quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Vela, o esporte das medalhas


O que explica a façanha de estarmos entre os dez primeiros países no total de medalhas em todas as Olimpíadas?


A “esquadra” naval brasileira movimenta-se para aportar em Weymouth, cidadezinha no sudoeste inglês onde serão disputadas as provas de vela da Olimpíada de Londres 2012. A boa noticia é que já nos garantimos em sete classes e temos chances de classificação em outras duas.

A vela é o esporte que mais medalhas olímpicas trouxe para o Brasil: 16, sendo seis de ouro, três de prata e sete de bronze. Estamos entre os dez primeiros países no total de medalhas em todas as Olimpíadas. O que explica tal façanha? Alguns dizem que se deve ao tamanho do nosso litoral. Como não conheço, porém, nenhum velejador nordestino de destaque, prefiro acreditar que se trata da paixão dos europeus pelo mar. Se você passar os olhos pelos nossos velejadores – do presente e do passado –, vai ficar surpreso com a quantidade de sobrenomes estrangeiros: Conrad, Grael, Ficker, Welter, Bjorsktrom, Thiesen, Scheidt, Kostiw e por aí vai.

Entre o pessoal que já garantiu o barco na baía protegida de Weymouth, a juventude se mistura com a experiência. Vai de Jorge Zarif, 19 anos – na classe Finn – ao quarentão Bruno Prada companheiro de Robert Scheidt na classe Star, nossa maior esperança de ouro em Londres. Scheidt é um vencedor, bicampeão olímpico, tri pan-americano e – pasmem – octacampeão mundial da classe. Em 2006, talvez cansado de velejar sozinho num Laser, Scheidt pulou do barco e foi para a classe Star, a mais antiga presente nas Olimpíadas (desde 1932, nos Jogos de Los Angeles). Ali, mostrou que tem talento para qualquer barco, conquistando o título mundial em 2007 e ganhando a prata nos Jogos de Pequim (2008). Nas casas de apostas de Londres – os ingleses são fissurados em apostas – Scheidt é “pule de dez”, como diria um turfista.

A Federação Internacional de Vela reconhece 110 classes – espero que Scheidt não queira passar por todas – mas só inscreve nove nas Olimpíadas.

Ainda temos chances de classificar um 470 (masculino) e um 49er e não me perguntem nada sobre esses barcos. Apesar de ser filho e neto de marinheiros, enjoo só de olhar o mar. Sei apenas que a classe 470 tem dois tripulantes e três velas e o 49er, também com dois tripulantes, é um barco de casco fino e duas asas (será que sai voando em algum momento?)

Tive que pesquisar muito para não confundir as bolas (ou os barcos) e acabei descobrindo coisas interessantes para um leigo. Descobri, por exemplo, que para cada classe existe um biótipo ideal. Quanto maior a vela, mais pesado deve ser o velejador, para fazer o contrapeso. Descobri também que o esporte passou a ser chamado de vela a partir dos Jogos de Sydney (2000). Sempre fiz uma confusão dos diabos entre vela e iatismo. Agora não há mais o que confundir: a palavra “iatismo” foi eliminada dos verbetes da Federação. Por que? Para acabar definitivamente com a má fama de “esporte dos ricos”. Quer dizer, os sobrenomes europeus dos nossos velejadores – mais ou menos como os sobrenomes japoneses dos nossos times de beisebol – não tem nada a ver com suas contas bancárias.
 
Texto de Carlos Eduardo Novaes, no site AHE!

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