O grande assunto do momento é a realização de mais uma Copa do Mundo de futebol. Trata-se do evento esportivo que mais mobiliza as pessoas no mundo inteiro, mais até do que as Olimpíadas, porque futebol é o esporte mais popular do planeta. E isso faz do jogador desse esporte, principalmente aquele que chega a uma seleção nacional, um dos cidadãos mais influentes de seu país.
E, se o país é cinco vezes campeão mundial, imagine a influência que esse jogador pode ter sobre os corações e mentes de outros cidadãos, notadamente daqueles que ocupam cargos públicos.
E se ele se juntar a outros jogadores e atletas campeões, então. Será que não poderia contribuir para melhorar a vida das pessoas? Foi pensando assim que o ex-jogador Raí juntou-se com Ana Moser, Joaquim Cruz, Magic Paula, Lars Grael e outros 50 esportistas, ex-esportistas e pessoas da comunidade esportiva para fundar, em 2006, a ONG Atletas pela Cidadania.
A missão dessa organização é conscientizar, sensibilizar e mobilizar a sociedade no apoio às causas sociais, transformadoras e de interesse nacional, por meio de ações políticas e de comunicação. Além disso, ela procura articular parcerias com diversas organizações da sociedade civil a fim de contribuir com a construção de um modelo de desenvolvimento sustentável para o país. A diretoria é composta por Raí, Ana Moser, Magic Paula, Joaquim Cruz e Lars Grael. Entre os associados encontram-se as estrelas do basquete Hortência, Oscar Schimidt e Pipoka, o piloto Rubens Barrichello, o técnico Dunga, da seleção brasileira de futebol, e seu assistente Jorginho (ambos campeões em 1994), os ídolos Kaká, Leonardo, Rogério Ceni, Cafu, Daniel Alves, Ricardo Gomes, Zetti e Sócrates, o judoca Flávio Canto e Clodoaldo Silva, o nadador recordista em medalhas de ouro nas Paraolimpíadas.
A Atletas pela Cidadania é uma iniciativa inédita no mundo, porque põe o atleta como participante de um processo transformador, muito além da filtantropia. Atualmente, a ONG tem uma causa pela qual vem batalhando arduamente: fazer as empresas que atuam no Brasil cumprir a Lei do Aprendiz. A razão é simples: por meio do cumprimento dessa lei, milhões de jovens podem ter acesso a educação, qualificação profissional e oportunidade de trabalho decente. Em parceria com outras entidades, entre as quais o Instituto Ethos, a Atletas pela Cidadania criou o Placar do Aprendiz, plataforma virtual pela qual é possível monitorar a contratação de aprendizes pelas empresas e informar a sociedade. Ao clicar em http://www.placardoaprendiz.org.br/, ficamos sabendo, por exemplo, que hoje há 183.170 aprendizes contratados, número que corresponde a 23% da meta estabelecida em 2008 pelo próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo ministro do Trabalho, Carlos Lupi.
Na oportunidade, o presidente afirmou que o país teria 800 mil aprendizes contratados até o final de 2010. É importante ressaltar que essa cifra está bem abaixo do número de aprendizes que seriam contratados se as empresas cumprissem a cota mínima exigida por lei – 5% por estabelecimento, taxa calculada sobre o total de empregados cujas funções demandem formação profissional, excluídos os cargos de nível superior, de nível técnico, de gerência ou de confiança. Os cálculos do Ministério do Trabalho apontam um potencial de 1,2 milhão de jovens aprendizes.
A plataforma Placar do Aprendiz traz também orientações às empresas sobre como contratar aprendizes e tem até uma seção onde há links para entidades que oferecem jovens para contratação na condição de aprendizes.
As ações da Atletas pela Cidadania não se restringem ao Placar do Aprendiz. Em 2008, a organização contribuiu para a fundação do Fórum Nacional de Aprendizagem, que também é integrado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), pelas entidades que compõem o Sistema S, pelo Ministério do Trabalho e pelo Instituto Ethos, entre outros participantes. O objetivo desse fórum é tornar-se um espaço privilegiado de discussões sobre temas referentes à Lei do Aprendiz, de modo a facilitar o cumprimento da meta pelas empresas.
No final do ano passado, a Atletas pela Cidadania também ajudou a criar o Fórum Paulista de Aprendizagem. O foco nesse Estado se justifica porque é a unidade federativa que mais potencial tem para contratar aprendizes – 40% das vagas (320 mil) estão em São Paulo. Além disso, representantes da ONG viajaram por vários Estados brasileiros para, em parceria com a Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH) nacional, sensibilizar os responsáveis pela gestão de pessoas nas empresas para a contratação de jovens aprendizes.
O Placar do Aprendiz é a ação mais ampla e intensiva em curso no país em favor de fazer as empresas cumprirem sua responsabilidade social com os jovens, contratando aprendizes. É uma prova de que nossos atletas podem ir muito além de recordes, “pedaladas” e medalhas. Podem exercer uma ação consciente para promover a cidadania e ajudar de fato a construir um país melhor.
Por Cristina Spera e Benjamin S. Gonçalves (Instituto Ethos).
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