Truda, baleias e arpões
Nessa semana, os cariocas foram brindados pela comovente visita de uma família de baleias que passeou garbosamente pelas praias da Zona Sul do Rio. Acho que elas queriam nos avisar de algo. No dia seguinte, tomei conhecimento pelo próprio ambientalista José Truda Palazzo Júnior sobre a violência que ele e sua família sofreram recentemente. Sua casa foi invadida e ele foi agredido na frente da esposa e filhas. Truda, gaúcho, mas residente em Santa Catarina, é um ambientalista histórico, tendo iniciado a sua militância em 1978, ainda aos 15 anos, ao lado do gaúcho José Lutzemberger. No ano seguinte, conheceu o almirante Ibsen Gusmão Câmara, um dos maiores nomes do ambientalismo brasileiro, que o motivou a dedicar-se à vitoriosa campanha pela proibição da caça à baleia no Brasil. Em 1982, foi um dos fundadores do Projeto Baleia Franca, cujo sucesso tem tornado espetáculos como esse que os cariocas usufruíram, cada vez mais possíveis. Desde 1984, o ambientalista é delegado brasileiro na IWC, o comitê internacional sobre baleias. Truda é uma pessoa surpreendente. Apesar de não ter formação superior na área, é respeitado internacionalmente como uma das referências em conservação, com vários trabalhos publicados em importantes veículos acadêmicos. Possui temperamento forte, explosivo, o que contrasta com a sua profissão de jardineiro, atividade onde também possui livros publicados. Por mais justa que seja a sua causa, a luta intransigente e aguerrida do ambientalista fere muitos interesses. Preocupados com a sua segurança, amigos pedem a providências às autoridades locais. Em minha mensagem a ele digo: “que você nunca deixe de perseverar na luta, mas, além de proteger as baleias, preserve com a mesma competência a você e a sua família”. Brasileiros, sejam eles humanos ou cetáceos, precisam de Truda sempre ativo na sua luta.
Publicado na Coluna Rumo Náutico, Jornal O Fluminense (http://www.ofluminense.com.br/), 01/08/09
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Precisamos de mais pessoas determinadas e conscientes para poder fazer valer as leis existentes e introjetar no cotidiano das pessoas a consciência ambiental. Precisamos entender que sem a natureza não sobreviveremos.
ResponderExcluirhttp://religarecafe.blogspot.com
Oi Axel,
ResponderExcluira foto do blog está linda, mas precisa de um pouquinho de contraste no texto para dar leitura.
Sobre o Truda, vc sabe que trabalho atualmente com o Freixo, ameaçado pelas milícias do Rio, penso que a melhor forma de protegê-lo é dar visibilidade ao seu trabalho. Colocá-lo falando no Youtube, nos sites ambientalistas, nas escolas, fazer ele ser um defunto muito caro. Lidamos com estas ameaças há muitos e muitos anos, nesta e em outras áreas, né? Visibilidade é a maior proteção e, claro, ação coletiva e o mais segura possível. Beijos.
Agora vi que vc mudou a cor do texto. Legal, perfeito. bjs
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