Fila para a vistoria de veículos do DETRAN. Para um serviço agendado pela internet e com "hora marcada", tive que ficar quase três horas aguardando sob um sol de quase 40 graus. Foto Axel Grael. |
Hoje, passei por mais de três horas numa fila para fazer a vistoria do meu carro no DETRAN, na cidade de Niterói-RJ. Minha vistoria estava "agendada" para as 10:15 h, mas só consegui ser atendido cerca de duas horas e meia depois. Conclui todo o procedimento três horas e dez minutos após o horário agendado.
Enquanto aguardava intermináveis horas fritando sob o sol escaldante (38 graus no termômetro do carro, mas com sensação de muito mais) ainda tivemos - eu e outros colegas de infortúnio que aguardavam na fila - que enfrentar as investidas de alguns desonestos e desrespeitosos "caras-de-pau" (principalmente motos, mas carros também) que tentavam furar a fila na maior desfaçatez. Não havia qualquer policiamento e a bandalha corria solta.
Curiosamente, ao ultrapassar os portões e chegar às dependências do DETRAN, um funcionário de prancheta na mão, pergunta que para que horas eu estava marcado. No primeiro momento, talvez por estar aliviado após disputar a minha vaga com um dos motoqueiros fura-filas, respondi candidamente ao funcionário: 10:15h". Pouco depois percebi o absurdo da pergunta. Voltei ao sujeito e perguntei: "Por que você queria saber qual hora? Quantas pessoas vocês marcaram para a mesma hora?".
A resposta foi curiosa: "Aqui funciona por ordem de chegada". Ora, se assim procedem, para que nos obrigam ao ingênuo e aparentemente inútil trabalho de agendar a vistoria? E para que querem saber a que horas eu deveria ter sido atendido? A curiosidade soa sem sentido e uma provocação com contornos sádicos...
Após finalmente obter a minha renovação dos meus documentos, tentei falar com alguém responsável pela repartição para expor a minha indignação e tentar ter alguma explicação. Fui informado que não havia ninguém para me atender. Fui embora ainda mais frustrado.
A importância da inspeção ambiental dos veículos
O Rio de Janeiro foi o estado pioneiro do país a implantar a inspeção ambiental dos veículos através do Programa de Inspeção e Manutenção de Veículos em Uso - Programa de I/M, criado em 1997 e operacionalizado por meio de convênio de cooperação técnica entre a Feema e o Detran-RJ.
Fonte: site do INEA |
A medida foi da maior importância e tornou-se referência para o restante do país. Por que é importante? Segundo dados do INEA, cerca de 77% da poluição atmosférica na Região Metropolitana do Rio de Janeiro é proveniente dos veículos automotores, que lançam na atmosfera alguns dos poluentes mais prejudiciais à saúde humana e ao meio ambiente.
Automóveis poluidores são lesivos à saúde e ao meio ambiente, mas também ao orçamento dos seus proprietários. A poluição é causada por problemas de regulagem e de falta de eficiência dos motores, que faz com que estes gastem muito mais combustível do que os automóveis que operam dentro dos padrões. Ou seja, a poluição doi nos pulmões, mas também no bolso.
Na minha segunda gestão como presidente da FEEMA - Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (órgão ambiental estadual do RJ, hoje incorporado ao INEA), de 2007 a 2008, foi aprovado a segunda fase do Programa de I/M (em janeiro de 2008), quando os veículos que poluíam mais do que o permitido pela legislação passaram a ser reprovados.
É natural que, diante do valor que o cidadão é obrigado a desembolsar pelo IPVA e pela taxa de vistoria, além da obrigação de passar pela inspeção anual, faça que a população tenha uma visão antipática do procedimento. Cabe ao governo esclarecer a importância desta obrigação imposta a todos os proprietários de veículos fabricados posteriormente a 1998 e procedê-la de forma eficiente para cumprir os seus objetivos ambientais e a onerar o mínimo possível o cidadão.
Portanto, ver o Programa de I/M sendo prestado de forma tão precária e desrespeitosa para com o cidadão - como vi acontecer hoje - me causa mais ainda mais indignação, pois aumenta o desgaste junto à opinião pública de uma ação e uma política pública da maior importância.
Fica aqui o meu protesto.
Axel Grael
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