A mais tradicional competição da vela internacional - a America’s Cup - finalmente teve a sua 33a edição disputada em Valência, na Espanha. Após 3 anos de muitas disputas nos tribunais, americanos (da equipe BMW-Oracle) e suiços (da equipe Alinghe) quase conseguiram sepultar a mais tradicional e famosa disputa do mundo da vela.
Quando a disputa foi para onde sepre devia ter estado - no mar - conseguimos ver uma regata mas nenhuma emoção: os americanos venceram por 2 x 0.
Para quem teve a oportunidade de assistir a uma America's Cup, como eu tive o privilégio de assistir a disputa na Nova Zelândia (1999/2000), quando meu irmão Torben Grael era o tático do Luna Rossa (da equipe italiana Prada), e viu o que pode ser considerado o melhor da vela mundial, acompanhar o pífio espetáculo desses catamarãs da lamentável disputa atual, acaba por temer pelo futuro da competição.
Tudo bem! Os americanos fizeram de tudo (tudo mesmo) para vencer a atual edição da America's Cup, e reconquistar o troféu que não conseguiam vencer na água desde 1992.
Agora, que pelo menos, agora, tenham a responsabilidade de evitar que uma competição que existe desde 1851, tenha a sua credibilidade resgatada.
Veja, abaixo, o relato da disputa do último dia (14/02/10) nas palavras do sempre bem informado e entusiasmado Murillo Novaes:
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BMWOracle faz 2 a 0, vence a 33ª Copa América, e mundo da Vela espera que a era dos meninos mimados e brigões tenha chegado ao fim.
Apesar de cruzar com a bandeira vermelha de protesto em cima, Bertarelli desiste de mais briga e admite derrota.
Boa tarde!! Foi mais fácil do que parecia.... Hoje até que o Alinghi mostrou alguma força mas deu Larry Ellison, Russell Coutts, James Spithill e companhia. Copa América - Acabou!! Depois de 3 anos de brigas, de incontáveis ações, cargas, apelações, sentenças, audiências e outras palavras mais afeitas ao mundo jurídico do que à nossa vidinha eólica, a 33ª Copa da escuna América chegou a um termo. E na água!!
Assim como em 1988, quando o mundo, perplexo, assistiu a outro “dog fight” (ou DoG Match, Deed of Gift Match, a disputa segundo as regras da escritura de doação que o último tripulante vivo da América fez em 1887) a coisa foi feia. Uma regata em barcos muito diferentes, com pouca emoção, apesar do inegável (e incrível) desenvolvimento tecnológico destas bestas-feras de transformar ar em movimento!
Hoje até que Netuno se compadeceu das milhões de almas bondosas que assistiam à regata por todo o planeta e no primeiro contravento, a despeito da péssima largada dos suíços novamente (não entraram no Box e tomaram uma penalidade), os caras velejaram bonito e chegaram a estar na frente, na moral. Uma pequena vitória do homem sobre a tecnologia... Ou seja, na base do capricho de Loïck Peyron (que tirou o patrão Bertarelli do leme e se tornou o primeiro francês da história a timonear em um match da copa mais antiga do esporte planetário) e principalmente do tático Brad Butterworth que viu a direita pagando, foi para lá e fez o cat suíço velejar 12 das 13 milhas da perna à frente dos americanos. Mas, no final, outro pequeno vacilo no layline e o Oracle (que deu a sorte da última rondada ser para a esquerda) passou 28 segundos à frente. Daí em diante foi o costumeiro show da maior asa já produzida no planeta (68m e mais lift que a de um A380 carregado): mais de 2km de liderança e velocidades de até 34 nós em 8 nós de vento... É mole??
Com isso os americanos, que detiveram por 132 anos a copa, vencem novamente. Desde 1992 os ianques não tinha o privilégio!! E Ernesto Bertarelli, que disse que Larry Ellison não queria ir para a água, porque lá perderia, teve que engolir suas palavras. Foi na água e não nas cortes de NY que o barco americano mostrou uma superioridade incrível neste match de projetistas geniais, idéias ousadas e bolsos sem fundo.
Dois matchs, 2 a 0, 10m e 5s de diferença na primeira, 5m e 26s de delta na segunda. A copa da escuna que tinha o nome de um país em 1851, volta para casa: a América!!!
Estamos ligados!! Volto com mais infos depois..
Fui...
Murillo Novaes
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