quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Redes de ONGs como instrumento de debate, troca e fortalecimento da cidadania

Texto de Axel Grael
Publicado na Coluna Livre, em 06/02/12, a convite do Portal do Aprendiz

Recentes escândalos envolvendo integrantes de governos, partidos políticos e instituições não governamentais sem fins lucrativos vêm ocupando espaço no noticiário nacional. Não sem razão. Infelizmente, como em outros segmentos da sociedade, a corrupção está presente em alguns quinhões no Terceiro Setor, quadro que exige uma urgente revisão do marco legal e dos mecanismos de fiscalização e de controle das atividades das instituições.

Contudo, é fundamental separar o joio do trigo. Há entidades ilegítimas, que, lamentavelmente, existem com finalidade deturpada e afastada do interesse público e cidadão, mas, ao mesmo tempo, existem milhares de organizações atuantes, comprometidas com a coletividade e de excelência na atuação, as quais têm expressivo impacto em suas áreas e são transformadores nas comunidades onde agem. Mais do que nunca é a hora dessas instituições se unirem para mostrar seu trabalho, divulgar boas práticas e pautar debates sobre legislação, controle social e temas de interesse para a garantia e o fortalecimento da cidadania no país.

Neste sentido, cabe destacar a iniciativa pioneira da Rede Folha de Empreendedores Socioambientais, lançada no final de 2011, que agrega nomes de referência do movimento socioambiental brasileiro, com o suporte do jornal Folha de S.Paulo. A missão da Rede é disseminar ideias e soluções socioambientais para um novo Brasil.

São 50 integrantes, de 49 organizações que beneficiam diretamente 550 mil pessoas e quase 2 milhões indiretamente em 1.270 municípios no Brasil e em outros 22 países da África, da América, da Ásia e Europa. Juntos, os integrantes gerenciam contatos com mais de 500 parceiros dos três setores.

O potencial desta Rede é enorme para impactar políticas públicas e influenciar a criação de leis e de programas em áreas como ambiente, educação, inclusão, infância e saúde. Ela também tem a capacidade e a responsabilidade de contribuir para reverter essa conjuntura atual negativa que macula a imagem do Terceiro Setor.

Na verdade, o que falta ao segmento é justamente se perceber mais como um conjunto essencial ao país, para que as entidades passem a trabalhar não apenas por bandeiras específicas, mas também por causas em comum e mais amplas, que beneficiam o grande grupo. Isso virá, por exemplo, por meio de debates e de reflexões promovidos diariamente em redes temáticas e transversais, caso da Rede Folha de Empreendedores Socioambientais no blog coletivo, alimentado pelos componentes:
http://empreendedorsocial.folha.blog.uol.com.br. Ali, são veiculadas muitas informações de interesse público.

É fato que a participação em redes fortalece o trabalho cotidiano dessas organizações e o setor como um todo. O intercâmbio com outras instituições de enfoque diferente permite o alargamento de perspectivas, contrapondo-se a uma atividade solitária ou a um confinamento em guetos de atuação.

No Projeto Grael, por exemplo, o trabalho vai além da disseminação do esporte náutico. Isto porque o Instituto oferece iniciação esportiva em vela, remo e canoagem a jovens da rede pública de ensino como uma ferramenta de inclusão social e de desenvolvimento integral.

A vela tem um enorme potencial educativo. Velejando, o garoto aprende ciências, história, matemática e educação ambiental; na prática, interpreta a natureza. Além disso, trata-se de um esporte coletivo, que desenvolve no aluno a interação, a comunicação e o trabalho em equipe. Quem dá continuidade com os cursos profissionalizantes (marcenaria, costura etc.) para o mercado náutico sai com um ofício e com uma visão mais global, por já ter praticado o esporte.

A troca com os demais empreendedores da Rede tem feito com que oxigenemos nossas ideias. As conversas com os fundadores do Instituto de Pesquisas Ecológicas (Ipê), Suzana e Cláudio Pádua, são sempre enriquecedoras. Fazem-nos avançar em trabalhos de educação ambiental. Já a parceria com Ana Moser, do Instituto Esporte e Educação (IEE), por exemplo, contribui para o aprimoramento das atividades esportivas para educação, inclusão e desenvolvimento integral. Nossa expectativa é que mais parcerias, intercâmbios e sinergias aconteçam com vistas ao aperfeiçoamento das instituições e do Terceiro Setor. Afinal, o objetivo maior daqueles que empreendem socialmente é uma sociedade mais justa e mais sustentável.

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O espaço “Coluna Livre” publica artigos de opinião produzidos por leitores do Portal Aprendiz. O texto “Redes de ONGs como instrumento de debate, troca e fortalecimento da cidadania” foi escrito por Axel Grael, engenheiro florestal e ambientalista, fundador do Instituto Rumo Náutico/Projeto Grael e integrante da Rede Folha de Empreendedores Socioambientais.

Fonte: Portal do Aprendiz

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