Mais uma emblemática bandeira ambientalista do Rio de Janeiro caminha para a solução. Um dos mais espetaculares cenários cariocas, a Lagoa Rodrigo de Freitas, sofreu um processo histórico de degradação, com um drástico aterro das suas margens, a poluição e o assoreamento. As mortandades de peixes, que já eram manchetes de jornais na década de 1930, foram se tornando cada vez mais freqüentes. Em 1986, a indignação com a crescente poluição reuniu mais de 30 mil pessoas ambientalistas num inesquecível “Abraço à Lagoa”. Nessa semana, o Governo do Estado inaugurou mais uma Elevatória de Esgoto do sistema sanitário que protege a Lagoa Rodrigo de Freitas, ocasião em que o governador Sergio Cabral e autoridades sanitárias e ambientais anunciaram os ótimos índices ambientais da Lagoa, o que é de fato uma excelente notícia. Quantas vezes, como presidente da Feema, enfrentamos essas emergências, a pressão da imprensa, o conflito político e a ira da população diante das recorrentes mortandades de peixes que lá se verificavam. O problema era a poluição acarretada pelo esgoto, que roubava o oxigênio que faltava aos peixes, causando a morte das espécies mais sensíveis. Além da desoladora cena dos cardumes agonizantes, está vivo na lembrança do carioca o constrangedor “bate-boca” público entre o Estado e o Município do Rio de Janeiro, sobre de quem era a culpa do problema. Na verdade, o problema era de todos. A Cedae era a grande vilã. Gerenciava um sistema sanitário em colapso e omitia sistematicamente informações, inclusive dos órgãos ambientais. A prefeitura, por sua vez, também tinha muita culpa, pois não conseguia evitar as ligações clandestinas de esgoto nas redes pluviais e por ter permitido o adensamento populacional da região, sem que houvesse um sistema de esgotos que o suportasse. O auge do problema foi em 1999, quando houve o rompimento do Emissário Submarino de Ipanema, expondo o caos sanitário que a Zona Sul do Rio vivia. Em pleno verão, as praias da Zona Sul tiveram que ser interditadas. Os problemas só começaram a ser superados a partir do ano 2000, quando gradativamente adotou-se uma agenda positiva para o salvamento da lagoa e os tão esperados investimentos na recuperação da rede sanitária local começaram a ser implementados pelo Estado e os resultados têm sido muito bons. Motivados pelo sucesso carioca, não custa para nós, niteroienses, sonharmos com a Lagoa de Piratininga também despoluída. Mas, aí, ainda falta muito.
Publicado na Coluna Rumo Náutico, de Axel Grael, Jornal O Fluminense, 22/08/09
Olá, querido Axel Grael.
ResponderExcluirGostei de tudo o que li aqui em seu Blog, viu!
Quanto mais te conheço, mais te admiro!
Beijos em sua alma!
Vânia Silveira.