Foi com muito orgulho que recebemos há poucos dias um comovente depoimento do gerente industrial da empresa Bailly Industrial Ltda.
A empresa, que produz equipamentos e acessórios náuticos, com sede em Niterói, é uma das mais antigas colaboradoras do Projeto Grael, contribuindo de uma forma fundamental: oferecendo uma chance de primeiro emprego para os jovens formados pelo programa profissionalizante do Projeto Grael.
O depoimento, que reproduzimos abaixo, foi escrito após a sua primeira visita à sede do Projeto Grael. José Carlos Dias é um profissional experiente e trabalha diretamente na orientação dos profissionais formados pelo Projeto Grael e que são contratados por aquela empresa.
Suas palavras encheram de emoção toda a nossa equipe, que não mede esforços para dar instrumentos para que jovens estudantes da rede pública de educação aprendam uma profissão e, com isso, construam o seus próprios futuros. Para isso, utilizamos barcos para dar-lhes oportunidades de se desenvolverem no esporte da vela e para que aprendam uma profissão.
Saber, através de depoimentos como o de José Carlos Dias, da acolhida que os nossos ex-alunos encontram na empresa e, principalmente, a forma como exercem a sua profissão, nos reafirma a certeza que o trabalho que realizamos vai de encontro do sonho que, em 1998, motivou a criação do Projeto Grael: usar barcos para educar e democratizar o acesso aos esportes náuticos.
Resta-nos ainda agradecer ao Roberto Bailly, ao José Carlos e à toda equipe da Bailly, por darem continuidade à formação profissional e cidadã desses jovens e, acima de tudo, por permitirem que o talento e a determinação desses "marujos" encontre bons ventos que os impulsione para um futuro cada vez melhor.
Axel Grael
Fundador do Projeto Grael, juntamente com Torben Grael, Lars Grael e Marcelo Ferreira.
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Da esquerda para direita: Giovani Souza, Diogo Pinto, José Carlos Dias (gerente industrial da Bailly), Helena Tavares, Alan da Silva e Thiago Ribeiro.
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Depoimento:
Conheci, finalmente, in loco, o Projeto Grael e, definitivamente, me apaixonei. Na verdade, eu já conhecia o resultado do Projeto: o Alan da Silva, o Thiago Ribeiro, o Giovani Souza, o Matheus Ribeiro, o Jéferson Belém, o Shalon Juda, o Diogo Pinto, a Helena. Todos eles diamantes lapidados por essa grande obra de formação de pessoas.
Por isso, nos desperta a questão:
A todo momento, ouve-se falar que
“está faltando mão de obra especializada no mercado”. Aponta-se o grande
gargalo para o desenvolvimento do país: a carência de mão de obra técnica
especializada, em suas diversas nuance. Manchetes de jornais sinalizam para a
necessidade de se importar trabalhadores de outras plagas, uma espécie de volta
ao passado, época em que o Brasil trazia alemães, italianos, japoneses e outras
nacionalidades para labutarem em nossas lavouras e dominarem nossas terras. A indústria
têxtil trouxe, em seus primórdios, ingleses e americanos para transferirem seus
conhecimentos (know-how) aos nossos
iniciantes operários; portanto, nada de novo nesta prática. Mas isso aconteceu
há muitos anos, em meados do século XIX. Época em que não havia escolas, não
havia professores. O país, como incipiente nação, estava sendo formado. Era uma
imensa floresta com restritos buracos de exploração de ouro e diamantes.
Contudo, a visão de formação de
mão de obra não pode, ou melhor, não deve se restringir apenas à capacitação
técnica. É preciso o antes: a formação de pessoas.
In loco, as instalações do Projeto são maravilhosas, um local
deslumbrante em vista e bons ventos; prédios,
oficinas, cais e embarcações; colaboradores vibrantes e comprometidos. É como uma labareda em marcha, anda feito corta-vento,
sonhando com a liberdade e cidadania. Um símbolo de que basta querer.
Este excepcional espaço que ocupa hoje não o faz maior
do que da época em estava naquela simples tenda na Praia de Charitas. Ali, já
era grande, porque sua grandeza não está nas instalações, mas no sonho que o
nutre e faz construir novos cidadãos. Cidadãos. É disso que o Brasil precisa. Este
é o gargalo.
Uma das melhores coisas da vida é
agradecer. Porque agradecer é sinal de que ainda temos amizades; é prova da
existência de fraternidade, é certeza de que ainda há pessoas que acreditam nas
pessoas.
Prezados senhores, companheiros
de vida, obrigado; continuem sua maior regata, mantenham seus postos, ainda há
muitas águas a fazer-se a vela.
A BAILLY Industrial Ltda. se
orgulha de sonhar junto esse sonho e
fazer parte de sua tripulação.
José Carlos Dias
Gerente Industrial
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