebeu lotação máxima: cerca de 48 mil pessoas circularam pela festa.
Os velejadores passeavam entre os curiosos. Posavam para fotos e iam e vinham em direção ao mar para acertar os últimos preparativos em seus veleiros. No sábado, houve a In-Port Race, a regata interna que acontece a cada parada da competição. Ela não vale pontos na classificação geral, mas serve como critério de desempate. O barco espanhol da Mapfre venceu, com o Akzonobel na segunda colocação.
A parada em Itajaí também foi de extremo impacto emocional para os velejadores, especialmente quando o barco chinês da Sun Hung Kai/Scallywag chegou ao porto, dias após os demais. O atraso aconteceu por conta de um acidente durante a sétima etapa, que causou a morte do velejador John Fisher. O veleiro chegou sob aplausos de todos que estavam em terra. Houve ainda uma força-tarefa para que a equipe conseguisse arrumar o barco a tempo para a largada deste domingo.
CONSELHO DE PAI
Martine Grael, a protagonista da competição nesses dias de Brasil, foi atenciosa com todos e contou nos últimos dias com a presença dos pais Torben e Andrea. Torben conhece muito bem a competição, participou de duas edições e ergueu o troféu de campeão em 2008/2009 como capitão do Ericson 4. Tranquilo como convém a um navegador, ele falou sobre a sensação de ver a filha participando de uma das competições mais duras do iatismo.
“Quando está de fora você não pode fazer muito. Fica torcendo para que tudo dê certo. É uma experiência muito enriquecedora para ela”, disse. “A gente fica apreensivo em alguns momentos, sabe que acidentes podem acontecer. Mas acredita que vai tudo certo”, prosseguiu.
Sobre a oitava etapa, ele avisou que deve ser muito mais tranquila do que a última, que veio de Auckland, na Nova Zelândia, até Itajaí e contou com pontuação dobrada devido ao grau de dificuldade. “As condições serão mais mansas do que a última. Não tem o frio, as ondas e o ventão da última, mas é longa. A temperatura é quente, a água é quente também em quase todo o percurso. É uma perna moderada”, analisou.
A mãe Andrea, que também é velejadora, segue o pensamento parecido com o do marido na linha de um Milton Nascimento do nada a temer senão o correr da luta e nada a fazer senão esquecer o medo. “Estou muito orgulhosa. Como sou velejadora, entendo o que ela está passando. Estou muito orgulhosa de ver ela fazer essa velejada que eu gostaria de ter feito. Velejo praticamente junto com ela quando estamos em Niteroi. Acompanho todas as informações, as novidades, as condições do tempo. Estou bem feliz com esse momento dela”, disse a mãe.
O barco Akzonobel, da Martine, está na quarta colocação da classificação geral, mas está em uma crescente na competição. O veleiro vem de três pódios consecutivos. “A equipe se uniu bastante e isso tem sido o mais importante. Coincidência ou não, passamos a ter melhores resultados depois que isso aconteceu. Espero que continue assim”, finalizou Martine.
Fonte: Estadão
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